domingo, 30 de março de 2008

UMBANDA / SESSÕES & MÉDIUNS E POLÊMICAS




Sessões:


O culto nos terreiros é dividido em sessões de desenvolvimento e de consulta, e essas, são subdivididas em giras.
Nas sessões de consulta, onde comumente podemos encontrar Pretos-Velhos, Caboclos, Ciganos... As pessoas conversam com as entidades a fim de obter ajuda e conselhos para suas vidas, curas, descarregos, e para resolver problemas espirituais diversos. As ocorrências mais comuns nessas sessões são o "passe" e o
descarrego.
No
passe, a entidade reorganiza o campo energético astral da pessoa, energizando-a e retirando toda a parte fluídica negativa que nela possa estar. O descarrego é feito com o auxílio de um médium, o qual irá captar a energia negativa da pessoa e a transferir para os assentamentos ou fundamentos do terreiro que contém elementos dissipadores dessas energias. Também a entidade faz com que essa energia seja deslocada para o astral. Caso seja um obsessor, o espírito obsediador é retirado e encaminhado para tratamento ou para um lugar mais adequado no astral inferior caso ele não aceite a luz que lhe é dada. Nesses casos pode ser necessária a presença de um ou mais Exus (um gênero de espírito desencarnado) para auxiliar a desobsessão.
Os dias de Consulta e/ou Desenvolvimento podem variar de casa para casa, de Linha Doutrinária para Linha Doutrinária. Nos dias de consulta há o atendimento da assistência e nos dias de desenvolvimento há as giras médiunicas, que são fechadas à assistência, onde os sacerdotes educam e ensinam os mecanismos próprios da mediunidade.




Médiuns na Umbanda:


Médium é toda pessoa que, segundo a Umbanda, tem a qualidade de se comunicar com entidades desencarnadas ou espíritos, seja pela mecânica da incorporação, pela vidência (ver), pela audiência (ouvir) ou pela psicografia (escrever movido pelos espíritos).
A Umbanda crê que o médium tem a responsabilidade e o compromisso de servir como um instrumento de guias ou entidades espirituais superiores. Para tanto, deve se preparar através do estudo, desenvolvendo a sua mediunidade, sempre prezando a elevação moral e espiritual, a aprendizagem conceitual e prática da Umbanda, respeitar os guias e Orixás; ter assiduidade e compromisso com sua casa, ter caridade em seu coração, amor e fé em sua mente e espírito, e saber que a Umbanda é uma prática que deve ser vivenciada no dia-a-dia, e não apenas no terreiro.
Uma das regras básicas da umbanda é que a mediunidade não deve ser vista ou vivenciada vaidosamente como um dom ou poder maior concedido ao médium, segundo os umbandistas, mas sim como um compromisso e uma oportunidade que lhe foi dada para resgate kármico e expiação de faltas pregressas antes mesmo da pessoa reencarnar. Por isso não deve ser encarada como um fardo ou como uma forma de ganhar dinheiro, mas como uma oportunidade valiosa para praticar o bem e a caridade.
Existe médiuns que acabam distorcendo o verdadeiro papel que lhes foi dado, e se envaidecem, agindo de forma leviana em suas vidas. O médium deve tangir sua vida como sendo um mensageiro de Deus, dos
Orixás e Guias. Ter um comportamento moral e profissional dígnos, ser honesto e íntegro em suas atitudes, pois do contrário acaba atraindo forças negativas, obsessores ou espíritos revoltados que vagam pelo mundo espiritual atrás de encarnados desequilibrados que estejam na mesma faixa vibracional que eles. Por isso, desenvolver a mediunidade é um processo que deve ser encarado de forma séria e regido através de um profundo estudo da religião, e seguido por conceitos morais e éticos. Ser orientado e iniciado por uma casa que pratica o bem é essencial.
As pessoas que são médiuns devem levar sempre a sério sua missão, ter muito amor e dar valor ao que fazem, tendo sempre boa-vontade nos trabalhos de seu terreiro e na vida diária.
O médium deve tomar, sempre que necessário, os banhos de descarrego adequados aos seus Orixás e Guias, estar pontualmente no terreiro com sua roupa sempre limpa, conversar sempre com o chefe espiritual do terreiro quando estiver com alguma dúvida, problema espiritual ou material.
Sobre o estudo da mediunidade e do médium, pode-se utilizar como fonte para estudos a relação que existe abaixo, no ítem "Literatura Umbandista". Alguns terreiros utilizam-se das obras Espíritas (codificadas por Allan Kardec), mas a maioria segue as orientações da literatura umbandista que é prolífica nas discussões teóricas e nas orientações práticas. Há livros umbandistas a partir da
década de 1930.




POLÊMICAS NA UMBANDA:


Existem várias ramificações dentro da Religião de Umbanda. A Linha Branca não se utiliza de Sacrifícios de Animais. Mas existem outras ramificações, de fundamentação africanista (não confundir com Candomblé) que adotam essa prática ritual. Na linha "Almas e Angola", durante o ritual de camarinha, é feito o corte de aves como forma de criar o vínculo entre o filho de santo e os orixás.

[editar] Uso de bebidas alcoólicas
Também encontramos terreiros dos seguintes tipos:
Os que as entidades incorporadas não usam bebidas (muitas vezes por questão do próprio médium não estar preparado para este tipo de trabalho com bebida) criando uma espécie de tabu;
Os que elas bebem durante os trabalhos (tanto os que fazem o uso correto deste elemento, como os que abusam disso sem necessidade);
Os que usam bebida em situações mais veladas (existindo um certo rigor quanto a sua utilização, buscando coibir abusos de médiuns ainda em preparação).
Toda essa controvérsia é gerada pelo uso que as pessoas fazem das bebidas alcoólicas na vida diária, muitas vezes caindo no vício do alcoolismo, trazendo consequências graves para sua vida material e espiritual.
Ocorre que médiuns predispostos ao vício podem, ao invés de atrairem espíritos de luz, afinizarem-se com espíritos de viciados que já morreram. Note que o álcool é um elemento usado na magia para trabalhos para o bem, mas abusos nunca são tolerados e exibicionismo não são sinais de incorporações de luz.
Existem casas que, por ordem do mentor espiritual, nunca usaram ou deixaram de utilizar o fumo, assim como a bebida alcoólica, sem que por isso, tivessem qualquer problema com as entidades que por ventura, utilizavam esses elementos, pois os espíritos podem se adaptar e mudar a forma de trabalhar de acordo com o fundamento de cada instituição.


Na Umbanda, os médiuns usam normalmente como paramentos apenas roupas brancas, podendo estar os pés descalços, representando a simplicidade e a humildade. Mas há Umbandas que também utilizam roupas com as cores de cada linha. Por exemplo, em giras de Ogum se utiliza camisas ou batas vermelhas e calças e saias brancas. Nas giras de esquerda as roupas são pretas, sendo que as filhas de santo podem se vestir de vermelho e preto.
Pode ocorrer, por exemplo, que uma entidade de Preta-velha solicite uma saia ou um lenço para amarrar os cabelos; isso visa a proporcionar que o médium se pareça mais com a entidade que está incorporando. Também há os apetrechos dos guias. Por exemplo, os Caboclos costumam utilizar cocares, alguns utilizam machadinhas de pedra, chocalhos etc.
Uma outra visão sobre os paramentos e apetrechos materiais utilizados pelos médiuns é de que são usados pelos espíritos como condensadores de energia: um modo de concentrar a energia e depois enviá-la, se positiva, ou dissipá-la no elemento apropriado, quando negativa.

UMBANDA/ ORIGENS, CONCEITOS.




UMBANDA/ ORIGEM/CONCEITOS.





A palavra Umbanda é um vocábulo sagrado da língua Abanheenga, que era falada pelos integrantes do tronco Tupy. Diferentemente do que alguns acreditam, este termo não foi trazido da África pelos escravos. Na verdade, encontram-se registros de sua utilização apenas depois de 1934, entre os cultos de origem afro-ameríndia. Antes disto, somente alguns radicais eram reconhecidos na Ásia e África, porém sem a conotação de um Sistema de Conhecimento baseado na apreensão sintética da Filosofia, da Ciência, da Arte e da Religião.
O termo Umbanda, considerado a "Palavra Perdida" de Agartha, foi revelado por Espíritos integrantes da Confraria dos Espíritos Ancestrais. Estes espíritos são Seres que há muito
não encarnam por terem atingido um
alto grau de evolução, mas dignam-se em baixar nos templos de Umbanda para trazer a Luz do Conhecimento, em nome de Oxalá - O Cristo Jesus. Utilizam-se da mediunidade de encarnados previamente comprometidos em servir de veículos para sua manifestação.
Os radicais que compõem o mote UMBANDA são, respectivamente: AUM - BAN - DAN. Sua tradução pode ser ncomprovada através do alfabeto Adâmico ou Vattânico revelado ao Ocidente pelo Marquês Alexandre Saint-Yves d'Alveydre, na sua obra "O ARQUEÔMETRO"


-AUM significa "A DIVINDADE SUPREMA",


-BAN significa "CONJUNTO OU SISTEMA",


-DAN significa "REGRA OU LEI",


-A UNIÃO destes princípios radicais, ou AUMBANDAN, significa "O CONJUNTO DAS LEIS DIVINAS".


Portanto, o AUMBANDAN ou CONJUNTO DAS LEIS DIVINAS é a PROTO-SÍNTESE CÓSMICA, encerra em si os princípios geradores do Universo, que são a SABEDORIA e o AMOR DIVINOS. Estende-se ao Ser Humano como a PROTO-SÍNTESE RELIGIO-CIENTÍFICA que contem e dá origem aos quatro pilares do conhecimento humano, ditos como FILOSOFIA, CIÊNCIA, ARTE E RELIGIÃO.
Pelo acima exposto, entendemos que a Umbanda é patrimônio dos Seres Espirituais de Alta Evolução que governam o Planeta Terra, os Seres Humanos encarnados e desencarnados são herdeiros deste Conhecimento-Uno. Entretanto, a aquisição deste conhecimento cósmico depende de condições ou pré-requisitos que o indivíduo deve possuir para que possa compreender a extensão e significado deste patrimônio. Deve ser, também, capaz de participar efetivamente da marcha evolutiva do Planeta como um espírito de horizontes largos e consciência cósmica.


Ao processo de amplificação da consciência que conduz à integração do Ser neste contexto denomina-se Processo Iniciático ou Iniciação, no qual o pretendente busca o início das Causas e Origens do nosso Universo a partir do conhecimento de si mesmo e das Leis que regem o Macrocosmo.
O Movimento Umbandista é um Movimento Filo-Religioso que visa resgatar o CONHECIMENTO - UNO ou AUMBANDAN, sua divulgação é estimulada pelo CÍRCULO CÓSMICO DE UMBANDA e seus aspectos internos ou iniciáticos tem suas raizes fundadas na ORDEM INICIÁTICA DO CRUZEIRO DIVINO, um Templo-Escola da Alta Iniciação de Umbanda.


fONTES: UTILIZO COMO BASE EM MEUS FUNDAMENTOS, OBRAS DE RIBAS NETO E MATTA eSILVA, QUANDO DIVULGO A UMBANDA ESOTÉRICA.


Origem da palavra Umbanda(forma tradicional ou popular):


Na Africa em terras bantas, muito antes de chegada do branco, já existia o culto aos ancestrais (chamados depois no Brasil "guias"). Também era conhecida a palavra "mbanda" (umbanda) significando "a arte de curar" ou "o culto pelo qual o sacerdote curava", sendo que mbanda quer dizer "O Além - onde moram os espíritos". Os sacerdotes da umbanda eram conhecidos como "kimbandas" (ki-mbanda = comunicador com o Além).


A palavra Umbanda é um vocábulo sagrado da língua Abanheenga, que era falada pelos integrantes do tronco Tupy. Diferentemente do que alguns acreditam, este termo não foi trazido da África pelos escravos. Na verdade, encontram-se registros de sua utilização apenas depois de 1934, entre os cultos de origem afro-ameríndia. Antes disto, somente alguns radicais eram reconhecidos na Ásia e África, porém sem a conotação de um Sistema de Conhecimento baseado na apreensão sintética da Filosofia, da Ciência, da Arte e da Religião.


O termo Umbanda, considerado a "Palavra Perdida" de Agartha, foi revelado por Espíritos integrantes da Confraria dos Espíritos Ancestrais. Estes espíritos são Seres que há muito não encarnam por terem atingido um alto grau de evolução, mas dignam-se em baixar nos templos de Umbanda para trazer a Luz do Conhecimento, em nome de Oxalá - O Cristo Jesus. Utilizam-se da mediunidade de encarnados previamente comprometidos em servir de veículos para sua manifestação.


Sincretismo:


As raízes da Umbanda são difusas. Existem diversas ramificações onde podemos encontrar influências indígenas (Umbanda de Caboclo), Africanas (Umbanda Omolokô, Umbandomblé, Umbanda traçada) e diversas outras de cunho esotérico (Umbanda Esotérica, Umbanda Iniciática). Existe também a "Umbanda popular", onde encontraremos um pouco de cada coisa ou um cadinho de cada ancestralidade, onde o sincretismo (associação de Santos Católicos aos Orixás Africanos, é muito comum).
Não existe uma fonte única que reflita a origem da Umbanda. Cada vertente tem suas origens e história. Mais recentemente, década de 70, aceitou-se que
Zélio Fernandino de Moraes teria sido o anunciador da Umbanda atraves do Caboclo das Sete Encruzilhadas - 1908) em determinados moldes, fazendo com que ela pudesse ser institucionalizada como religião. Porém, o trabalho dos guias (pretos velhos, caboclos, crianças, exus etc) é bem anterior a Zélio.
Mantém-se na Umbanda o sincretismo religioso com o catolicismo e seus santos, assim como no antigo Candomblé dos escravos, por uma questão de tradição, pois antigamente fazia-se necessário como uma forma de tornar aceito o culto afro-brasileiro sem que fosse visto como algo estranho e desconhecido, e, portanto, perseguido e combatido.
Alguns exemplos:
Ogum - São Jorge;
Oxóssi - São Sebastião;
Xângo - São João/São Pedro;
Iemanjá - NªSª dos Navegantes;
Oxum - Nossa Senhora da Aparecida;
Iansã - Santa Bárbara;
Omolu - São Lázaro.


Fundamentos da Umbanda:


Os fundamentos da Umbanda variam conforme a vertente que a pratique.
Existem alguns conceitos básicos que são encontrados na maioria das casas e assim podem, com certa ressalva e cuidado, ser generalizados para todas as formas de Umbanda. São eles:
A existência de uma fonte criadora universal, um Deus supremo, chamado Olorum ou Zambi;
A obediência aos ensinamentos básicos dos valores humanos, como: fraternidade, caridade e respeito ao próximo. Sendo a caridade uma máxima encontrada em todas as manifestações existentes;
O culto aos Orixás como manifestações divinas, em que cada Orixá controla e se confunde com um elemento da natureza do planeta ou da própria personalidade humana, em suas necessidades e construções de vida e sobrevivência;
A manifestação dos Guias para exercer o trabalho espiritual incorporado em seus médiuns ou "cavalos";
O mediunismo como forma de contato entre o mundo físico e o espiritual, manifesta de diferentes formas;
Uma doutrina, uma regra, uma conduta moral e espiritual que é seguida em cada casa de forma variada e diferenciada, mas que existe para nortear os trabalhos de cada terreiro;
A crença na imortalidade da alma;
A Crença na reencarnação e nas leis cármicas.


Deus, em sua benevolência e em sua força emana de si e através dos Orixás e dos Guias (espíritos desencarnados) seu Amor, auxiliando os homens em sua caminhada para a elevação espiritual e intelectual



Orixás:


Na Umbanda os Orixás são energias, forças da natureza que estão presentes em todos os lugares, influenciando as pessoas e irradiando energias que mantém o equilíbrio natural dos elementos em relação ao universo.
Uma interpretação mais objetiva coloca os Orixás como energias emanadas da divindade, como subdivisões da unidade perfeita de Deus e não, como muitos pensam, como espíritos que progrediram muito espiritualmente, não necessitando mais do processo reencarnatório, e que para darem continuidade no seu progresso espiritual possuem como missão organizar e orientar uma rede de espíritos com menos progresso espiritual do que eles, ajudando-os a progredirem espiritualmente. Estes espíritos são, na verdade, os guias espirituais.
Cada pessoa está ligada a um desses Orixás e suas características são encontradas em seus filhos, seja na forma física ou ,mais evidente, nas características psicológicas e comportamentais a qual a pessoa está relacionada.
Os elementos nos quais se manifestam os Orixás cultuados na Umbanda são:
Oxalá Onipresente, Ogum estradas e campinas, Oxóssi nas matas, Xangô pedreiras, Oxum cachoeiras, Iansã ventos e tempestades, Iemanjá no mar, Obaluaiê na terra, Nanã nas águas paradas e da lama dos fundos dos rios e lagos, além da água das chuvas.


Indígena, Africana, Católica, Espírita, outras. A Umbanda é uma junção de elementos Africanos (Orixás e culto aos antepassados), Indígenas (culto aos antepassados e elementos da natureza), Catolicismo (o europeu, que trouxe o cristianismo e seus santos que foram sincretizados pelos Negros Africanos), Espiritismo(fundamentos espíritas, reencarnação, leis de causa e efeito, progresso espiritual etc).
A Umbanda prega a existência pacífica e o respeito ao ser humano, a natureza e a Deus. Respeitando todas as manifestações de fé, independentes da religião. Em decorrência de suas raízes, a Umbanda tem um caráter eminentemente pluralista, compreende a diversidade e valoriza a diferenças. Não há dogmas ou liturgia universalmente adotadas entre os praticantes, o que permite uma ampla liberdade de manifestação da crença e diversas formas válidas de culto.
A máxima dentro da Umbanda é "Dê de graça, o que de graça recebestes: com amor, humildade,
caridade e fé".


Umbanda tem como lugar de culto o templo, terreiro ou Centro, que é o local onde os Umbandistas se encontram para realização do culto aos Orixás e dos seus guias, que na Umbanda se denominam giras.
O chefe do culto no Centro é o Sacerdote ou Sacerdotisa (pode ser também a Bá [o Babá], Diretor(a) de culto, Mestre(a), ou também
Pai-de-santo ou Mãe-de-santo, sempre dependendo da forma escolhida por cada casa). São os médiuns mais experientes e com maior conhecimento, normalmente fundadores do terreiro. São quem coordenam as sessões/giras e que irão incorporar o guia-chefe, que comandará a espiritualidade e a materialidade durante os trabalhos.
Como uma religião espíritualista, a ligação entre os encarnados e os desencarnados se faz por meio dos médiuns. Na Umbanda existem várias classes de médiuns, de acordo com o tipo de mediunidade. Normalmente há os médiuns de incorporação, que irão "emprestar" seus corpos para os guias e para os Orixás.
Há também os atabaqueiros, que transmitem a vibração da espiritualidade superior por via dos atabaques, criando um campo energético favorável à atração de determinados espíritos, sendo muitas vezes responsáveis pela harmonia da gira. Há os Corimbas, que são os que comandam os cânticos e as cambonas que são encarregadas de atender as entidades, provisionando todo o material necessário para a realização dos trabalhos.
Embora caiba ao sacerdote ou à sacerdotiza responsável o comando vibratório do rito, grande importância é dada à cooperação, ao trabalho coletivo de toda a corrente mediúnica.
Segundo a Umbanda, as entidades que são incorporadas pelos médiuns podem ser divididas entre:
Guias e protetores:
Linhas de direita(guias iluminados):
Pretos-VelhosPretas-Velhas, Caboclos, Boiadeiros, Mineiros, Crianças(Cosme e Damião), Marinheiros na linha do mar, Ciganos, Baianos Orientais e as Linhas de esquerda (espíritos guardiões): ExusPomba-giras e Malandros.

sábado, 29 de março de 2008

MEDIUNIDADE /INTUIÇÃO


INTUIÇÃO:


Intuição, em filosofia, é o nome dado ao processo de apreensão racional não-discursiva de um fenômeno ou de uma relação. Se a razão discursiva se caracteriza por um processo paulatino que culmina numa conclusão, a intuição é compreensão directa, imediata de algo.

Não é fácil conceituar a intuição. Se perscrutarmos os dicionários, encontraremos algo do tipo: a intuição é o ato de ver, perceber, discernir, pressentir. Fica-nos, então, aquela impressão de que a intuição é o ato de ver algum objeto ou fenômeno de maneira diferente daquela normalmente vista pela maioria das pessoas que olham para esse objeto ou fenômeno. Por exemplo: bilhões de pessoas, no decorrer de milhares de anos, já devem ter se deparado com um cenário, ao cair da tarde, onde, por trás de uma macieira repleta de frutos suspensos por pedúnculos, visualiza-se a Lua, fixa no firmamento.

Quantos viram algo além de maçãs e da Lua? Pois é bem possível que num cenário como este e em seu sítio, em Woolsthorpe, o jovem Isaac Newton, com apenas 24 anos de idade, tenha visualizado, além de maçãs e da Lua, a inércia retilínea e a atração entre corpos com massa. Entre a visão normal, ou o ato puro e simples de olhar, e a visão sofisticada, qual seja, o ato de ver, de perceber, de discernir, de pressentir, reside o segredo da intuição, também descrita como a contemplação pela qual se atinge a verdade por meio não racional . Vamos, então, trabalhar um pouco mais este conceito no sentido de esclarecer o que aqui entendemos por verdade e por que o processo intuitivo seria não racional.
O cientista é, diferentemente dos outros, um homem que procura pela verdade e que, portanto, assume a existência dessa verdade. Nessa procura, admite como certo o que poderíamos chamar de verdade provisória. Digamos, então, que esta última seja o que consideramos como verdade científica, e o que a distingue das demais verdades provisórias, encontradas pelos que não são cientistas, seria o seu acoplamento ao método científico ou à experimentação. Para resumir, poderíamos dizer que a verdade científica é uma verdade provisória tomada por empréstimo da natureza e da forma como ela aparenta ser
. As hipóteses e conjecturas científicas assumem, com freqüência, esse papel de verdades científicas.

Digamos, então, que o primeiro passo, mas não o único e/ou o derradeiro, para chegarmos às verdades científicas seria a contemplação da natureza.
A não racionalidade, atribuída à intuição, retrata o seu caráter essencial, mas não engloba, propriamente, todo o processo intuitivo. Digamos que se refere ao insight ou estalo ou, ainda, à percepção de alguma coisa estranha, não notada nas outras vezes em que se observou o mesmo objeto ou fenômeno.

É óbvio que esta percepção, ao ser trabalhada racionalmente, poderá vir a se constituir numa conjectura ou hipótese. No entanto, mesmo antes de formularmos uma conjectura ou hipótese, já estamos frente a algo a que podemos associar o conceito de verdade provisória. Existe um conceito popular a dizer: Gato escaldado tem medo de água fria. Seria isto equivalente a admitir que o gato raciocina? Seria isto coerente com a afirmação de que o gato formula hipóteses (a água queima) e as generaliza (as próximas águas queimarão)? Provavelmente não! Podemos, pelo exemplo, simplesmente inferir que o gato está dotado de uma intuição primitiva e da capacidade de memorizar fatos e, em conseqüência disso, em condições de aprender por um meio não racional.
Se a ciência experimental começa pela intuição, poderíamos concluir que o intuitivismo é a base fundamental de todos os conhecimentos humanos oriundos das ciências empíricas.

É importante não confundir intuitivismo com intuicionismo. Este último relaciona-se à doutrina que faz da intuição o instrumento próprio do conhecimento da verdade: ver para crer. Mesmo porque o cientista parte da contemplação do que realmente existe, e interpreta esta verdade seguindo um raciocínio lógico aprisionado ao método científico. O cientista, então, parte da verdade (intuitivismo) e procura por novas verdades científicas por meio da construção e da corroboração de teorias.

Afirmar que a ciência começa pela intuição é, portanto, bem diferente de dizer que a ciência começa pela observação. Críticas a este segundo posicionamento podem ser encontradas no livro de Chalmers 5 e o contraste entre as duas posições está relatado no artigo, já citado, que escrevi sobre o método científico.
É comum contemplarmos a natureza por vias indiretas. Newton, por exemplo, conhecedor da inércia circular de Galileu, viu a Lua em movimento e deve ter associado este movimento à desnecessidade de um pedúnculo para que a Lua permanecesse a uma distância fixa da Terra, o que não acontecia com as maçãs. Ou seja, Newton contemplou a natureza com conhecimentos adquiridos em seus estudos, o que é diferente de observar um fenômeno sem conhecimento algum.
Einstein, por outro lado, contemplou a natureza utilizando-se unicamente da imaginação e de seus conhecimentos prévios, deixando a observação momentaneamente de lado.

Seus conhecimentos sobre eletromagnetismo, aos quinze anos de idade, relacionavam-se a brincadeiras com uma bússola ganha na infância e ao que pôde aprender no segundo grau a respeito do eletromagnetismo vigente na época. Certamente ouviu falar sobre a experiência de Oersted, em que a bússola sofre uma deflexão ao ser colocada nas vizinhanças de um fio conduzindo uma corrente elétrica.

A teoria de Maxwell explicava o fenômeno afirmando que o campo elétrico gerado por cargas em movimento (corrente elétrica) manifestar-se-ia em objetos em repouso (no caso, a bússola) como um campo magnético; daí a deflexão sofrida pela bússola. De alguma maneira, parte do campo elétrico transformava-se em magnético em virtude do movimento. Por um mecanismo do mesmo tipo, pelo menos em sua origem, a teoria de Maxwell explicava também o caráter eletromagnético da luz: campos elétricos e magnéticos iriam se alternando à medida que a luz se propagasse.

Em essência, foram essas as referências utilizadas pelo jovem Einstein para construir o cenário onde visualizou o nascimento de sua teoria da relatividade. Ele simplesmente imaginou estar lado a lado com uma onda eletromagnética. E percebeu que, a ser verdadeira a teoria de Maxwell, neste cenário construído os campos elétrico e magnético estariam em repouso. Como explicar, neste repouso, a alternância entre os campos elétrico e magnético? Como explicar a coerência da teoria de Maxwell frente ao que lhe pareceu ser um absurdo? A saída encontrada foi conjeturar sobre a impossibilidade em se acompanhar uma onda eletromagnética. Daí, para afirmar que a constante c, inerente às equações do eletromagnetismo, é universal e independente do referencial utilizado, ele se valeu de um trabalho de refinamento de sua conclusão primeira, o que foi possível graças a seus conhecimentos sobre a teoria de Maxwell bem como à sua tentativa de compatibilizá-la com a relatividade de Galileu; este trabalho foi concluído por Einstein aos 25 anos de idade e publicado sob o título de Sobre a eletrodinâmica dos corpos em movimento.

MEDIUNIDADE / EFEITOS FÍSICOS



EM TEMPO:




PARA AS MINHAS PESQUISAS SOBRE O TEMA ESPIRITiSMO E MEDIUNIDADE, SEMPRE BUSCO COMO FONTE DE INFORMAÇÕES O VELHO MESTRE (ALLAN KARDEC). AO QUAL, EU LHE DEVO MUITO PELO APRENDIZADO, EQUILIBRIO E INÍCIO NOS MEIOS ESPIRITUAIS.






Efeitos Físicos:





A questão sobre se os Espíritos podem ou não interferir no mundo material sempre levantou muita polêmica nos meios religiosos. Para opinar favorável a essa interferência, o Espiritismo reuniu em seus postulados uma série de estudos e comprovações que apóiam essa tese. Como demonstra a Doutrina Espírita, os Espíritos nada mais são do que pessoas como nós (chamadas de encarnadas, por estarem durante a encarnação), que, depois de passarem pela morte do corpo físico, continuam vivas no plano espiritual (passando a serem chamadas de desencarnadas, pois seus espíritos vivem agora sem o corpo físico).




Encontram-se, então, na verdadeira vida, como disse Jesus. É um lugar muito parecido com o lado material, no entanto, com características próprias, que perfazem regiões piores ou muito melhores do que as existentes na Terra.
Embora vivam num mundo semelhante ao material, os Espíritos, encontrando-se no lado espiritual, não têm acesso direto na matéria. Falta-lhes a parte física. Sem ela, é impossível que os Espíritos consigam se manifestar visivelmente entre nós. Para que isso possa acontecer, é necessário haver uma ligação entre os dois planos.


É então que aparece a figura do médium, ou seja, a pessoa que tem condições de sentir ostensivamente a presença dos Espíritos e transmiti-la. Ressalta-se que o bom médium é aquele que permite ou não a manifestação do Espírito através de sua faculdade mediúnica, tendo total controle sobre ela.
Existem vários tipos de médiuns. Entre eles, os escreventes ou psicógrafos, como é o caso do mineiro Chico Xavier. Podemos dizer que sob a influência mental dos Espíritos, o médium "empresta" sua mão para a entidade, que então passa a escrever mensagens, livros e outros. Há também os chamados médiuns falantes, como o orador espírita, Divaldo Pereira Franco. Influenciado pelos Bons Espíritos, empresta a sua condição de falar para que o mundo espiritual possa deixar sua mensagem de orientação, conforto e paz.
Outro tipo de mediunidade é a chamada de efeitos físicos.


É a que mais diz respeito ao tema aqui tratado. São médiuns que, dotados de uma condição especial, doam um certo tipo de fluido aos Espíritos (denominado fluido magnético). Esse tipo de fluido somente as pessoas encarnadas possuem. Diferentemente das outras categorias de médiuns, que têm controle sobre suas faculdades, o médium de efeitos físicos não têm como controlar sua doação de fluidos para o mundo espiritual.


A transmissão fluídica acontece instantaneamente e, na maioria das vezes, o médium não percebe que está doando o fluido magnético. Através deste fluido, que tem dupla natureza, ou seja, atua tanto no plano espiritual como no material, o Espírito tem condições de manifestar-se diretamente na matéria. Alguns cientistas chamam este fluido de ectoplasma.
Os espíritos só conseguem mover objetos, provocar ruídos ou ficarem visíveis aos encarnados quando estão de posse desse fluido magnético. Para tanto, é necessário que haja por perto da manifestação algum médium de efeitos físicos. Ele não precisa estar no local exato em que ocorra o fenômeno, mas precisamente estará nas redondezas.


Os Espíritos podem perceber aqueles que têm essa condição de doadores, aproveitando-se disso. Porém, esses médiuns são raros, o que dificulta a ocorrência dos efeitos físicos.
Além dessa raridade, toda interferência espiritual no mundo físico é controlada pelos Espíritos Superiores. Geralmente, salvo casos excepcionais, são Espíritos atrasados que se utilizam dos efeitos físicos, visando assustar as pessoas que querem atormentar. A Espiritualidade Superior permite a atuação dessas entidades ignorantes somente até certo ponto. Nunca deixam que os efeitos físicos venham a atentar contra a vida de alguém. Se assim não o fosse, os Espíritos maus teriam livre acesso a substâncias venenosas, podendo prejudicar a todos. O mundo, na verdade, iria se transformar em uma verdadeira balburdia.
Baseando-se nisso, as manifestações físicas que se vêem na novela "A Viagem" devem ser encaradas com certa precaução. Há muita fantasia que jamais deve ser entendida como Espiritismo, ou Doutrina Espírita.
Já na sua vida diária, não pense que qualquer barulho ou ruído aparentemente inexplicável seja obra de Espíritos. O Espiritismo ensina que devemos primeiro procurar exaustivamente uma causa física, para só depois supormos aja um fenômeno de ordem espiritual. Nunca deixe a ilusão tomar conta de você.




Manifestações:




Damos o nome de manifestações físicas às que se traduzem por efeitos sensíveis, tais como barulhos, movimento e deslocamento de corpos sólidos.
As manifestações físicas têm por propósito chamar nossa atenção sobre alguma coisa, e de nos convencer da presença de uma potência superior ao homem. Os Espíritos elevados não se ocupam dessas espécies de manifestações; eles se servem dos Espíritos inferiores para as produzir, como nós nos servimos de servidores para o trabalho grosseiro, e isso dentro do propósito que acabamos de indicar. Uma vez atingido esse propósito, as manifestações cessam, porque não são mais necessárias.


Quando o efeito começa a se manifestar, escuta-se, geralmente, um pequeno estalido na mesa; sente-se como um frêmito que é o prelúdio do movimento; ela parece fazer um esforço para se desatracar, depois o movimento de rotação se pronuncia; ele se acelera ao ponto de adquirir uma rapidez tal que os assistentes fazem todo o esforço do mundo para o seguir. Uma vez estabelecido o movimento, pode-se mesmo se afastar da mesa que continua a mover-se em diversos sentidos sem contato.


Em outras circunstâncias, a mesa se eleva e se endireita, tanto sobre um só pé, quanto sobre um outro, depois retoma docemente a posição natural. D’outras vezes, se balança imitando o movimento de arfagem e de balanço. D’outras vezes, enfim, mas para isso necessita uma potência medianímica considerável, ela se descola inteiramente do solo, e se mantém em equilíbrio no espaço, sem ponto de apoio, elevando-se por vezes mesmo até o teto, de maneira que se possa passar por debaixo; depois ela desce lentamente balançando-se como faria uma folha de papel, ou tomba violentamente e se quebra, o que prova de maneira patente que não é uma ilusão de ótica. Na foto abaixo uma mesa levitando, com a médium Eusápia Paladino. À esquerda da médium, Camille Flammarion. (De «Les Apparitions Materialisées», Gabriel Delanne, Paris, 1911.




Pancadas:



De todas as manifestações espíritas, as mais simples e as mais freqüentes são os ruídos e as pancadas; é aqui sobretudo que é preciso temer a ilusão, porque uma multidão de causas naturais podem produzi-las: o vento que assobia ou que agita um objeto, um corpo que se mexe por si mesmo sem que disso nos apercebamos, um efeito acústico, um animal escondido, um inseto, etc., até mesmo as travessuras de brincalhões. Os ruídos espíritas têm por outro lado um caráter específico, dotados de uma intensidade toda particular e um timbre muito variado, que os faz reconhecíveis e não permitindo confundi-los com estalos da madeira, a crepitação do fogo ou o tique-taque monótono de um pêndulo; eles são golpes secos, algumas vezes surdos, fracos e ligeiros, algumas vezes claros, distintos, às vezes ruidosos, que mudam de lugar e se repetem sem ter uma regularidade mecânica. De todos os meios de controle, o mais eficaz, o que não pode deixar dúvida sobre sua origem, é a obediência à vontade. Se os golpes se fazem ouvir no lugar designado, se respondem ao pensamento por seu número e intensidade, não se pode desconhecer neles uma causa inteligente; mas a falta de obediência não é sempre uma prova contrária.
Deve-se colocar em guarda não somente contra narrações que podem ser manchadas de exagero, mas contra as próprias impressões, e não atribuir uma origem oculta a tudo o que não se compreende. Uma infinidade de causas muito simples e muito naturais pode produzir efeitos estranhos à primeira vista, e seria uma verdadeira superstição ver por toda parte Espíritos ocupados em derrubar os móveis, quebrar a louça, suscitar enfim mil e um tormentos com a mobília quando seria mais racional por
-se a culpa sobre a falta de jeito.




Trasportes:


Este fenômeno consiste no transporte espontâneo de objetos que não existiam no lugar onde estão; são freqüentemente flores, algumas frutas, bombons, jóias, etc..
Diremos primeiramente que esse fenômeno é um dos que mais se prestam à imitação, e que, por conseqüência, é preciso se colocar em guarda contra a fraude. Sabe-se até onde pode ir a arte da prestidigitação em matéria de experiências desse gênero; mas, sem ter ajuda de um especialista, poder-se-ia facilmente ser logrado com uma manobra hábil e interesseira. A melhor de todas as garantias está no caráter, honorabilidade notória e no desinteresse absoluto da pessoa que obtém efeitos semelhantes; em segundo lugar no exame atento de todas as circunstâncias nas quais os fatos se produzem; enfim no conhecimento esclarecido do Espiritismo, somente assim se pode fazer descobrir o que possa ser suspeito.
O Espírito que quer fazer um transporte desmaterializa o objeto sobre o qual opera, depois transporta o duplo fluídico desse objeto ao lugar que escolheu, e lá retira do fluido universal os elementos necessários à reconstrução do objeto material, por meio do fluido vital. A mesma operação é feita para as plantas. O duplo fluídico reproduz molécula por molécula todas as partes da planta, pois que isso é o plano de obra fluídico, não resta senão se incorporar as moléculas do fluido universal tornadas materiais pelo espírito, e a planta aparece com todos os seus detalhes, sua frescura, seu colorido, etc., aos olhos dos assistentes. Enfim é sempre a mesma operação que se executa quando um espírito quer se tornar visível e tangível, como nas experiências de Crookes. Não sabemos até que ponto nossa hipótese se aproxima da realidade, mas os fenômenos se produzindo, é preciso explicá-los, e esta é a teoria que até então nos parece a melhor de acordo com os ensinamentos espíritas e as descobertas modernas.


Materializações:



Sem sombra de dúvidas as materializações são dentre os fenôminos de efeitos físicos os mais frequentes e atuais. Pois se há mais de um século existiam as chamadas "mesas girantes", essas manifestações apenas eram para chamarem a atenção ou melhor dizendo mostrarem a existencia de uma vida inteligente fora da material.



Chamamos materialização o fenômeno pelo qual um espírito se mostra com um corpo físico tendo todas as aparências da vida normal. Contamos entre os médiuns de materialização mais conhecidos: Eusapia Palladino, Kate Fox, Florence Cook, Eglinton, Home, Sra. Da Esperança, Eva Carrere, Franek Kluski.
As seções de materialização que mais vivamente impressionaram, tiveram lugar com o sábio William Crookes que estudou as materializações do espírito de Katie King durante um período de três anos com a médium Florence Cook (então com 16 anos), e outros cientistas como o Dr. Gully, diretor dos hospitais de Londres e o engenheiro Varley, engenheiro chefe das linhas telegráficas da Inglaterra.



A luz tem, com efeito, um poder dissolvente sobre a matéria utilizada pelos Espíritos para se materializar; Florence Marryat, que assistiu às seções de materialização de Katie King, conta: «Acendeu-se os três bicos de gás... O efeito produzido sobre Katie King foi extraordinário.



Ela não resistiu senão um instante, depois a vimos fundir sob nossos olhos, como um boneco de cêra diante de um grande fogo. Primeiramente seus traços desvaneceram, não se os distinguia mais. Os olhos se aprofundaram nas órbitas, o nariz desapareceu, a fronte pareceu entrar na cabeça.



Depois os membros cederam e todo o seu corpo se abateu como um edifício que se desmorona. Não restou mais que sua cabeça sobre o tapete, depois um pouco de pano branco que desapareceu como se tivesse subitamente sido tirado de cima: ficamos alguns instantes de olhos fixos no lugar onde Katie havia cessado de aparecer: assim terminou esta seção memorável.»
O Espiritismo ensina desde muito tempo que o meio consciente ou alma é envolvido de um envelope sutil chamado perispírito.



Esse perispírito é o molde fluídico no qual a matéria se incorpora durante a vida; é ele que, sob a impulsão da força vital, mantém o tipo específico e individual, porque ele é invariável em meio do fluxo incessante da matéria orgânica. Esse perispírito não se destrói após a morte, mas se conserva intacto em meio a desorganização da matéria, e é nele que se encontra gravado as aquisições da alma, que pode assim recordar o passado.



O Espírito é capaz, dentro de certas condições, de acumular em seu perispírito bastante força vital para dar uma vida material momentânea ao organismo fluídico; isto, com a matéria emprestada ao médium, dá a tangibilidade de um corpo ordinário; é uma verdadeira criação, mas que apenas tem duração efêmera, porque é conseguida fora dos procedimentos normais da natureza.
Vários fatos apóiam esta teoria, a saber:
- A perda de peso do médium – Uma prova em favor desta teoria é que se tem constatado um diminuição do peso do médium durante as seções de materialização. Assim, Florence Marryat escreveu: «Tendo visto a Srta. Florende Cook colocada sobre uma balança, construída por projeto do Sr. Crookes, constatei que a médium, que antes pesava 112 libras, logo que o Espírito materializado tomava forma, o peso do seu corpo não ultrapassava mais que a metade, 56 libras.»
- A diferença física entre a médium e o Espírito – Katie King e Florence são de estaturas e de cabeleiras diferentes. William Crookes escreveu: «Uma noite, contei as pulsações de Katie; seu pulso batia regularmente 75, enquanto que a de Srta. Cook, poucos instantes após, atingia 90, sua cifra habitual.



Apoiando meu ouvido sobre o peito de Katie, podia ouvir seu coração bater no interior, e suas pulsações estando ainda mais regulares que as da Srta. Cook; após as seções elas me permitiram a mesma experiência. Experimentando da mesma maneira, os pulmões de Katie se mostravam mais sãos que os de sua médium, porque no momento em que fiz a experiência, a Stra. Cook seguia um tratamento médico contra uma forte constipação.»



Por vezes adiantou-se a hipótese de que o ser materializado não seria outro que o duplo do médium. Esta teoria tem apenas base empírica porque, como podemos ver dos fatos acima, o Espírito e seu médium são duas personalidades bem distintas. Além disso, Florence Cook, despertada, conversa durante alguns minutos com Katie King e William Crookes, que vê todas as duas.
- A fotografia espírita – A fotografia espírita traz a prova da realidade objetiva.



William Crookes tirou quarenta clichês do Espírito Katie King mostrando nitidamente as diferenças físicas entre esta e sua médium. Abaixo, foto do Espírito Katie, acompanhada de William Crookes.
- As moldagens – Esta constitui a mais flagrante prova em favor da teoria Espírita. Eis a maneira de operar comumente empregada, nas circunstâncias: Dois vasos contendo, um água fria, o outro água quente, são trazidos para a sala onde a experiência tem lugar; na superfície da água quente flutua uma camada de parafina fundida.



Se queremos obter o molde de uma mão materializada, pedimos ao Espírito para mergulhar sua mão na parafina fluida e imediatamente na água fria, e de repetir várias vezes esta operação. Desta maneira se forma, na superfície da mão, uma luva de parafina de uma certa espessura, e, quando a mão do Espírito se desmaterializa, ela deixa um molde perfeito que se enche de gesso. Basta então mergulhar tudo na água fervente, e, a parafina se funde restando uma impressão exata e fiel do membro materializado. Uma tal impressão é impossível de realizar, porque é impossível retirar a mão sem destruir o molde.



Outros Processos de Materializações: Minusculas.



Fonte para pesquisa: Sr. Ernesto Bozzano



Relendo o relatório apresentado pela Sra. Juliette-Alexandre Bisson ao Congresso Metapsíquico de Copenhagen (1922), no qual ela resume as suas experiências com a médium Eva Carrière, fiquei surpreso com o grande enigma teórico que oferece o fenómeno de materialização de espíritos em proporções minúsculas.
Trata-se de um fenômeno obtido em plena luz diuturna e na presença de seis espectadores, isto é, em condições experimentais que excluem toda a espécie de fraude, assim como a possibilidade de se explicarem os fatos em questão pela hipótese da alucinação.
Pensei que seria então útil examinar, posteriormente, esse fenómeno estranho e perturbador e, para tal fim, consultei a coleção inteira de minhas classificações de fenômenos a fim de assegurar-me se não haviam, entre os casos metapsíquicos, outros casos semelhantes. Nada descobri entre os casos já antigos, mas, entre os mais recentes, encontrei cinco outros episódios análogos ao relatado pela Sra. Bisson. Além disto, na categoria das "visões clarividentes de espíritos", encontrei certo número de aparições em formas minúsculas, entre as quais algumas verdadeiramente estranhas e interessantes, em pontos de vista diferentes.
Não me parece entretanto que essas manifestações apresentem analogias utilizáveis para a explicação das materializações minúsculas, apesar do detalhe característico das proporções reduzidas que lhes é comum.
Nestas condições, julguei não dever considerá-lo neste estudo, podendo, em todo o caso, ocupar-me dele em separado.
* * *
CASO I
Começo a narração dos fatos, reproduzindo a interessantíssima narração da Sra. Juliette Bisson. Escreve ela:
"Há 5 meses, o engenheiro Sr. Jeanson, um dos meus assistentes, mostrou-se muito interessado pelas minhas experiências às quais ele assistia regularmente. Baseando-se nos fenômenos espontâneos obtidos por Eva em plena luz do dia (fenômenos assinalados em minha obra), ele me perguntou se eu aceitaria fazer sessões, à tarde, no grande aposento em que moro.
"Confesso ter hesitado um pouco por causa da médium. Sabia que a experiência era possível mas que causaria uma reação muito viva na médium e, por repercussão, uma fadiga muito intensa nele. Consenti, porém, reservando-me o direito de suspender a sessão se a médium não pudesse su portar esse gênero de experiências...
"... Na hora atual, podemos trabalhar com a luz do meu atelier; víamos aparições de dia, sem inconvenientes.
“ Há algumas semanas, com grande surpresa nossa, depois de ter seguido com interesse a evolução de uma porção de ectoplasma que se desenvolvia em Eva, uma deliciosa mulherzinha de 20 centímetros de altura apareceu no meio dessa substância. Essa mulherzinha deslizou de cima de Eva e avançou docilmente para nós e, continuando os seus movimentos, veio colocar-se nas mãos de Eva, fora das cortinas, depois nas mãos do Sr. Jeanson e, em seguida, nas minhas.
"Passo à exposição dos fenômenos, lendo-vos a ata feita pelo Sr. Jeanson:
SESSÃO DE 25-5-1921, ÀS 16 HORAS E 36 MINUTOS
"Os assistentes são em número de seis. A Sra. Bisson adormece a médium. Esperamos três quartos de hora. No fim desse tempo, a respiração da médium se acelera, faz ouvir sons guturais e, em suas mãos, que, segundo o costume, não deixavam de ser seguras por nós, a Sra. Bisson à direita e eu à esquerda, aparece, subitamente, um pouco de uma substância cinza e branca, cujo volume aumenta, atinge o de uma tangerina, depois ovaliza-se e alonga-se de tal modo que o seu comprimento pode ter uns vinte centímetros e seu diâmetro seis. Nesse momento e em plena luz diuturna, a materialização se desprende das mãos da médium e dos fiscalizadores e se mostra um pouca acima. Cada um de nós verifica que a extremidade esquerda da materialização se transforma em cabelos muito finos e que a parte central se torna branca e muito clara. Ela se modela muito rapidamente e podemos todos reconhecer, admiravelmente modelada, a curva da cintura de uma mulher, vista de costas, como que engastada em uma ganga sem forma. A parte branca se dirige rapidamente para a direita, depois para a esquerda e a substância se transforma progressivamente em uma mulherzinha nua, de forma impecável, na qual vemos surgir, sucessivamente, a cintura, as coxas, as pernas e os pés.
Uma das materializações minúsculas obtidas com a médium Eva Carrière
"Da substância primitiva só restam alguns cordões cinzentos e pretos, enrolados no baixo ventre e dos quais não vemos os pontos de ligação. A pequena aparição é admirável de delicadeza; longos cabelos louros a cobrem, enrolados na cintura; seios descobertos; a parte inferior é de uma brancura notável.
"A materialização tem 20 centímetros de altura; ela é perfeitamente iluminada pela luz que jorra através dos vidros de uma larga janela; ela é visível a todos. No fim de dois minutos, desaparece, depois se mostra de novo. Os cabelos estão dispostos de outra maneira, pondo-lhe o rosto à mostra. Verificamos que as pernas têm movimentos próprios; uma delas se dobra, fazendo movimentar as articulações do quadril e do joelho. Ela desaparece bruscamente. Logo depois a substância branca ressurge nas mãos da médium, ai se mostrando, muito rapidamente, um delicado rosto de mulher, parecendo iluminado por uma luz que lhe é própria. É, em tamanho, cinco vezes maior do que a materialização precedente. Admiramos-lhe o azul dos olhos e o carmim dos lábios. A aparição some. Introduzo minha mão livre pela abertura do saco e sinto então um contato indefinível que se pode comparar ao roçar que produziria uma teia de aranha. Pouco depois, a médium entreabre o saco: tornamos a ver a mulherzinha nua, estendida no avental da médium.

Outra materialização minúscula saída também de dentro do saco de pano grosso em que se achava a médium, cujas mãos eram seguras por dois experimentadores.
"Ela é vista em sua forma primitiva, porém cinco centímetros menor; está deitada no regaço da médium, com a cabeça voltada para a esquerda. Os braços estão desembaraçados da cabeleira. A Sra. Bisson pede à aparição para mover-se, a fim de mostrar que está viva. Logo a pequena forma se agita e, sem mudar de lugar, se move, mostrando, sucessivamente, o lado direito e depois a face.
"Ela retoma a sua posição anterior. As pernas, que estavam à direita, deslocam-se e se cruzam à esquerda; depois, apoiando-se sobre as mãos, a forma faz um movimento ascendente à força dos músculos dos braços, assim como é clássico em ginástica, colocando-se de pé para tornar a deitar-se em nova posição, dessa vez com a cabeça voltada para a direita.
"A médium me segura a mão livre e, levando-a à boca, faz-me explorar-lhe a cavidade, que acho inteiramente vasia. Durante este tempo, a formazinha continua as suas evoluções, subindo e descendo, verticalmente, pelo peito da médium, como um ludrião.
"Nesta ocasião, a médium retira as suas mãos das nossas e, segurando este corpozinho, deposita-o nas minhas mãos, a 40 centímetros de distância do saco. A aparição fica nas minhas mãos dez segundos e cada um pode verificar-lhe a perfeição das formas. Este pequeno corpo é pesado e o tato que dele tive é seco e suave, porém não me deu a impressão nem de quente nem de frio. Depois desaparece das minhas mãos. Vimo-lo ainda um momento evoluir sobre os joelhos da médium, depois desaparece definitivamente. Deixamos a médium repousar alguns instantes, depois a revistamos e a estendemos em um divã próximo.
"Esta sessão é inesquecível, quer pelo interesse dos fenômenos, quer pela admirável fiscalização.
“Lida e achada absolutamente exata (as.) Juliete Bisson, Maurice Jeanson, Anne Barbin, René Duval, Jean Lefebvre, J. de la Beaumelle."

A Sra. Bisson comenta assim a ata desta memorável sessão:
"Que significam estas manifestações? De onde saem elas? Que são? Muitas hipóteses foram arquitetadas
, todas elas interessantes ainda que uma só possa pretender ser a verdadeira. Se, como supõem os espíritas, são espíritos de desencarnados que nos vêm visitar, de que esfera desce esta mulher em miniatura de que acabo de falar? De onde provêm estas manifestações insólitas? Se a teoria da ideoplastia, que ensina que a idéia em ação provém sempre do médium ou dos espectadores (para fazer uso de um termo já antigo) é a verdadeira, como explicar o papel quase negativo que representam os espectadores do ponto de vista da produção do fenômeno? Como explicar igualmente — sempre dentro da hipótese ideoplástica — o transe brutal da médium em horas imprevistas? Como explicar, por exemplo, que, às 8 horas da manhã, Eva, ocupada, quer em seu toucador, quer em seu apartamento, caia bruscamente adormecida? Só tenho tempo de transportá-la para a sala das sessões onde ela me dá uma materialização. .. Enfim, precisamos todos continuar com as nossas verificações e experiências, sem buscar dar um nome à força X que utilizamos durante os nossos estudos. Todavia, somos obrigados a declarar que tal força é inteligente. É impossível, atualmente, afirmar que tal ou qual hipótese corresponde à realidade dos fatos. O que é inegável é a existência de uma força X, de uma "energia inteligente" que preside certas experiências, parecendo dirigi-las.”
O momento ainda não chegou de fazer seguir as considerações da Sra. Bisson pelas nossas. Com efeito, os processos da análise comparada, aplicados a alguns episódios dos casos de que tratamos, poderão apenas permitir-nos descobrir algum fundamento indutivo legítimo para a solução do problema. Limito-me, então, a insistir no fato das condições experimentais literalmente irrepreensiveis, dentro das quais o fenômeno se produziu. Notarei que o ideal dos metapsíquistas foi sempre o de obter fenômenos físicos em plena luz diuturna e que, dessa vez, chegou-se a atingir o fim desejado. Os experimentadores tiveram oportunidade de seguir a evolução de uma materialização minúscula, em todas as fases do seu desenvolvimento, desde o aparecimento de um núcleo de ectoplasma que, alongando-se e condensando-se, modelou-se como por encanto, sob os seus olhos, começando as suas transformações por uma das extremidades. Viram surgir dai uma fina cabeleira loura que chegava até a cintura da forma feminina em miniatura, a qual, depois de toda formada, se moveu, levantando, deitando-se, subindo na médium e deixando-se colocar na palma da mão dos espectadores para desaparecer em seguida, bruscamente, e depois reaparecer, não menos repentinamente, menor ainda. Estas circunstâncias eliminam, de modo absoluto, qualquer possibilidade de fraude, sendo, pois, absurdo duvidar-se da autenticidade dos fatos.
Aquele que duvidasse delas seria convidado a explicar como poderia reproduzir, pela fraude, semelhante manifestação, em plena luz do dia, na presença de seis pessoas e com um médium seguro pelas mãos. Que se poderia pretender ainda? Suponho que ninguém pensará em pôr em dúvida o fenómeno aqui relatado, estupefaciente que ele é. Outros episódios análogos, que seguem, demonstram que o fenómeno de que se trata não é único em seu gênero: eles contribuem para torná-los mais assimiláveis às nossas mentes sempre obstinadas em querer circunscrever as possibilidades da natureza.
* * *
CASO II
Este caso é extraído das já célebres experiências do Dr. Glen Hamilton, de Winnipeg, Canadá.
Do ponto de vista que nos ocupa, difere, consideravelmente, do da Sra. Bisson, pois que os fenômenos de materialização liliputiana se limitam, aqui, à formação de rostos animados e vivos, de três dimensões, que se produzem com o auxílio de uma emissão de ectoplasma aderente à face da médium, atingindo suas proporções a apenas um terço do rosto dessa. Difere também do caso da Sra. Bisson sob este outro aspecto: são produzidos em plena obscuridade. Vários aparelhos fotográficos, assestados para o mesmo ponto, as fixaram em chapas sensíveis.
Escreve o Dr. Hamilton:
"Não fomos levados a fazer experiências por motivo de natureza sentimental nem por convicções ou considerações religiosas mas sim impulsionados por intensa curiosidade de natureza científica. Queríamos verificar o que de verdade havia nas manifestações mediúnicas. Como nos propuze-mos satisfazer nossas intenções de maneira rigorosamente científica, decidimos só conceder atenção aos fenômenos observados em condições de fiscalização que permitissem eliminar toda a espécie de fraude. Com este fim, empregamos sempre métodos científicos: 1.°) provocando a repetição do mesmo fenômeno em condições diversas; 2.°) tomando notas exatas à medida que os fenômenos se produziam; 3.°) empregando amplamente a fotografia. (Psychic Science, 1929, pág. 180)”.
Ampliações dos rostos de duas materializações minúsculas obtidas nas sessões
Várias máquinas fotográficas, assestadas para o mesmo ponto, fixavam as fotografias, tiradas nas sessões, em chapas sensíveis. Note-se que máquinas fotográficas não se alucinam...

A médium Maria M. no começo de seu estado de transe e formação ectoplásmica.
O Dr. Hamilton experimentou com duas médiuns que se prestaram, graciosamente, às experiências, mas as materializações de rostos minúsculos foram exclusivamente obtidos pela mediunidade de Maria M., a respeito da qual dá o narrador as seguintes informações:
"Aprendemos a respeitar nela uma mulher trabalhadora, desinteressada, devotadamente sensível aos interesses de sua confissão religiosa, de seus amigos, de sua pequena família. Do mesmo modo que a outra médium, não teve ocasião de receber uma instrução qualquer que fosse, todavia, é inteligente, com capacidades diversas notáveis.
Desde a sua infância que percebera que possuía faculdades visuais e auditivas que não podia compreender. Há alguns anos, interessou-se pelas experiências mediúnicas, frequentou sessões e não tardou a cair em transe. Em janeiro de 1928, Maria M. tornou-se membro de nosso grupo, do qual a outra médium Elisabeth continuava a fazer parte. Durante os três primeiros meses, o esperado desenvolvimento de suas faculdades mediúnicas causou-nos certa decepção, pois, com efeito, não se notava nela nenhum sinal de faculdades supranormais. Seus progressos pareciam depois encaminhar-se para as formas comuns de mediunidade, com estado de transe mais profundo, acompanhado de um aumento de suas faculdades de clarividência e clariaudiência. Eis, porém, que, em dado momento, uma mudança feliz se operou graças à intervenção de uma entidade espiritual que tomou o controle da médium. (Psychic Science, 1929, pág. 183-4)".
Achando-me na necessidade de abreviar esta narração, direi que esse novo espírito-guia, que reformou a mediunidade de Maria M., deu o nome de Walter Stimson", irmão e guia espiritual da famosa médium de Boston, Sra. Margery Crandon. Ele começou por ensaiar a produção dos mesmos fenômenos probantes executados no grupo de Boston, porém, como a experiência das campainhas, que se faziam ouvir em uma caixa fechada, a qual abria a série de fenômenos, pouco interessasse ao Dr. Hamilton, este não executou as minuciosas instruções de fiscalização científica ordenada por "Walter".
"Walter" acabou por indispor-se com o Dr. Hamilton e declarou-lhe que, se ele não fazia o que lhe ordenara, não voltaria. Em seguida, para justificar o seu ressentimento e a sua insistência, disse ainda: "Eles (isto é, os sábios) não acreditam nisto. Não tiveram a coragem de dizer que a minha irmã falava pelos ouvidos?" (Esta asserção foi confirmada), "Walter" satisfez o desejo do grupo, produzindo a emissão de ectoplasma e dele se utilizando para a materialização de rostos, mais ou menos pequenos, de defuntos que afirmavam estar presentes.
DIAGRAM SHOWING SEANCE-ROOM ARRANGEMENT POR MARY M. EXPERlMENTS
OBSERVAÇÃO — O diagrama acima mostra a disposição da sala das sessões. No gabinete ficava a médium Maria M. e, ao redor, 9 experimentadores cujos nomes podem ser facilmente lidos. Por detrás dos experimentadores ns. 3 e 4 e 6 e 7, estavam colocadas as máquinas fotográficas que eram acionadas ao mesmo tempo, tirando as fotografias de vários ângulos. Havia, bem defronte do gabinete em que se achava a médium, uma mesa grande e, no canto da sala, o 10° experimentador que era encarregado de tomar notas de tudo que acontecia nas sessões.
Esses, ao que parece, produziam os seus rostos em proporções reduzidas porque não dispunham de muita substância ectoplásmica. No n.° de outubro de 1929, da revista inglesa Psychic Science, apareceu uma série muito interessante de fotografias de rostos materializados.



Cinco desses rostos, representando o mesmo desencarnado, são colocados em confronto com três fotografias comuns do defunto tal qual era quando vivo, em épocas diferentes. Umas, de modo notável, correspondem às outras: a identificação é fora de dúvida.
O desencarnado em questão era ministro de uma igreja protestante e se chamava G.H. Spurgeon. A história de suas manifestações merece ser aqui resumida: No decurso da sessão de 4 de novembro de 1928, "Walter" pedira a um dos assistentes para passar a mão pelo rosto da médium. A pessoa, a quem se dera essa ordem, depois de haver executado a ordem recebida, declarara nada lhe ter percebido nem no rosto nem no pescoço. "Walter" deu então o sinal convencionado para que se acendesse o magnésio. Logo que essa ordem foi executada, "Walter" pediu a um dos experimentadores que passasse um lápis e uma folha de papel à médium, que se achava mergulhada em profundo transe.
Materialização ectoplásmica minúscula do rosto de "Water", o falecido irmão e "guia espiritual" da médium Margery.
A médium escreveu no papel qualquer coisa e "Walter" anunciou que ela escrevera o nome do defunto cujo rosto materializado saíra na chapa. Ele ordenou que se entregasse a folha de papel ao Dr. Hamilton, não devendo ninguém vê-la enquanto a fotografia obtida não fosse mostrada à outra médium, visto que essa, tendo percebido, pela clariaudiência, o defunto que se materializara, iria reconhecê-lo na fotografia.
Preciso é acrescentar que "Walter" tinha antes pronunciado algumas palavras de momento, contendo referências religiosas, dizendo que o que ele fazia era repetir o que lhe transmitia um dos espíritos presentes, de nome John Plowman. Seguiram-se as instruções de "Walter" e, quando a chapa fotográfica foi mostrada à médium Elisabeth, esta observou, com espanto, que se tratava de um espírito que conhecia muito bem e que lhe dissera chamar-se Spurgeon. O Dr. Hamilton tirou então do bolso o papel escrito pela outra médium, no qual se lia Charles Haddon Spurgeon.
Fizeram-se, em seguida, outras descobertas notáveis, isto é, que o nome John Plowman, pronunciado por "Walter", era o pseudônimo de Spurgeon quando escrevia artigos para revistas. Verificou-se, além disto, que as frases pronunciadas por "Walter" constituíam uma passagem do último sermão proferido pelo reverendo Spurgeon. Concebe-se que nenhum dos assistentes tinha conhecimento dos fatos em questão.
Relativamente à fotografia obtida durante a referida sessão, escreve o Dr. Hamilton:
“Esta materialização foi fixada por três aparelhos entre os quais um estereoscópio”.
"Os três retratos apresentam o mesmo fenômeno: um rosto absolutamente perfeito em todos os seus detalhes e que mostra tais indícios de vitalidade e uma semelhança tão espantosa com os retratos de G.H. Spurgeon que provocaram imenso interesse e grande surpresa."
"Do ponto de vista biológico, é de notar que, na fotografia, as duas seções de ectoplasma se estendem como asas de uma borboleta em repouso; Analisando as margens das duas asas, verifica-se que são notavelmente análogas, como se constituíssem duas seções de um invólucro que seria fendido lateralmente em uma linha bem nítida para fazer aparecer o rosto nele contido. Esta forma morfológica de desenvolvimento parece ter algumas semelhanças com o fenómeno que se observa na vida das plantas."
"Enfim, este rosto em miniatura se mostra em três dimensões como um rosto normal, pelo menos, no exterior; reproduz a figura de um indivíduo normal, salvo nas proporções (Psychic Science, 1929, pág. 200-1)".



Abundante emissão de ectoplasma que sai da boca da médium Maria M., mostrando rostos minúsculos entre os quais o do falecido Sir Arthur Conan Doyle"Esta materialização foi fixada por três aparelhos, entre os quais um estereoscópico."
Em uma outra relação sobre os mesmos fenômenos e se referindo ao conjunto dos fatos, observa o Dr. Hamilton:
"Dos treze rostos fotografados até aqui, todos, menos um, são rostos em miniatura, ainda que todos, menos um, sejam figuras de pessoas adultas."
"Estas miniaturas delicadas, que não atingem um terço do rosto da médium, são perfeitas em seus traços e parecem vivas; elas se impõem então aos pesquisadores como uma fonte inesgotável de estudos e maravilhas. Graças ao relevo que as sombras conferem aos traços da figura, assim como ao fato da incidência produzida pela luz nas pupilas dos olhos (como se observa nas fotografias tomadas em ângulo diferentes), obtem-se excelente prova de sua formação em três dimensões. Uma outra circunstância de grande valor científico consiste no fato de que todos estes rostos ectoplásmicos são cercados desta substância em condições amorfas, de maneira a fazer supor que elas se formam no invólucro da substância que se fende quando a organização do rosto está completa. Se esta hipótese é exata, e nossas experiências o demonstram muito eficazmente, achamo-nos em face de um processo embrionário semelhante ao de todo processo gerador natural. Notarei que esta analogia já foi assinalada pelo Dr. Gele y (Psychic Science, 1931, pág. 268)".
Outra abundante emissão de massa ectoplásmica, mostrando vários rostos minúsculos de pessoas mortas, que foram reconhecidas.
O Dr. Hamilton evita construir teorias, entretanto, sente-se que ele está muito impressionado com o fato dos rostos minúsculos de defuntos que afirmam estar presentes e que são identificados e, sobretudo, com o outro fato das admiráveis provas de identificação pessoal que se ligam à imagem materializada de Spurgeon, o que faz com que ele conclua, dizendo:
"É verdade que grande número de pesquisadores eminentes, no domínio das pesquisas psíquicas, se propuzeram ignorar ou antes ocultar o traço característico de natureza subjetiva que sempre está associado à emissão de ectoplasma. Esta atitude foi sábia no primeiro período transitório, no decurso do qual se tratou, sobretudo, de certificasse da realidade dos fenômenos, mas, presentemente, o momento é sem dúvida chegado em o qual podemos e devemos analisar os fatos em seu conjunto, isto é, tomando seriamente em consideração a circunstância da inteligência ou das inteligências interpostas, que dirigem os fenômenos."
A mesma fotografia n.º 11 mostrando a médium segura por ambos os braços.
"Devemos fazê-lo com um cuidado escrupuloso e com a mesma coragem moral que empregamos em analisar as maravilhas da substância ectoplásmica (Psychic Science, 1929, pág. 208)".
Eis palavras serenas, sábias e sagradas, que, infelizmente, não serão muito facilmente ouvidas pelos investigadores eminentes .
Não importa que a circunstância das inteligências interpostas, que acompanham sempre estas manifestações, seja a mais importante para a penetração de sua origem.
Notarei a este respeito que o conjunto das manifestações, de que falamos, já nos permite entrever qual deveria ser a orientação do pensamento científico para chegar ao fim desejado.
É que, se os fenômenos em questão parecem ser produtos da ideoplastia, se parecem ser criações de um pensamento e de uma vontade exteriorizadas tomando forma concreta, não é menos verdade que tudo contribui para demonstrar que este prodígio não deveria ser sempre exclusivamente atribuído ao poder supranormal do pensamento e da vontade dos vivos (Animismo), mas também, conforme as circunstâncias, ao pensamento e à vontade dos defuntos (Espiritismo). E, no caso em questão, no qual se obtiveram imagens de defuntos que os experimentadores não conheciam e que deram excelentes provas de identificação pessoal, esta segunda versão da hipótese ideoplástica teria todas as probabilidades de ser verdadeira.
Jamais deixarei de repetir que o Animismo e o Espiritismo, longe de serem hipóteses opostas, são complementares uma da outra e ambas necessárias à interpretação espiritualista dos fenômenos mediúnicos.
Fotografia nº15 – comparação do rosto de Raymond, quando fardado de soldado, com o aparecido na massa ectoplasmática saída da boca da médium Maria M.
Efetivamente, se a sobrevivência é um fato, só se pode encontrar nas profundezas da subconsciência as faculdades supranormais do espirito, já formadas, posto que ainda em estado latente, faculdades que não poderiam ser criadas do nada, no momento da morte.
Se assim é, essas faculdades devem emergir, por jatos fugazes, nas crises de minoração vital às quais os indivíduos estão sujeitos (sono fisiológico, sono mediúnico, síncope, narcose, coma). Ora, é justamente o que atestam os fenômenos "anímicos" que, pelo simples fato de existirem, provam que o homem já é um espírito durante a sua vida na carne, na expectativa de exercer suas faculdades espirituais latentes em um meio adaptado, depois da crise da morte. Donde ainda uma vez: a existência dos fenômenos "anímicos" constitui uma condição indispensável para admitir-se a existência dos fenômenos "espíritas".
Segue-se daí que, do nosso ponto de vista e graças ao fenômeno anímico da ideoplastia, devemos conjecturar que aquilo que um espírito "encarnado" pode fazer, um espírito "desencarnado" deve poder fazer também, com a vantagem, para este último, de poder realizá-lo muito melhor, visto achar-se livre do invólucro carnal que cria um obstáculo, em certa medida, ao exercício das faculdades transcendentais do espírito.
Concluímos: a análise do caso em questão nos autoriza a pensar que, em princípio, é inteiramente provável que as materializações minúsculas de rostos e de espíritos constituem simples "simulacros" (do mesmo modo que várias fotografias transcendentais), porém simulacros projetados e materializados pela vontade das personalidades mediúnicas que operam e que, em certos casos, são as personalidades dos defuntos representados nas formações em apreço.
Começo de uma formação de massa ectoplásmica, ampliada, obtida com a médium Maria M.
Acrescento, todavia, que esta interpretação dos fatos admite várias exceções à regra, pois que se encontram condições especiais de manifestações, como, por exemplo, no caso da Sra. Bisson e nos três casos análogos que vão seguir.
Estas condições especiais exigem interpretações diferentes, considerando que as figuras liliputianas se mostram vivas e inteligentes. Fiz referência a uma destas interpretações a propósito do caso relatado pelo Dr. Hamilton, notando que certas personalidades mediúnicas explicaram que elas se materializaram em proporções reduzidas porque não dispunham de ectoplasma suficiente para fazê-lo em proporções normais. Falarei de uma interpretação destes fatos quando tratar do VI caso: o rosto apareceu em forma reduzida a fim de não despender muita força.
Com as duas interpretações que acabo de indicar, estamos em condições de responder, por completo, às seguintes interrogações da Sra. Bisson:
"Se, como supõem os espíritas, são espíritos de desencarnados que vêm visitar-nos, de qual esfera desce esta forma em miniatura? Donde provêm estas manifestações insólitas?”
Finalmente, dever-se-ia conjecturar que estas últimas só são simples simulacros projetados e materializados pela vontade das personalidades mediúnicas que operam, ao passo que as "figuras minúsculas", vivas e inteligentes, não proviriam de nenhuma esfera espiritual especial; elas se organizariam em proporções minúsculas ou por falta de ectoplasma à sua disposição ou pela vontade das próprias entidades que se materializavam e que assim agiriam para não gastarem muita força. Acrescento que estas duas interpretações receberão, pouco mais adiante, confirmações absolutamente decisivas.

CASO III
Tiro este episódio da obra da Sra. Anne Louise Fletcher Death Unveiled (A morte sem véu). Ele adquire maior importância probatória pelo fato da autora, que relata o fato, do qual foi testemunha, achar-se em companhia do conhecido metapsiquista norte-americano Dr. Hereward Carrington, experimentador meticuloso, prestigitador habilíssimo, com 30 anos de experiências nas pesquisas psíquicas e autor da obra The Story of Psychic Science (História da Ciência Psíquica).
Escreve a Sra. Fletcher:
"Em Washington, tive ocasião de assistir, em casa de um amigo, a uma sessão com a bem conhecida médium Srta. Ada Bessenet de Toledo (Ohio). A sessão se realizou em completa obscuridade, porém o Dr. Hereward Carrington estava sentado à direita da médium e vigiava-lhe, atentamente, todos os movimentos. Não tardamos em ver aparecer as habituais luzes que iam e vinham à altura do teto; em seguida, "vozes diretas", masculinas e femininas, se fizeram ouvir no alto, cantando "solos" e "duos".
"Quando as primeiras formas materializadas apareceram, iluminando a si próprias, entrevi, de maneira fugaz, o rosto de minha mãe, o qual me apareceu, depois, sob a forma de um camafeu. Um dos meus amigos, falecido havia já algum tempo, se materializou tão perfeitamente bem que lhe percebi, na face direita, um grande sinal natural que o caracterizava. Naturalmente, neste grupo de 8 pessoas, não fui a única a ser favorecida com estas manifestações.
"O fenômeno, porém, que mais me surpreendeu interessando-me grandemente, foi a materialização de uma figura com a altura de 14 polegadas, cercada de longo manto flutuante, a qual se pôs a dançar na mesa, entre mim e o Dr. Carrington. (Estávamos sentados um defronte do outro).
"Como explicar este fenômeno? Talvez que tenhamos percebido, pela visão inversa (como quando se olha em um binóculo ao contrário), esta pequena que dançava ao ritmo da música, iluminada por sua própria luz? Em todo o caso, era bem uma mulherzinha viva, perfeitamente normal, salvo no que concerne as suas proporções minúsculas. É também possível que tenhamos obtido um ensaio de transmissão à distância de uma "imagem psíquica", graças às ondas elétricas, assim como se faz pela "televisão". É. enfim, possível que a entidade em questão, por um ato de sua vontade, tenha querido materializar-se em proporções reduzidas. Consta-nos que, nos fenômenos de materialização, os espíritos se manifestam mais ou menos bem, segundo o grau de intensidade com o qual chega a concentrar o pensamento sobre o fenômeno que se propõe a produzir. Isto explicaria porque, bastas vezes, as materializações dos desencarnados não correspondem, no que concerne à sua altura ou à sua beleza, à expectativa dos experimentadores. O Dr. Carrington colocou, na mesa, um prato quimicamente preparado que registrou o fenómeno da luminosidade dos espíritos mas não a sua aparência. Recordarei que cada uma das materializações sucessivamente iluminava a si própria (Ibidem, pág. 50)".
O episódio supra parece inteiramente análogo ao narrado pela Sra. Bisson.
Neste último caso, a figurinha materializada demonstrara a sua natureza de criatura viva e inteligente, executando, por assim dizer, operações ginásticas; a de que fala a Sra. Fletcher a demonstrou, ao contrário, dançando na mesa ao ritmo da música.
A Sra. Fletcher se esforça pela resolução do problema que estabelece este fenômeno, falando de quatro hipóteses diferentes das quais a terceira é a mesma que propus mais acima. Com efeito, ela supõe que as materializações minúsculas não deveriam ser sempre olhadas como simples simulacros projetados à distância pela vontade dos defuntos, mas que poderiam ser às vezes animadas pelos espíritos dos defuntos que se materializariam, por sua própria vontade, em proporções reduzidas.
Na sua quarta hipótese, a Sra. Fletcher supõe que estas materializações poderiam também ser mais ou menos pequenas em consequência da intensidade com a qual a entidade espiritual chega a concentrar o pensamento sobre o fenômeno que se dispõe a produzir. Esta é uma hipótese que poderia também ser bem empregada, segundo as circunstâncias.

CASO IV
O seguinte episódio é tirado da revista inglesa Psychic Science (1925, pág. 221), e narrado pelo comandante de artilharia C.C. Colley, filho do arcediago Colley, bem conhecido como intrépido defensor da verdade espírita em face de todos, mas sobretudo perante os seus próprios confrades em religião: os pastores, diáconos, arcediagos, bispos. O comandante Colley, numa conferência realizada na sede do British College of Psychic Science, relatou, entre outros, o seguinte caso que lhe é pessoal:
"Certo dia do mês de agosto de 1898, fui convidado para assistir a uma sessão com o mesmo médium de que falei na minha última conferência. Recordarei que, nessa ocasião, levara comigo um oficial subalterno, meu amigo, que acendera um fósforo, do que resultou que, da outra vez, não levei ninguém a essa sessão. Éramos quatro: o médium, o nosso hospedeiro, a sua filha e eu. Os espíritos me anunciaram que eu iria assistir a uma manifestação prodigiosa e que me preparasse para ver um fenómeno que não obteria nunca mais em minha vida. Respondi-lhe: "Se assim é, concedei-me tempo para tomar todas as medidas de fiscalização necessárias". Assim, depois de haver fechado a porta à chave, pedi licença para fechá-la de modo que não pudesse ser aberta nem de dentro nem de fora. Fechei, da mesma maneira, a janela e, quando adquiri a certeza de que ninguém poderia sair do aposento ou de aí penetrar, comecei a esquadrinhar todos os cantos do mesmo, o piano inclusive, o qual era de grandes dimensões. Após isto, pediram-me para abaixar a luz do gás, o que fiz gradualmente, solicitando que concedessem tanta luz quanto possível, o que fizeram a ponto de eu poder ler, correntemente, um jornal ilustrado que se achava na mesa.
"O médium estava mergulhado em profundo transe. De repente, vi sair de seu lado algo parecendo o vapor de uma chaleira fervendo. Esse vapor tomou a forma de um tubo — que chamaremos o condutor da substância — que se alongou até atingir o centro da mesa oval em torno da qual estávamos sentados. Aí ele se transformou numa nuvenzinha de cerca de dois pés de diâmetro, que não tardou a tomar a forma de uma bela boneca da altura de 18 polegadas, que se pôs a passear graciosamente na mesa, como se fosse a miniatura viva de um espírito. Ela se apresentou diante de cada um de nós com muita naturalidade e, finalmente, sentou-se em meus joelhos.
"Tive o privilégio de apertar-lhe a mão, que não era maior do que o meu polegar.
"Essa mãozinha era quente, mas, desde que a apertei, viaa fundir-se na minha, que esfriou subitamente e pareceu-me cercada de uma espécie de nevoeiro. Então, a figurinha começou, por sua vez, a dissolver-se rapidamente, deixando uma como nuvem na mesa. Finalmente, o "tubo condutor" foi rapidamente absorvido no lado direito do médium. Tais são os fatos. Felizmente para mim, verifico que o auditório, a quem me dirijo, não é o mesmo que ouviu meu pai quando lhe aconteceu narrar um fenômeno semelhante a que assistira e durante o qual vira materializar-se uma forma de mulher com a altura de 4 pés, num processo análogo ao que acabo de descrever.
"Dúvida alguma padece de que o fenómeno, que acabo de relatar, é digno de toda a atenção dos sábios por causa das induções que se pode extrair dele. Devemos considerá-lo como uma experiência científica, pois, com efeito, não está longe o dia em que se descobrirá que essas materializações são reguladas por leis estritamente físicas. Minha teoria a este respeito é a seguinte: "Quando os espíritos dos defuntos não dispõem de substância suficiente para materializar-se ao natural e fazer-se identificar, podem, todavia, materializar-se em miniatura. Por que? Eu, por mim, ficaria mais satisfeito em ver a figura completa de meu pai, em miniatura, com o seu porte característico e os seus gestos habituais do que unicamente a sua cabeça em proporções normais. Ora, sou de opinião que, no caso em apreço, algo de semelhante se realizou. Dir-se-ia que essa mulherzinha se manifestou a mim, dessa forma, na esperança de que a reconhecesse pelos gestos, pelo porte, pela roupa. Infelizmente, devo dizer que não a reconheci, porém, a sua graciosa figurinha, com os seus cabelos louros anelados, maravilhosamente conformada e vestida de roupa branca parecendo de musselina, me ficou gravada na memória, de modo indelével".
Este caso é, por sua vez, absolutamente semelhante aos outros dois que o precederam. Notarei que, no caso da Sra. Bisson, a figurinha materializada subiu na palma da mão de três experimentadores e que, no caso do comandante Colley, a forma sentou-se nos joelhos desse.
Quanto à hipótese formulada pelo Sr. Colley para considerar o fenômeno a que assitira, pode-se ver que ela é a mesma que formulei a respeito. E se se considera que outro experimentador, a Sra. Fletcher, chegou a hipóteses que pouco diferem da de que tratamos, só se pode deduzir daí que esta concordância, na interpretação do fenômeno, já demonstra que esta hipótese é a mais natural.

CASO V
O episódio que segue não é uma narração propriamente dita dos fenômenos observados, mas simplesmente uma referência a fenômenos desta categoria que se produziram durante longa série de manifestações mediúnicas complexas e extraordinárias, fenômenos que realmente se deram e que servem para esclarecer, ulterior e eficazmente, a gênese provável das manifestações liliputianas, o que me levou a tomá-lo seriamente em consideração.
Na interessantíssima narração do professor F.W. Pawloski a respeito de suas experiências com o famoso médium polonês Frank Kluski, publicada na já citada revista Psychic Science (1925, págs. 206/8), encontra-se a passagem que aqui reproduzo:
"As materializações não são sempre do tamanho normal. No fim da sessão, quando o médium começa a ficar esgotado ou quando não está fisiológica e psicologicamente bem disposto, a estatura dos espíritos torna-se inferior à normal; ela fica reduzida a dois terços ou mesmo à metade da normal. A primeira vez que me sucedeu observar esse fenômeno, julguei tratar-se de crianças, mas, examinando-as melhor, distingui os rostos enrugados de um velho e de uma velha, em dimensões muito reduzidas. Quando esse fato se deu, a personalidade dirigente das sessões disse: "Ajudemos o médium", expressão empregada no círculo para fazer notar que o médium começava a perder as forças e que os experimentadores executassem simultaneamente a respiração profunda cujo efeito era literalmente maravilhoso: o tamanho dos espíritos anões aumentava rapidamente e, em alguns segundos, tomava proporções normais. (Ibid. págs. 216/17)".
Não se poderia desejar melhor prova experimental do que esta para demonstrar que a hipótese que propuz, como dois outros experimentadores, para explicar as causas que determinam as materializações minúsculas, é legítima, racional e bem fundada, pois que é confirmada por modalidades nas quais se realizam os fenômenos em questão. Dever-se-á então reconhecer que, quando rostos ou espíritos em proporções minúsculas se materializam, isto significa, quase sempre, que as personalidades mediúnicas, que se manifestam, não dispõem de ectoplasmas em quantidade suficiente para poderem materializar-se normalmente. É o que vemos produzir-se no caso exposto pelo professor Pawloski, no qual, desde que os assistentes, executando a respiração rítmica profunda, fornecem, abundantemente, fluido vital ao médium, o tamanho dos espíritos materializados aumenta, tornando-se, em alguns segundos, normal. Ora, esse fato não é apenas uma prova a favor de minha tese, mas constitui também uma demonstração absolutamente decisiva de que ela está certa, salvo sempre a circunstância de que o fenômeno pode, por vezes, produzir-se por efeito da vontade da entidade que se manifesta.

CASO VI
Na importantíssima narração do Sr. E. H. Saché, de Auckland (NovaZelândia), publicada na Light (a partir do n.° de 15 de novembro de 1929), encontra-se um episódio de figurinhas vivas completamente materializadas. O médium era a Sra. Lily Hope, residente em Wellington. O narrador fê-la ir a Auckland e escreve a respeito: "A médium viveu em nossa casa durante os 16 dias que duraram as minhas experiências e, nesse período de tempo, apenas saiu duas vezes, acompanhada por mim e a minha esposa".
As sessões de materialização se realizaram à luz vermelha com a médium no gabinete, mas as formas saiam do gabinete mediúnico para se mostrarem em plena luz e muitas vezes afastavam as cortinas a fim delas fazerem ver a médium sentada na poltrona e mergulhada em profundo transe.
Escreve o Sr. Saché:
"À luz vermelha viu-se o ectoplasma cair lentamente sobre o estrado, no ponto de junção das duas cortinas. Ele se elevou até três pés de altura e, no interior dessa substância, começaram a aparecer rostos em miniaturas que se formavam e se dissolviam. Em dado momento, apareceu um rosto que tinha um nariz muito comprido e, pouco depois, dois rostos se materializaram simultaneamente um ao lado do outro. Não nos esqueçamos de que isto se produzia debaixo dos olhares de todos, com uma luz mais do que suficiente e os nossos olhares prescrutadores se aproximavam, às vezes, de algumas polegadas do ectoplasma gerador. Nesse momento, Sunrise (o espírito-guia) nos pediu que abríssemos a cortina lateral e olhássemos para o interior do gabinete. Olhamos e vimos que o médium jazia na sua poltrona enquanto o ectoplasma se formava no centro do gabinete".
A respeito de outra circunstância, escreve ainda o Sr. Saché:
"Houve um curto intervalo de repouso, depois do qual vimos aparecer, no meio de nós, uma figurinha com a altura de cerca de 30 polegadas, a qual, sorrindo, nos dirigiu a palavra. Ela diz ser Sunrise, que deixara, por alguns instantes, o controle da médium a fim de mostrar-se a nós. Perguntamos-lhe por que se manifestava em dimensões tão reduzidas e ela respondeu que assim o fizera para não gastar muita força. Tendo lhe pedido que permanecesse entre nós mais algum tempo do que as outras manifestações, sorriu, fez um sinal negativo com a mãozinha e desapareceu".
Neste quarto episódio das materializações minúsculas integralmente organizadas, nota-se, primeiramente, uma confirmação da observação que formulamos em nossos comentários ao caso precedente, isto é, que o fenômeno das materializações minúsculas deve realizar-se, algumas vezes, em consequência de um ato de vontade da entidade manifestante. Nesse último caso, é, com efeito, a própria entidade que afirma ter-se materializado em proporções reduzidas para não consumir muita força. Parece-me, então, que as duas hipóteses, que propuz para a explicação das causas que determinam as materializações minúsculas, já foram examinadas sob diferentes pontos de vista que convergem todos para sua confirmação.Apenas, no caso narrado pelo Sr. Saché, há outra coisa ainda a considerar. Nota-se nele, com efeito, o importantíssimo detalhe de a figurinha materializada conversar com os assistentes. Segue-se daí que, neste caso, trata-se, evidentemente, da encarnação da entidade que operava na pequena forma materializada. Nestas condições, é mais do que patente que se deveria admitir, em geral, a hipótese que propuz e segundo a qual as "materializações minúsculas de rostos e de espíritos" devem ser consideradas como projeções de simples "simulacros" materializados pelas vontade das personalidades operantes.
De outra parte, porém, não é menos verdade que esta regra está sujeita a exceções, pois o último episódio o demonstra de maneira decisiva. Penso que ninguém o contestará, mas, ao mesmo tempo, não ignoro que, a propósito da inteligência que anima a pequena forma materializada, se me poderia objetar que este fato não demonstra a presença, no local, de entidades espirituais estranhas ao médium, pois o "psiquismo" deste último poderia muito bem animar a figurinha. Responderia que, neste caso especial, é impossível provar o contrário e não insistirei nisto ainda que tal não seja opinião minha bem refletida, fundada na circunstância de que, nas experiências do Dr. Hamilton, ainda que só se tratasse de simples rostos em miniatura, chegou-se a obter magníficas provas de identificação pessoal de mortos que materializavam os seus rostos.
E, como no episódio a que refiro, as indicações pessoais fossem ignoradas de todos os assistentes, somos levados, racionalmente, a admitir a presença espiritual, na sessão, daqueles que eram os únicos a conhecê-las e que, ao mesmo tempo, materializaram a imagem dos seus próprios rostos.

CONCLUSÕES
Em conclusão: a presente classificação demonstra que o magnífico caso relatado pela Sra. Bisson, longe de ser único, já se renovou, pelo menos, seis vezes nestes últimos tempos, com modalidades idênticas de produção, o que basta para conferir-se alto valor de autenticidade aos casos de materializações minúsculas.
Nestas condições, era cientificamente oportuno que se lhes descobrissem as causas. A análise comparada de alguns casos que eu recolhi, permitiu-me fazê-lo. Com efeito, graças ao exame das modalidades nas quais esses fatos se produziram, vimos que o fenômeno das materializações anãs tinha, como causa determinante, a circunstância da quantidade mais ou menos suficiente de ectoplasma e de fluidos de que dispunha o espírito que operava. Este, não podendo manifestar-se em proporções normais, o fazia em dimensões reduzidas, o que não impede que, em certos casos, o fizesse para economizar a força e os fluidos de que dispunham.
Pareceu-me, ao mesmo tempo, necessário formular a este respeito uma hipótese mais extensa, segundo a qual os fenômenos em questão, especialmente quando se trata de simples rostos, podem, em princípio, ser considerados como projeções criadas por um ato de vontade das personalidades mediúnicas que operam, ou bem, em casos especiais, simulacros criados por um ato de vontade dos espíritos de defuntos, cujos rostos ou figuras foram representados nas formas em apreço. Sempre, bem entendido, com as inevitáveis exceções à regra, nas quais as figurinhas materializadas aparecem vivas, inteligentes, o que leva a pensar que elas são, diretamente, animadas pelas entidades que as criaram.
Relativamente ao último problema que se refere à individualidade psíquica (subconsciente ou estranha ao médium) das personalidades mediúnicas que se manifestam nessas condições, o momento ainda não é chegado de formulá-lo definitivamente, pois os dados de que dispomos sobre o assunto não são suficientes.
Entretanto, o fato, mais acima assinalado, de terem certas personalidades mediúnicas de defuntos chegado a demonstrar a sua identidade pessoal, só pode fazer-nos inclinar para a suposição de que se trata, muitas vezes, de verdadeiras intervenções estranhas aos médiuns e assistentes. Isto corresponde, aliás, ao que se verifica em todas as categorias de manifestações psíquicas que, segundo as circunstâncias, podem ser algumas vezes anímicas e outras ocasiões espíritas. Não seria, pois, lógico supor que as manifestações, de que acabamos de tratar, constituam uma exceção à regra e que sejam sempre anímicas.



Minhas Conclusões;



Resolvi mencionar os experimentos ácima apenas como ilustrações escritas há mais de um século sobre o assunto, e o mais importante em tudo é a verácidade dos fatos. Tanto as fotas plasmadas como os estudos já demostravam o interesse pelo assunto. Mas, a mediunidade nesses 150 anos evoluiu porque os médiuns evoluiram e quanto mais evoluirem mais os fenôminos físicos tendem a desaparecer, e outros mais psicos viram.