sexta-feira, 18 de abril de 2008

ORIXÁS/ OGUM / OBÁ






OGUM:

Divindade masculina iorubá, figura que se repete em todas as formas mais conhecidas da mitologia universal, Ogum é o arquétipo do guerreiro. Bastante cultuado no Brasil, especialmente por ser associado à luta, à conquista, é a figura do astral que, depois de Exú, está mais próxima dos seres humanos. O Guerreiro sempre foi a figura mítica do deus mais invocada, já que é sua função realizar no astral as guerras que os seres humanos não conseguem travar ou vencer na sua luta cotidiana. Foi uma das primeiras figuras do candomblé incorporada por outros cultos, notadamente pela umbanda, onde é muito popular. É sincretizado comumente com São Jorge ou Santo Antônio, tradicionais guerreiros dos mitos católicos, também lutadores, destemidos e cheios de iniciativa. Ogum segundo as lendas não era figura que se preocupasse com a administração do reino do seu pai, Odudua. Apesar de ter sido o eventual substituto do pai em diversas ocasiões, ele não gostava de ficar quieto no palácio, dava voltas sem conseguir ficar parado, arrumava romances com as moças da região e brigas com seus namorados. E, criando assim uma imagem política desmoralizante, acabava sendo enviado para o que mais gostava de fazer: lutar para conquistar territórios. Não se interessava pela administração do local conquistado. Ogum é aquele que gosta de iniciar as conquista mas não sente prazer em descansar sobre os resultados delas. Na África Ogum é o Deus do ferro ,a divindade que brande a espada e forja o f erro, transformando-o no instrumento de luta. Assim, seu poder vai-se expandindo para além da luta, sendo o padroeiro de todos os que manejam o ferro: ferreiros, barbeiros etc...É por extensão o orixá que cuida dos conhecimentos práticos, sendo o patrono da tecnologia. É o símbolo do trabalho, da atividade criadora do homem sobre a natureza, da produção e da expansão. Tem junto com Exú posição de destaque logo no início do ritual. Tal como Exú, Ogum também gosta de vir a frente. Tem algo em comum com as duas primeiras figuras do Zodíaco, os signos de Áries e Touro: a energia quase pura, explosivamente criativa e indomada, praticamente inesgotável do carneiro e a visão prática, utilitária, a determinação na busca de objetivos e a capacidade de trabalho do Touro. Como se pode depreender das indicações anteriores, Ogum não se prende a riqueza. Não se interessa pelo poder representado pelo governo, pelo controle do comportamento dos cidadãos em tempo de guerra, por atividades que exijam tempo, paciência e sutilezas diplomáticas ou cuidados com as repercussões secretas e milimétricas de cada atitude. Ogum gosta do preto no branco, dos assuntos definidos em rápidas palavras, de falar diretamente a verdade sem ter que se preocupar em adaptar cada discurso a cada pessoa. è arrogante demais para modificar seu modo de falar e ter de pensar que o que é lógico e válido para ele pode não ser para outros. Pouco se importa com a comodidade e dispensa o luxo. Todas as passagens dos rituais de Ogum, especialmente suas comidas ritualísticas, estão entre as mais despojadas dos costumes africanos. Gosta de dormir no chão, precisa que o corpo entre em contato sempre direto com a natureza e dispensa roupas elaboradas e caras, que possam ser complicadas de vestir ou que exijam muito espaço na mochila. A violência e a energia, porém, não explicam Ogum totalmente. Ele não é do tipo austero. Embora sério e dramático, nunca é contidamente grave. Contenção, aliás, é palavra que desconhece. Quando irado, é implacável, apaixonadamente destruidor e vingativo. Quando apaixonado, sus sexualidade é devastadora e não se contenta em esperar nem aceita a rejeição. Fora da guerra é o Orixá da alegria, da diversão, da delícia de viver, especialmente no contato com amigos e camaradas. Ogum gosta de alegria, de muita gente em volta ouvindo suas histórias, sendo a feijoada uma comida que eventualmente pode ser oferecida ao orixá, por ser um prato social por excelência. O numero associado a Ogum é o sete que divide com seu irmão Exú. Partilha com Exú também a violência, o individualismo e o gosto de entrar de cabeça nas lutas e guerras. Falta a Ogum porém a malícia de Exú que as vezes finge não estar brigando para melhor poder atacar o oponente, enquanto Ogum sempre ataca pela frente, sem medir perigos. Por outro lado, Ogum leva vantagem sobre Exú, mesmo sendo temperamental, dado a repentes, mantém-se fiel a seus próprios objetivos. Não quer vencer a batalha, mas a guerra como um todo. As dificuldades servem de estímulo a Ogum ,quanto mais obstáculos, mais eles permanecem na luta. Existem sete tipos diferentes de Ogum , mas Ogum Xoroquê merece destaque um destaque específico, pois é um orixá masculino duplo, ou seja, possui duas formas diferentes de manifestação. É associado à irmandade e afinidade estreita de Ogum com Exú, pois passa seis meses do ano como Ogum e os outros como Exú, sendo considerado guerreiro feroz, irascível e imbatível.

Caracteristicas de seus filhos:
Tendo um perfil psicológico e um conjunto de lendas riquíssimas, não é difícil reconhecer um filho do Orixá Ogum. Tem um comportamento extremamente coerente, arrebatado e passional, onde as explosões, a obstinação e a teimosia logo avultam, assim como o prazer com os amigos e com o sexo oposto. O arquétipo de comportamento associado a figura do ser violento, impulsivo, dado a brigas, que tem um grave conceito de honra, sendo incapaz de perdoar as ofensas sérias de que é vítima. Mas sempre termina tudo com uma boa gargalhada por ter reconhecido no adversário uma espécie de cúmplice de jogo. Gosta, assim tanto de guerrear a sério como de brincadeira, apenas para medir forças. Os homens e mulheres que tem Ogum como seu orixá de cabeça vão ter comportamentos diferentes de acordo com o segundo orixá que os influencia (o ajuntó), podendo atenuar sua tonalidade sangüíneo-passional, se o ajuntó for, por exemplo, Oxum ou aumentá-la ao extremo, se o ajuntó for Exú ou a guerreira Iansã. De qualquer forma, terão em comum alguns traços: são conquistadores, incapazes de fixar-se num mesmo lugar ou pessoa por muito tempo. São apreciadores das novidades tecnológicas, dos novos caminhos da ciência e de novas formas de desempenho profissional. Os filhos desse Orixá são pessoas curiosas e resistentes, com grande capacidade de concentração no objetivo a ser conquistado: a coragem é muito grande, a franqueza absoluta, chegando mesmo a falta de tato, que, acrescida à rudez habitual, pode conquistar-lhes a fama de mal educados ou pouco preocupados com os outros. É um líder nato, embora certas vezes não demonstre, gosta de assumir o controle de equipes com as quais está envolvido. Gosta de chefias e departamentos onde esteja presente o novo e o inexplorado. Em ternos físicos, o filho de Ogum tende a ser esguio, musculoso e atlético, mas não necessariamente volumoso. Tudo em Ogum se aproxima do conceito de despojamento, do ser que não tem tempo para ser vaidoso, por que está sempre de passagem. A vida dos filhos deste orixá é movimentada, sua casa tem poucos móveis., quase nunca de estilo antigo e de características barrocas, com cantinhos difíceis de limpar. Será um lar austero, com poucas peças, sempre muito práticas, deixando grandes espaços vazios, o importante para ele não é criar um ambiente harmonioso, mas ter cadeiras para sentar, mesa para servir as refeições ou trabalhar e pronto. Os cabelos das mulheres de Ogum costumam ser cortados curtos; quando longos, são mantidos soltos, lisos ou enrolados por uma permanente, ou seja, formas simples que não exijam perda de tempo.

ORIXÁ OBÁ:


Nome de um rio africano, Obá está também associada as águas doces, porém quando revoltas. Companheira de Bará é um Orixá de frente, uma guerreira, que traz consigo a navalha e o facão. Em uma das lendas mais populares das Religiões africanas, conta-se que Obá e Oxum eram esposas de Xangô, uma semana para cada uma cuidar do marido, o que Oxum fazia, Obá copiava, Oxum não aguentava mais que Obá copiasse suas receitas culinárias, o que era seu forte para segurar Xangô. Certo dia Oxum decidiu acabar com a imitação, convidou Obá para ir até sua casa, onde a recebeu com uns panos amarrados na cabeça, na altura das orelhas. Oxum preparava um caldo para Xangô, e disse a Obá que dentro tinha colocado, para agarrar Xangô definitivamente, suas próprias orelhas, o que era mentira, eram apenas grandes cogumelos. Xangô ao chegar comeu aquele caldo como nunca, Obá ao ver tal cena, correu para casa e começou a preparar o caldo, tudo certo como Oxum teria dito, só que Obá cortou realmente sua orelha, Xangô ao comer enjoou e cuspiu tudo. Continuava então a guerra entre Oxum e Obá, só que agora muito mais séria, Xangô como não aguentava mais tanta discussão, resolve matar ambas, que saem correndo pelo mato, transformando-se em rios. E hoje nota-se que o encontro entre os rios Oxum e Obá, na África, são revoltos. Obá ao se manifestar em um Batuque dança com uma mão tapando uma de suas supostas orelhas arrancadas.
Todas as máquinas, carros e navios estão relacionados com Obá, pois a Ela pertencem a roda e o leme.
Saudação: Echô
Dia da Semana: Segunda-feira ou Quarta-feira
Número: 07 e seus múltiplos
Cor: Rosa
Guia: toda rosa
Oferenda: Feijão miúdo refogado com tempero verde e Abacaxi
Adjuntós: com Bará Lodê ou Lanã ou Adagui, com Xangô Agandjú, com Xapanã Jubeteí ou Sapatá
Ferramentas: navalha, timão, roda, moedas e búzios
Ave: Galinha cinza
Quatro pé: Cabrita mocha
Sincretismo:
Obá: Santa Catarina



ORIXAS/YEMANJÁ/ OXUMARE






YEMANJÁ :








Comparada com outras divindades do panteão africano, o orixá feminino iorubá Yemanjá é uma figura extremamente simples. Se formos verificar o número de amantes que teve Iansã, os problemas que a precipitação e a passionalidade de Ogum lhe trouxeram, os conflitos de Oxóssi desrespeitando tabus, o afastamento social de Ossâim, a rejeição que sempre sofreu Omulu-Obaluaiê, a perda traumática do poder pela qual passou Nanã e a vida variada e prazerosa que busca Oxum, a figura de Yemanjá pode parecer até parte de outra comunidade. Ela é próxima paz e da ausência de conflitos, em oposição ao mundo colorido, rico e até mesmo selvagem dos outros, pois representa uma figura em muitos termos passiva. Ela é uma das figuras mais conhecidas nos cultos brasileiros, com o nome sempre bem divulgado pela imprensa, pois suas festas anuais sempre movimentam um grande numero de iniciados e simpatizantes, tanto do Candomblé como da Umbanda. Às vezes festas para outro orixá feminino, Oxum, são confundidas pela mídia como cerimônias e comemorações para a própria Yemanjá. Por ser ligada ao patriarca Oxalá,, Yemanjá é valorizadíssima nos cultos, principalmente nos que se afastam dos costumes tradicionais africanos e do candomblé, conservadores. Conceitos como bem e mal, por exemplo, não existem nas visões originais da África. A hierarquização dos orixás, tentando estabelecer uma ordem entre mais e menos importantes faz sentido para uma religião que hierarquiza Deus, santos e outras categorias menores (chegando a detalhes como mártires, beatos e etc). Mas não faz o mínimo sentido numa cultura aberta e descentralizada como a dos Africanos. As submissões de um orixá ao outro são várias e nunca formam uma casta que transfira poder de um para o outro, mas sim existem vinculações por área: na metalurgia e na guerra, todos devem subordinar-se ao especialista Ogum; na maternidade, às especialistas Yemanjá e Oxum, etc. Cada um é o mais importante para o filho-de-santo deste ou daquele orixá e é o mais importante num determinado quesito, em específica situação. A única exceção para isso é o respeito que todos delegam à figura de Oxalá, o patriarca, mas não é uma questão parecida ao respeito que se deve ap patriarca de uma família por sua longevidade e história. Pelo sincretismo, porém, muita água rolou. Para Oxalá ficou reservado o lugar de Jesus Cristo, fazendo-o ser considerado o mais importante – não por uma relação de família e de papel social perante ela, como no original, mas pela hierarquia própria cristã. Para Yemanjá foi reservado o lugar de Nossa Senhora, sendo, então, artificialmente “mais importante” que as outras divindades femininas, o que foi assimilado em parte por muitos ramos da Umbanda. Mesmo assim, não se nega o fato de sua popularidade ser imensa, não só por tudo isso, mas pelo seu caráter, principalmente, de tolerância, aceitação e carinho. É uma das rainhas das águas, sendo as duas salgadas: as águas provocadas pelo choro da mãe que sofre pela vida de seus filhos, que os vê se afastarem de seu abrigo, tomando rumos independentes; e o mar, sua morada, local onde costuma receber os presentes e oferendas dos devotos. Na África a sua origem é um rio que vai desembocar no mar. De tanto chorar com o rompimento com o seu filho Oxóssi, que a abandonou e foi viver escondido na mata junto com o irmão renegado Ossâim, Yemanjá, se derreteu, transformando-se num rio que foi desembocar no mar. É a mãe de quase todos os orixás de origem iorubá (com exceção de LogunEdé), enquanto a maternidade das figuras daomeanas é atribuída a NanãBuruku. Yemanjá seria filha de Olóòkun, deus (em Benin) ou deusa (em Ifé) do mar. Em uma das histórias de Ifá ( O deus da adivinhação) ela aparece casada com Orunmilá, senhor das adivinhações, depois com Olofin, rei de Ifé, com o qual teve dez filhos. Apesar de preceitos tradicionais relacionarem tanto Oxum como Yemanjá à função da maternidade, pode estabelecer-se uma boa distinção entre esses conceitos. Oxum é a mãe no sentido da fecundação, gestação e criação do bebê. É a responsável pela fertilidade dos homens e das mulheres, pela nutrição do feto e pelo parto. Ela é a guardiã da criança até que esta passe a demonstrar sinais de independência, como o falar por exemplo. Quando podemos perceber qual é o orixá de cabeça da criança, ela deixa de ser responsabilidade de Oxum. Passe então a ser cuidada pelo se orixá e genericamente por Yemanjá. Esta, por sua vez, é mãe daí por diante, recebe a função da maternidade não no sentido de gestação, mas de educação. É a mãe dos homens crescidos, sendo freqüente o fato, nas lendas, de a envolverem com incesto, tendo sido inclusive violentada por uma dos seus filhos. É portanto a mãe do complexo de Édipo, do potencial reprimido sexualmente e socialmente. Nos templos tradicionais, é cultuada como esposa de Oxalá, mãe de todos os Deuses. Reina sobre “todas as águas do mundo” , doces e salgadas, seu nome significa “mãe dos filhos peixes”. Ela usa o Abebé, leque redondo como cabaça, que representa a fecundidade, e a espada que, recortando na matéria das origens, separa e multiplica os seres permitindo o nascimento dos indivíduos únicos. Sua dança lembra o movimento das ondas, fala de fluidez, de distribuição, de germinação, constantemente renovada. A Yemanjá são dedicados tradicionalmente todos os presentes colocados no mar. É a padroeira dos marinheiros, estendendo-se essa proteção a praticamente todos os seres viventes, já que é a Grande-Mãe do astral, o que faz com que sempre seja invocada na cerimônia do “bori”, mesmo quando o iniciado não a tem nem como eledá (primeiro orixá da cabeça) nem como ajuntó (segundo orixá).


CARACTERISTICAS DE SEUS FILHOS:

São pessoas que gostam de luxo e de coisas caras, gostem de ambientes confortáveis, e mesmo quando pobres, pode-se notar uma certa sofisticação em suas casas, se comparadas com as demais casas da comunidade a que fazem parte. Não possuem a mesma vaidade coquete de Oxum, sempre aparentando uma idade maior, mais responsáveis e decididos que os filhos do orixá da água doce. Enquanto os filhos de Oxum são mais diplomatas e sinuosos, os de Yemanjá, se mostram mais diretos. A força e a determinação fazem parte de seus caracteres básicos, assim como o sentido da amizade e do companheirismo. Não enxergam a vida como uma luta, como os filhos de Ogum ou de Iansã, mas como uma jornada, uma travessia longa, difícil, mas que pode ser prazerosa e inevitável. A família e os filhos tem grande importância na vida dos filhos de Yemanjá. A relação com eles pode ser carinhosa, mas nunca esquecendo conceitos tradicionais como respeito e principalmente hierarquia. São pessoas que não gostam de viver sozinhas, sentem falta da tribo, inconsciente ancestral, e costumam, por isso, casar-se ou associar-se cedo. Não gostam de empregos competitivos e preferem atividades que possam ser desenvolvidas com certa calma e tranqüilidade. Não apreciam viagens, e quando o fazem preferem casas ao invés de hotéis para que assim possam repetir hábitos costumeiros do dia-a-dia. Não são fascinados pela vida social, preferindo pequenas reuniões ao invés de grandes festas. Os filhos de Yemanjá demoram muito para se tornar amigo de alguém, pois são grandes conhecedores da natureza humana. Fisicamente tem certa tendência a uma forma mais arredondada, um pouco gorda. Nas mulheres a presença de seios grandes ou precocemente caídos. Nos homens, o peito costuma ser um pouco saliente. Seu humor tende a ser suave, mas podem facilmente se irritar quando criticados ou quando sua autoridade é questionada.


OXUMARE:





Oxumarê é um Orixá bastante cultuado no Brasil, apesar de existirem muitas confusões a respeito dele, principalmente nos sincretismos e nos cultos mais afastados do candomblé tradicional africano como a Umbanda. A confusão começa a partir do próprio nome, já que parte dele também é igual ao nome do orixá feminino Oxum, a senhora das águas doces. Algumas correntes da Umbanda, inclusive, costumam dizer que Oxumarê é uma das diferentes formas e tipos de Oxum, mas no candomblé tradicional tal associação é absolutamente rejeitada. São divindades distintas, inclusive quanto aos cultos e à origem. Em relação a Oxumarê, qualquer definição mais rígida é difícil e arriscada. Não se pode nem dizer que seja um orixá masculino ou feminino, pois ele é as duas coisas ao mesmo tempo: metade do ano é macho, a outra metade é fêmea. Por isso mesmo a dualidade é o conceito básico associado a seus mitos e a seu arquétipo. Essa dualidade onipresente faz com que Oxumarê carregue todos os opostos e todos os antônimos básicos dentro de si: bem e mal, dia e noite, macho e fêmea, doce e amargo, etc.... Nos seis meses em que é uma divindade masculina, é representado pelo arco-íris que, segundo algumas lendas é aponte que possibilita que as águas de Oxum sejam levadas ao castelo no céu de Xangô. Nos seis meses subseqüentes, o orixá assume a forma feminina e se aproxima de todos os opostos do que representou no semestre anterior. É então uma cobra, obrigado a se arrastar agilmente tanto na terra como na água, deixando as alturas para viver sempre junto ao chão. Sob essa forma, segundo alguns mitos, Oxumarê encarna sua figura mais negativa, provocando tudo que é mau e perigoso. Oxumarê é o orixá do movimento, da ação, da eterna transformação, do contínuo oscilar entre um caminho e outro que norteia a vida humana. É o orixá da tese e da antítese. Por isso, seu domínio se estende a todos os movimentos regulares, que não podem para, como a alternância entre chuva e bom tempo, dia e noite, positivo e negativo. Certas casas de Umbanda e certos zeladores tem em seus cultos a não presença do orixá Oxumarê. Ledo engano aqueles que pensam que Oxumarê não faz parte dos cultos de Umbanda. É o orixá das sete cores do arco-íris, e por isso traz na sua essência as sete linhas dentro de Umbanda. É o orixá das cores e de tudo o que é belo. Não existe altar sem rosas e não existe rosa sem cor. Ai está presente Oxumarê. Em termos superficiais, pode-se também associar o arco-íris ao bem e a cobra ao mal por que se o primeiro é uma imagem colorida, bonita, que traz o prazer estético as pessoas, o segundo é um animal perigoso, que pode levar o homem a morte. Outra fonte de identificação a respeito do Orixá vem das contradições existentes em suas lendas. Acontece que a origem do Orixá é uma de uma cultura diferente da maior parte doso orixás cultuados no Brasil e na própria África. Oxumarê é uma divindade originária da cultura do daomé, região centro-norte da África. Há séculos tal civilização foi dominada pelos iorubás, povo mais primitivo no sentido de organização social e visão religiosa, mas, em compensação, mais poderoso em termos de organização militar. Como aconteceu com Roma e Grécia, a dominação política de uma sociedade menos rica em produções culturais ou no terreno da superestrutura em geral fizeram com que os mitos dos daomeanos não fossem apenas reprimidos. Pelo contrário os iorubás não tentaram impor sua cultura ao povo dominado. Ficaram , na verdade, impressionados com sua cosmologia e tentaram assimilá-la, principalmente nas figuras que não fossem formas semelhantes a divindades que também possuíssem. Ao mesmo tempo, há uma diferença básica entre a cultura do Daomé e o ponto de vista dos iorubás sobre as divindades em geral. Se as figuras guerreiras de um Ogum sensual e arrebatado, de uma Iansã explícita e franca ou de uma Oxum espertamente maliciosa e diplomática são fáceis de serem compreendidas, formando arquétipos claros, os orixás do Daomé são mais soturnos, misteriosos. Suas lendas não os apresentam completamente como as lendas dos nagôs. Fica sempre um território um pouco escondido, algo secreto, misterioso, no comportamento deles, toda uma faixa de ambigüidade que não permite uma definição tão certeira e simples como dos orixás do país Yorubá. Os deuses do Daomé são mais punitivos, circunspectos, austeros e vingativos. Não são apenas levados pela passionalidade das figuras mais comuns do mundo iorubá, que da mesma forma que punem arrasadoramente, dramaticamente se arrependem do que fizeram aos seres humanos. Não, Oxumarê, Iroko, Omulu, Obaluaiê e Nanã, os orixás do Daomé mais conhecidos e cultuados, castigam quando dispostos ou provocados, mas raramente se arrependem e não possuem as falhas humanas risíveis e humanizadoras das figuras do panteão iorubá. Por ser comum seu “aparecimento” como cobra e como arco-íris nos rios e cachoeiras, Oxumarê costuma receber suas oferendas nesses locais, outro fator a aumentar a confusão que se estabelece entre ele e Oxum, que também é cultuada nesses ambientes.
Oxumarê, como a maior parte dos orixá daomeanos e, principalmente, como outros orixás cujo habitat preferencial é a floresta (Ossain, Oxóssi) por exemplo, e comemorado cerimonialmente às terças feiras (certas nações dão a quarta feira junto com Xangô e Iansã). Como é produto da cultura do Daomé, sua mãe, ao contrário de Yemanjá mãe de praticamente todos os orixás iorubás – com exceção de Logunedé, filho de Oxóssi e Oxum – é a austera Nanã Buruku. Seu pai, não existente na cultura matriarcal dos daomeanos, tornou-se pela assimilação cultural nagô Oxalá, a figura masculina de mais destaque desta cultura. Seu elemento é todo o tipo de movimento constante, de substituição, ruptura, fim, mudança e reinicio. Seu domínio é o arco-íris e a cobra. As contas de Oxumarê denotam sua dualidade pois possuem duas cores e verde e o amarelo. O sincretismo é raro, mas quando acontece, a figura associada ao orixá do arco-íris é a de São Bartolomeu. Para ele são sacrificados bodes, galos e galinhas d’angola (conquíns). As suas comidas ritualísticas podem ser o feijão com milho, a pipoca, azeite, camarões além dos bolos de batata doce com formas de cobras e poços. Seu instrumento é o cacho sagrado das sete cores do arco-íris. Sua saudação é Arrôboboi!!!





Caracteristicas de seus filhos:





Como é de costume a todas as divindades originárias do daomé (cultura Jeje), é relativamente difícil estabelecer um arquétipo específico de comportamento associado ao orixá, já que ele é misterioso e cheio de sombras em seus mitos. Os filhos de Oxumarê são bem mais difíceis de serem reconhecidos do que os guerreiros filhos de Iansã, os calmos e sábios filhos de Oxalá e os maternais e familiares filhos de Yemanjá, por exemplo. Mesmo assim, algumas características básicas podem ser listadas. Há porém, divergências em relação às suas características ao consultarmos autores diferentes. Para uns Oxumarê é associado à riqueza: “Oxumarê é o arquétipo das pessoas que desejam ser ricas; das pessoas pacientes e perseverantes nos seus empreendimentos e que não medem sacrifícios para atingir seus objetivos”. Para certos autores os filhos de Oxumarê possuem o dom da vidência. Quando vivia na Terra, Oxumarê previa tudo, adivinhava o que ia acontecer, a tal ponto que não era mais possível viver. Os deuses então decidiram mantê-lo afastado dos homens, pois a clarividência total acaba transformando-se em maldição. A seu pedido, Oxumarê obteve a autorização de descer na terra de três em três anos, o que talvez explique parte do mistério referente ao culto deste orixá e também sua rara participação nos jogos de búzios, onde os orixás em geral se revezam nas respostas – mas é raro se encontrar uma resposta de Oxumarê. Seus filhos estão entre aquelas pessoas que, de tempo em tempos, mudam tudo em sua vida: mudam de casa, de emprego, como se ciclos se sucedessem sempre, obrigatoriamente, exigindo e provocando um rompimento com o passado e iniciando diuturnamente a busca de um novo equilíbrio, até o momento da real mudança. Também são apontados nos filhos de Oxumarê certos traços de orgulho e de ostentação, algo que os aproxima do clichê do novo-rico exibicionista. A androginia do orixá por vezes é estendida a seus filhos. Estes, segundo alguns historiadores seriam bissexuais em potencial, mas essa interpretação não é aceita universalmente, tendo alguns sacerdotes especificado que não há ligação possível entre papel, preferência sexual e orixá. Fisicamente são pessoas que se movimentam de forma leve, pouco levantando os pés do chão, sugerindo mesmo a idéia que rastejam. São pessoas que apesar do descrito anteriormente, tem uma grande energia nervosa e necessitam se movimentar, agilidade, indo de um lado para outra. São pessoas que como a cobra, armam seus botes de forma silenciosa, e atacam só quando tem certeza da vitória. São pessoas difíceis de se relacionarem devido a grande facilidade de mudarem tudo de uma hora para outra. São pessoas fechadas e apesar da família e dos amigos são muito fechados e quase sempre obrigatoriamente solitários. Além da tendência de serem esguios a terem pele oleosa, talvez bastante escorregadia, outra característica física saliente que possuem é o olhar, já que olhos de cobra, grandes e um pouco salteados


















quinta-feira, 3 de abril de 2008

UMBANDA / ORIXÁS / OXALÁ



OXALÁ:


Orixá associado à criação do mundo e da espécie humana. Apresenta-se de duas maneiras: moço – chamado Oxaguiam, e velho – chamado Oxalufam. O símbolo do primeiro é uma idá (espada), o do segundo é uma espécie de cajado em metal, chamado ôpá xôrô. A cor de Oxaguiam é o branco levemente mesclado com azul, do de Oxalufam é somente branco. O dia consagrado para ambos é a sexta-feira. Sua saudação é ÈPA BÀBÁ ! Oxalá é considerado e cultuado como o maior e mais respeitado de todos os Orixás do Panteão Africano. Simboliza a paz é o pai maior nas nossas nações na Religião Africana. É calmo, sereno, pacificador, é o criador, portanto respeitado por todos os Orixás e todas as nações. A Oxalá pertence os olhos que vêem tudo (Oxalá de Orumilaia dono da visão no jogo de búzios).


Saudação: Epaô BabaDia da Semana: Domingo Número: 08 e seus múltiplos Cor: Branco e Branco com preto para Oxalá de Oromilaia Guia: toda branca ou 01 branca, 01 preta, 01 branca para Oxalá de Orumiláia Oferenda: canjica branca, merengue e melAdjuntós: Oxalá Obocum com Oxum Pandá, Oxalá Olocum com Oxum Pandá, Oxalá Dacum com Iemanjá Bocí, Oxalá Jobocum com Oxum Docô ou Iemanjá Bocí, Oxalá de Oromilaia com Oxum Docô ou Iemanjá Bomí Ferramentas: jóias em prata, caramujo, sol, cajado, pomba de prata, moedas e búzios, para Oxalá de Oromilaia acrescentamos olhos de prata Ave: Galinha branca e galinha preta para Oxalá de Oromilaia Quatro pé: cabrita branca e cabrita branca com pequenas manchas pretas para Oxalá de Oromilaia


Oxalá Obocum e Oxalá Olocum: Menino Jesus de Praga Oxalá Dacum e Oxalá Jobocum: Sagrado Coração de JesusOxalá de Oromilaia: Espírito Santo ou Santa Luzia


Os filhos dele não gostam de pedir ajuda aos outros, são introvertidos, tranqüilos e reservados.Uma característica marcante é a honestidade. Alguns possuem uma leve sobressalência nas costas (corcunda).Os filhos de Oxalá são calmos, responsáveis, reservados e de muita confiança. Seus ideais são levados até o fim, mesmo que todas as pessoas sejam contrárias a suas opiniões e projetos. Gostam de dominar e liderar as pessoas. São muito dedicados, caprichosos, mantendo tudo sempre bonito, limpo, com beleza e carinho. Respeitam a todos mas exigem ser respeitados.


Olodumaré entregou a Oxalá o saco da criação para que ele criasse o mundo. Porém essa missão não lhe dava o direito de deixar de cumprir algumas obrigações para outros Orixás e Bará, aos quais ele deveria fazer alguns sacrifícios e oferendas. Oxalá pôs a caminho apoiado em um grande cajado, o Paxorô. No momento em que deveria ultrapassar a porta do além, encontrou-se com Bará que, descontente porque Oxalá se negara a fazer suas oferendas, resolveu vingar-se provocando em Oxalá uma sede intensa. Oxalá não teve outro recurso senão o de furar a casca de um tronco de um dendezeiro para saciar a sua sede. Era o vinho de palma o qual Oxalá bebeu intensamente, ficou bêbado, não sabia onde estava e caiu adormecido. Apareceu então Olófin Odùduà que vendo o grande Orixá adormecido roubou-lhe o saco da criação e em seguida foi a procura de Olodumaré, para mostrar o que teria achado e contar em que estado Oxalá se encontrava.Olodumaré disse então que “se ele esta neste estado vá você a Odùduà, vá você criar o mundo”. Odùduà foi então em busca da criação e encontrou um universo de água, e aí deixou cair do saco o que estava dentro, era terra. Formou-se então um montinho que ultrapassou a superfície das águas. Então ele colocou a galinha cujos pés tinham cinco garras. Ela começou a arranhar e a espalhar a terra sobre a superfície da água, onde ciscava cobria a água, e a terra foi alargando cada vez mais, o que em Ioruba se diz IlE`nfê expressão que deu origem ao nome da cidade Ilê Ifê. Odùduà ali se estabeleceu, seguido pelos outros Orixás e tornou-se assim rei da terra.Quando Oxalá acordou, não encontrou mais o saco da criação. Despeitado, procurou Olodumaré, que por sua vez proibiu, como castigo a Oxalá e toda sua família, de beber vinho de palma e de usar azeite de dendê. Mas como consolo lhe deu a tarefa de modelar no barro o corpo dos seres humanos nos quais ele, Olodumaré insuflaria a vida. Um dia Oxalufam, que vivia com seu filho Oxaguiam, velho e curvado por sua idade avançada, resolveu viajar a Oyó em visita a Xangô, seu outro filho. Foi consultar um babalaô para saber acerca da viagem. O adivinho recomendou-lhe não seguir viagem. Ela seria desastrosa e acabaria mal. Mesmo assim, Oxalufam, por teimosia, resolveu não renunciar à sua decisão. O adivinho aconselhou-o então a levar consigo três panos brancos, limo-da-costa e sabão-da-costa, assim como a aceitar e fazer tudo que lhe pedissem no caminho e não reclamar de nada, acontecesse o que acontecesse. Seria uma forma de não perder a vida.Em sua caminhada, Oxalufam encontrou Bará três vezes. Três vezes Bará solicitou ajuda ao velho rei para carregar seu fardo, que acabava derrubando em cima de Oxalufam. Três vezes Oxalufam ajudou Bará, carregando seus fardos imundos. E por três vezes Bará fez Oxalufam sujar-se de azeite de dendê, de carvão, de caroço de dendê. Três vezes Oxalufam ajudou Bará. Três vezes suportou calado as armadilhas de Bará. Três vezes foi Oxalufam ao rio mais próximo lavar-se e trocar suas vestes. Finalmente chegou a Oyó. Na entrada da cidade viu um cavalo perdido, que ele reconheceu como o cavalo que havia presenteado a Xangô. Tentou amansar o animal para amarrá-lo e devolvê-lo ao filho. Mas neste momento chegaram alguns súditos do rei à procura do animal perdido. Viram Oxalufam com o cavalo e pensaram tratar-se do ladrão do animal. Maltrataram e prenderam Oxalufam. Ele, sempre calado, deixou-se levar prisioneiro. Mas, por estar um inocente no cárcere, em terras do Senhor da Justiça, Oyó viveu por longos sete anos a mais profunda seca. As mulheres tornaram-se estéreis e muitas doenças assolaram o reino. Xangô desesperado, procurou um babalaô que consultou Ifá, descobrindo que um velho sofria injustamente como prisioneiro, pagando por um crime que não cometera. Xangô correu para a prisão. Para seu espanto, o velho prisioneiro era Oxalufam. Xangô ordenou que trouxessem água do rio para lavar o rei. O rei de Oyó mandou seus súditos vestirem-se de branco. E que todos permanecessem em silêncio. Pois era preciso, respeitosamente, pedir perdão a Oxalufam. Xangô vestiu-se também de branco e nas suas costas carregou o velho rei. E o levou para as festas em sua homenagem e todo o povo saudava Oxalá e todo o povo saudava Xangô. Depois Oxalufam voltou para casa e Oxaguiam ofereceu um grande banquete em celebração pelo retorno do pai. Assim, todos os acontecimentos tristes acabaram num piscar de olhos, voltando a normalidade.


OXALÁ é o detentor do poder genitor masculino. Todas suas representações incluem o branco. E um elemento fundamental dos primórdios, massa de ar e massa de água, a protoforma e a formação de todo tipo de criaturas no AIYE e no ORUN. Ao incorporar-se, assume duas formas: OXAGUIÃ jovem guerreiro, e OXALUFÃ, velho apoiado num bastão de prata (APAXORÓ). OXALÁ é alheio a toda violência, disputas, brigas, gosta de ordem, da limpeza, da pureza. Sua cor é o branco e o seu dia é a sexta-feira. Seus filhos devem vestir branco neste dia. Pertencem a OXALÁ os metais e outras substâncias brancas. Na África, todos os Orixás relacionados a criação são designados pelo nome genérico de Orixá Fun Fun. O mais importante entre todos eles chama-se Orixalá(Òrìsanlà), ou seja, o grande Orixá, que nas terras de Igbó e Ifé é cultuado cmo Obatalá, rei do pano branco. Eram cerca de 154 Orixás Fun Fun, mas no Brasil a quantidade se reduz significativamete, sendo que dois, Orixá Olùfón, rei de Ifón (Oxalufã), Orixá Ógìyán, o comedor de inhame e rei de Egigbó(Oxaguiã), tornaram-se suas expressões mais conhecidas.A designação de Orixá Fun Fun se deve ao fato de a cor branca configurar-se como a cor da criação, guardando a essência de todas as demais. O brando representa todas as possibilidades, a base de qualquer criação. O nome Orisanlá foi contraído e deu orígem a palavra Oxalá, e com esse nome o grande Deus-pai passoua ser conhecido no Brasil. Todos os Orixás Fun Fun foram reunidos em Oxalá e divididos em várias qualidades de suas duas configurações principais: Òsálufón, Osagiyan, sendo este último, jovem e grerreiro, filho do primeiro mais velho e paciencioso.Todas as histórias que relatam a criação do mundo passam necessariamente por Oxalá, que foi o primeiro Orixá concebido por Olodumaré e encarregado de criar não só o universo, como todos os seres, todas as coisas que existiríam no mundo. A maior interdição de Oxalá é de fato o azeite-de-dendê, que jamais deve macular suas roupas, seus objetos sagrados, e muito menos o seu Alá. A ú nica coisa vermelha que Oxalá permite, é a pena de Ikodidè, prova de sua submissão ao poder genitor feminino.

UMBANDA / ORIXÁS / LENDAS


Orixás:


África:

Na África cada Orixá estava ligado a uma cidade ou a um país inteiro. Tratava-se de uma série de cultos regionais ou nacionais.
Sàngó em
Oyo, Yemoja na região de Egbá, Iyewa em Egbado, Ogún em Ekiti e Ondô, Òsun em Ilesa, Osogbo e Ijebu Ode, Erinlé em Ilobu, Lógunnède em Ilesa, Otin em Inixa, Osàálà-Obàtálá em Ifé, Osàlúfon em Ifon e Òságiyan em Ejigbo.
A realização das cerimônias de adoração ao Òrìsá é assegurada pelos sacerdotes designados para tal em sua tribo ou cidade.


Brasil:

No Brasil, existe uma divisão nos cultos: Ifá, Egungun, Orixá, Vodun e Nkisi, são separados pelo tipo de iniciação sacerdotal.
O
Culto de Ifá só inicia Babalawos, não entram em transe.
O
Culto aos Egungun só inicia Babaojés, não entram em transe.
O
Candomblé Ketu inicia Iaôs, entram em transe com Orixá.
O
Candomblé Jeje inicia Vodunsis, entram em transe com Vodun.
O
Candomblé Bantu inicia Muzenzas, entram em transe com Nkisi.
Em cada templo religioso são cultuados todos os Orixás, diferenciando que nas casas grandes tem um quarto separado para cada Orixá, nas casas menores são cultuados em um único (quarto de santo) termo usado para designar o quarto onde são cultuados os Orixás.
Alguns Orixás são só assentados no templo para serem cultuados pela comunidade, exemplo:
Odudua, Oranian, Olokun, Olossa, Baiani, Iyami-Ajé que não são iniciados Iaôs para esses Orixás.
A
Iyalorixá é a responsável pela iniciação dos Iaôs e pelo culto de todo e qualquer Orixá assentado no templo, auxiliada pelas pessoas designadas para cada função. Exemplo o Babaojé que cuida da parte dos Eguns e Babalosaim que é o encarregado das folhas.
Apesar de serem de origem daomeana,
Nanã, Obaluaiyê, Iroko, Oxumarê e Yewá, são cultuados nas casas de nação Ketu, mas são muito raros os Iaôs que são iniciados, houve casos de passar vinte ou trinta anos sem se iniciar ninguém para esses Orixás que são cultuados em locais separados dos outros.


Orixás, nomes:

Na Mitologia Yoruba, Olorun é o Deus supremo do povo Yoruba, que criou as divindades chamadas (português Orixá; alemão Orisha; espanhol Oricha; Yoruba Òrìsà) para representar todos os seus domínios aqui na terra, mas não são considerados deuses. São cultuados no Brasil, Cuba, República Dominicana, Porto Rico, Jamaica, Guiana, Trinidad e Tobago, Estados Unidos, México e Venezuela.
Exu, Orixá guardião dos templos, encruzilhadas, passagens, casas, cidades e das pessoas, mensageiro divino dos oráculos.
Ogum, Orixá do ferro, guerra, fogo, e tecnologia.
Oxóssi, Orixá da caça e da fartura.
Logunedé, Orixá jovem da caça e da pesca
Xangô, Orixá do fogo e trovão, protetor da justiça.
Ayrà, Usa branco, tem profundas ligações com Oxalá e com Xangô.
Obaluaiyê, Orixá das doenças epidérmicas e pragas, Orixá da Cura.
Oxumaré, Orixá da chuva e do arco-íris, o Dono das Cobras.
Ossaim, Orixá das Folhas, conhece o segredo de todas elas.
Oyá ou Iansã, Orixá feminino dos ventos, relâmpagos, tempestades, e do Rio Niger
Oxum, Orixá feminino dos rios, do ouro, jogo de búzios, e protetora dos recém nascidos.
Iemanjá, Orixá feminino dos lagos, mares e fertilidade, mãe de muitos Orixás.
Nanã, Orixá feminino dos pântanos e da morte, mãe de Obaluaiê.
Yewá, Orixá feminino do Rio Yewa, considerada a deusa da beleza, da adivinhação e da fertilidade.
Obá, Orixá feminino do Rio Oba, uma das esposas de Xangô, é a deusa do amor.
Axabó, Orixá feminino da família de Xangô
Ibeji, Orixá dos gêmeos
Irôco, Orixá da árvore sagrada, (gameleira branca no Brasil).
Egungun, Ancestral cultuado após a morte em Casas separadas dos Orixás.
Iyami-Ajé, é a sacralização da figura materna, a grande mãe feiticeira.
Onilé, Orixá do culto de Egungun
Oxalá, Orixá do Branco, da Paz, da Fé.
OrixaNlá ou Obatalá, o mais respeitado, o pai de quase todos orixás, criador do mundo e dos corpos humanos.
Ifá ou Orunmila-Ifa, Ifá é o porta-voz de Orunmila, Orixá da Adivinhação e do destino.
Odudua, Orixá também tido como criador do mundo, pai de Oranian e dos yoruba.
Oranian, Orixá filho mais novo de Odudua
Baiani, Orixá também chamado Dadá Ajaká
Olokun, Orixá divindade do mar
Olossá, Orixá dos lagos e lagoas
Oxalufon, Qualidade de Oxalá velho e sábio
Oxaguian, Qualidade de Oxalá jovem e guerreiro
Orixá Oko, Orixá da agricultura.


São deuses que correspondentes a pontos de força da Natureza e os seus arquétipos estão relacionados às manifestações dessas forças. As características de cada Orixá os aproxima dos seres humanos, pois eles se manifestam através de emoções como nós. Sentem raiva, ciúmes, amam em excesso, são passionais. Cada orixá tem ainda seu sistema simbólico particular, composto de cores, comidas, cantigas, rezas, ambientes, espaços físicos e até horários. Como resultado do sincretismo que se deu durante o período da escravidão, cada orixá foi também associado a um santo católico, devido à imposição do catolicismo aos negros. Para manterem seus deuses vivos, viram-se obrigados a disfarçá-los na roupagem dos santos católicos, aos quais cultuavam apenas aparentemente.

Estes deuses da Natureza são divididos em 4 elementos - água, terra, fogo e ar. Alguns estudiosos ainda vão mais longe e afirmam que são 400 o número de Orixás básicos divididos em 100 do Fogo, 100 da Terra, 100 do Ar e 100 da Água, enquanto que, na Astrologia, são 3 do Fogo, 3 da Terra, 3 do Ar e 3 da Água. Porém os tipos mais conhecidos entre nós formam um grupo de 16 deuses. Eles também estão associados à corrente energética de alguma força da natureza. Assim, Iansã é a dona dos ventos, Oxum é a mãe da água doce, Xangô domina raios e trovões, e outras analogias.

Na Umbanda e no Candomblé se cultuam muitos outros orixás, desconhecidos por leigos, por serem menos populares do que Xangô, Iansã, Oxossi e outros, mas com um significado muito forte para os adeptos dos cultos afro-brasileiros. Alguns são necessariamente cultuados, devido à ligação com trabalhos específicos que regem, para a saúde, morte, prosperidade e diversos assuntos que afligem o dia-a-dia das pessoas. Estes deuses africanos são considerados intermediários entre os homens e Deus, e por possuírem emoções tão próximas dos seres humanos, conseguem reconhecer nossos caprichos, nossos amores, nossos desejos.

É muito comum, alguns dizerem que suas personalidades são conseqüências dos Orixás que regem suas cabeças, desenvolvendo características iguais às destes deuses africanos.Apresentamos à seguir as descrições dos 16 Orixás mais cultuados no Brasil. Lembramos que existem diversas correntes no Candomblé e na Umbanda, por essa razão as informações poderão ser diferentes de acordo com a tradição ou região.

UMBANDA ESOTÉRICA /AUMBHANDAN / MESTRE MATTA e SILVA






Fonte( Matta e Silva).


Umbanda Esotérica, obra do Mestre Matta e Silva.

Registrada na cidade de São Paulo por ordem expressa de Mestre Yapacani regressou, posteriormente, à cidade do Rio de Janeiro com a participação de Mestre Yassuamy, sendo uma associação filo-religiosa não comercial, não proselitista, assistencial gratuita e a finalidade de seu Círculo de Estudos Umbandísticos é pesquisar, coletar, estudar, analisar e divulgar as relações esotéricas universais contidas na tradição oral e nas práticas religiosas da Umbanda, Candomblé e Vodun, mas sem rejeitar o estudo de outros fenômenos esotéricos de qualquer origem, estando assim aberto à participação de qualquer espiritualista que queira colaborar para o maior conhecimento e divulgação das mais diversas formas de manifestação da Espiritualidade. Assim, não nos importa o rótulo usado para definir os agentes ou pacientes dessas Variações Esotéricas: Umbanda, Omolocô, Umbanda Esotérica, Nação, Candomblé, Vodun, Malê, Santería, Candomblé de Caboclo, Toré, Babassuê, Xangô do Nordeste, Tambor de Mina ou, então, Abaçá, Tenda, Centro Espírita, Terreiro, Ilê Axé, Varandão, Ordem Iniciática, Casa de Oração. Para nós, todos eles são apenas expressões diversificadas para designar uma única e mesma realidade: a Espiritualidade em ação redentora na sociedade brasileira. E é esse conceito esotérico eclético que, desde o começo, buscávamos expressar ao adotarmos o Círculo Cruzado, abrangente em todos os seus quadrantes, como símbolo de nossa Ordem Iniciática. Assim, para divulgar os resultados desta busca de ecletismo, oferecemos ao público esta Home Page, na qual se encontrará assuntos os mais variados sobre o Esoterismo na Umbanda. O assunto é longo e desta forma, saudamos, antecipadamente, aos nossos leitores por sua persistência e paciência na leitura desta HP, pedindo-lhes que não se surpreendam por verem uma organização umbandista navegando na Internet, pois que a Umbanda é evolutiva e foi de estudo em estudo que seus Mestres compreenderam que deviam abandonar as técnicas de comunicação advindas da Idade Média e utilizarem-se da mais nova forma de Magia moderna: a Informática, a qual, metaforicamente, tem um paralelo esotérico com o Espelho Mágico, do qual dizia-se ser capaz de refletir em sua superfície, toda a gama das cores do conhecimento humano. Decorre dessa evolução a existência desta Home Page que deseja sensibilizar a "intelligentzia" brasileira, mormente àquela que estuda os cultos religiosos brasileiros de origem afro-ameríndia, para a importância e pioneirismo de se abrir um espaço cibernético à divulgação dos conceitos religiosos que são professados por muitos milhões de brasileiros, mormente pelos descendentes dos espoliados de suas raízes raciais, os quais precisam e querem reencontrá-las.


Origens:


A Tenda de Umbanda Oriental - (T.U.O.) tem sua memória coletiva tri-partida: uma primeira parte, a inicial, está contada pelo próprio W. W. da Matta e Silva em alguns de seus livros; outra segunda parte, muito mais recente, vai ensaiada nos livros dos Mestres Arapiaga e Hanamatan, enfocada sob o prisma pessoal de cada um deles. Mas, existe uma terceira parte, mais antiga e intermediária, ainda de todo não escrita e que se refere a real participação de familiares e "filhos-de-fé" de Mestre Yapacani que eu conheci e, também, as de outros anteriores seus amigos com os quais não mantive convivência e cuja relevância desconheço ou me escapa da memória, mas que o próprio Mestre afirmou-me que houveram. E é para que não mais se me escape da memória, o real valor dessas contribuições prestadas ao Mestre Yapacani, sobretudo nos anos em que ainda não haviam chegado o prestígio e o poder, que eu resolvo agora prestar este meu claro e firme depoimento, em virtude de ser eu - Itaoman - o mais antigo Mestre de Iniciação da T.U.O. e, também, um dos fundadores da Primeira Ordem Iniciática do Esoterismo de Umbanda (1968) - Ordem do Círculo Cruzado - que emergiu dos Ensinamentos Esotéricos propostos por Mestre Yapacani. Assim, é por faltar tal tipo de depoimento dos fundadores da T.U.O que, hoje em dia, a parte mais antiga desta história somente poderia ser parcialmente contada por Dona Carolina da Silva, a primeira esposa de Matta e Silva, por ele mesmo citada em seu livro - "Umbanda de Todos Nós" - como "testemunha silenciosa". Na página dedicatória deste livro, verdadeira vertente original da codificação da Umbanda Esotérica do Brasil, ele próprio diz: -"Dedico esta página à Carolina - esposa, amiga e irmã dentro desta mesma Umbanda. Assim afirmo, porque tu fostes e és a testemunha silenciosa da luta tremenda que tive de manter, por causa deste livro - e do outro mundo, também - com o baixo mundo, encarnado e desencarnado."- Desta forma, como afirmei antes, a história da T.U.O. está intimamente ligada à dos seus protagonistas e, por isso mesmo, prefiro considerar como data referencial de sua fundação, não a data temporal, mas sim o fato místico relatado pelo próprio Matta e Silva à página 14 de sua sétima obra "Umbanda e o Poder da Mediunidade": -"Sempre tive uma tendência irrefreável, desde muito jovem, 16, 17 anos de idade, que me impulsionava a ver as chamadas "macumbas cariocas". Claro está que não estava ainda conscientizado do "porquê" de semelhantes impulsos (se bem que, desde 9 anos de idade eramos acometidos por fenômenos de ordem espírito-mediúnicos e aos 16 anos já acontecia a manifestação espontânea de nosso "preto-velho", que baixava num quarto onde morávamos, na rua do Costa, nº 75) ..."- Como Matta e Silva nasceu em 1917, a minha referência para a fundação mística da T.U.O. passa a ser, portanto, o ano de 1933! Mas, em algum lugar e com alguém, deve existir a documentação civil da fundação desta T.U.O. da qual não participei, porque mesmo este extraordinário Mestre Yapacani (Matta e Silva) não podia fazer tudo sozinho: ele teve muitos companheiros nessa empreitada, dos quais nomeia quatorze na 2ª edição de seu livro "Umbanda de Todos Nós": Cícero Faria Castro, Clara Landesman, Ernestina Magalhães Corrêa, Ery Carvalho de Miranda, Geraldo Dias Carneiro, Ivone Pereira, José Campos Filho, João Antônio Pereira, Jessé Nascimento, Manoel Rodrigues da Silva, Maria Soares Cortes, Nelson Ribeiro, Sebastião Fernandes Corrêa, Wanda Alves Ribeiro. Dentre estes nomes, referentes à esta 1ª etapa, ressaltarei os de Wanda, Nelson e Cícero que permaneceram ao seu lado, mesmo depois que, por ordens do Astral Superior, Matta e Silva dispensou a todos os companheiros de suas obrigações para com ele, como se lê na página 7 do referido livro: -"Nelson, Wanda : Vocês, meus Irmãos, foram valentes e diretas testemunhas de minha prova crucial. Vocês, meus amigos, foram intrépidos auxiliares na tremenda luta que mantive, quase contra tudo e contra todos."- Sim, "quase" contra tudo, pois do Astral Superior, em hora e data por ele próprio precisada, em seu socorro Pai Guiné "desceu na Gira de Umbanda" pela primeira vez para auxiliar o anterior Guia Espiritual, Pai Cândido: -"Meus irmãos espirituais ... jamais esqueceremos o dia dois de abril de 1958 as 14,15 hs, hein? Como um pito e três fumaradas trouxe o velho G.... hein Wanda ... lembras? Como a "coisa" pegou fogo, daí em diante. Assim, dedico-lhes esta página, para que saibam que jamais esqueci um só minuto, a nossa passada e presente amizade, da qual, deram provas em carinho e dedicação, durante o tempo que privamos, testemunhando juntos ... naquela luta de março a junho de 1958 ..."- Outra vez, sim, "quase" contra todos, pois em seu auxílio também acorreram nomes respeitáveis do Movimento Umbandista à época, tais como o Capitão Benedito Lauro do Nascimento (Diretor da Tenda Espírita Estrela do Mar); Nelson Machado (Diretor da Tenda Pai Tibiriçá e Caboclo Sete Estrelas do Mar); Capitão José Alvares Pessoa (Presidente e Diretor de Doutrina da Tenda São Jerônimo). E aí o Mestre pode, como ele próprio disse, "cruzar suas armas" e recuperar-se da luta astral e física que lhe custara a publicação do livro "Umbanda de Todos Nós", à sua própria expensa, em 1956, para então terminar com as suas próprias mãos e mais as de sua esposa, a casa simples da rua Boa Vista nº 157, no Bairro Brasilinha, em Itacuruçá-RJ, aonde, no último pequeno aposento dos fundos, plantou o Axé da 2ª etapa da T.U.O., firmado numa "Otá" (pedra alongada de cachoeira), fincada à meia altura da parede, sobre a qual repousava a estátua de São Miguel, tão pequeno era o espaço físico disponível naquele aposento que se abria para a imensidão do Astral Superior e para a Ancestralidade da Umbanda! E, em 1960, com a 2ª edição daquele livro, agora lançado por aquela que se tornaria a sua editora permanente, a Freitas Bastos, Matta e Silva pode dizer, no prefácio, aos seus "filhos-de-fé": -"E, se algum dia, necessitarem de sua palavra para assuntos de alta relevância espiritual, podem procurar este velho irmão - seu "aparelho", que ainda tem seu "congá" e a sua presença ... "-


Não demonstre tanta surpresa assim, meu irmão leitor que não viveu aqueles tempos e que pensa conhecer um pouco desta história. À época, ainda se orava a São Miguel e não a Mikael, o Arcanjo. Também lamento, não poder aqui mostrar fotos do "terreirinho" dessa época que eu ainda conheci: elas existem, mas foram parar às mãos de um outro Irmão-de-Fé, após o desencarne de Matta e Silva! Por último, mas não menos importante, nesta época ainda se "batia" um pouquinho de "atabaque", vez por outra, coisa pouca! Pois eu cheguei às portas da T.U.O., naquele então "fim-de-mundo" da Baixada Fluminense, no auge do verão de 1963, muito acalorado e empoeirado, pois a estrada ainda era de saibro batido e a única alternativa, o trem, nem sempre trafegava uma vez por dia. Profundamente angustiado, trazia como única bagagem espiritual a leitura dos livros de Matta e Silva e as estranhas manifestações expontâneas de um Preto-Velho, as quais eu não compreendia, não gostava e, ainda mais, eu temia! Primeira decepção e primeira alegria: Matta e Silva não estava e recebeu-me sua esposa, Dona Loló, como aprendi a chamá-la depois de melhor conhecê-la e à sua bondade e alegria de viver. Vendo-me decepcionado pela ausência de quem eu procurava, caridosamente ela insistiu comigo (um estranho mal vestido, empoeirado e angustiado) para que não fosse embora e entrasse no pátio de sua casa para esperar a volta de seu marido, servindo-me, de sua pequena cozinha, água fresca (ah! era a primeira vez que eu bebia a água que vinha de nossa cachoeira sagrada), café, bom humor e muita esperança, desta forma agindo como uma autêntica "Mãe" para um novo "filho" que ali chegava pela primeira vez. E foi assim que sempre eu a considerei ... ... Depois, conheci Matta e Silva e na primeira vez em que falei com Pai Guiné ainda no pequenino Terreiro da 2ª etapa do TUO, ao começarmos a falar, o canto de um galo soou ao longe e ele apenas sorriu. Não me perguntou de onde eu vinha, nem que religião eu professava ou o que eu ali esperava encontrar. Sempre interrompido pelos sucessivos cantares do galo, cada vez mais perto, perguntou-me apenas se eu estava agora disposto a enfrentar meus próprios erros para corrigí-los, enquanto o galo, já agora bem na soleira da porta, cantava pela sétima e última vez. Sim, houve testemunha desse fato (lembra-se, meu amigo Roberto "Gordo" ?) e o cantar do galo foi gravado por ela, mas esta fita, muito antiga e que o próprio Matta guardava com carinho, também sumiu ... ... Não me lembro das palavras com que dei meu consentimento, mas sei bem que, apesar de homem feito, eu chorei e muito! E esse foi o começo da cura dos males que me afligiam, pois era a primeira vez que alguém me fazia confrontar a máxima esotérica :-"Conhece-te a ti mesmo". Foi a primeira vez, também, em que ouvi um Preto-Velho, no mesmo momento, compor e cantar uma canção, um Ponto-de Raiz, o qual nunca mais esqueci:



-"Deu meia-noite e o galo canta, Oi, na Aruanda e no Terreiro. Dizem a Umbanda tem mironga, tem mironga E Pai Guiné é feitiçeiro. Canta e canta, "minha" galo, que a folha da Jurema ainda não caiu!"-



Permaneci ao lado do Mestre de 1963 à 1988, não só beneficiando-me de seus ensinamentos e aprendendo a Antiga Sabedoria dos Povos, bem como conhecendo seu lado humano e familiar: era um homem inteligente, caridoso e bom, de hábitos simples, bom pai de família, canhestro na cobrança da Lei de Salva e com um peculiar senso de humor nordestino que só se manifestava entre amigos. Tornei-me em seu discípulo, colaborador, divulgador e amigo. E atesta sua grandeza de alma o fato de que por duas vezes, nesses 25 anos de íntima convivência, ele tenha permitido que eu me "licenciasse" temporariamente de seu convívio por discordar de algumas de suas opiniões particulares e atitudes não-doutrinárias, bem como tenha me perdoado todas as vezes em que, por não compreender bem suas lições, discuti suas ordens e demorei em cumprir as instruções delas decorrentes. Sim, também aprendi que a "sombra" do Mestre pode ser muito pesada para um discípulo fiel, mas de mente aberta e inquisitiva! Hoje compreendo que aquelas provocações eram sua forma de preparar-me para a responsabilidade e a solidão de um Mestrado que eu, à época, pensava ser composto apenas de poder e prestígio: ele queria formar discípulos conscientes de seus livres arbítrios e não autômatos bitolados e serviçais! E embora eu não tenha sido um "trabalhador da undécima-hora", também não fui dos primeiros a lá chegar. Já no ano de 1963, lá encontrei muitos dos que me honraram com a Irmandade da Fé: Sílvio, Manoel Sardinha, Gerson, Oswaldo, José Vieira, Eduardo Costa Manso já estavam ou haviam estado junto ao Mestre. É verdade que alguns deles não tinham a compreensão da verdadeira importância de Mestre Yapacani dentro do Movimento Umbandista, mas todos tinham pleno conhecimento da bondade e da caridade daquele homem que sempre tinha uma palavra de conforto para atender à uma multidão de desamparados sociais da região, com seu conhecimento das profundezas da alma humana e do poder curativo das ervas. Desta forma, como eu mesmo, eles não viam a T.U.O. como uma "Escola Iniciática" e sim como um "Pronto-Socorro Espiritual" para os aflitos, os desesperançados e os doentes.



Assim, talvez apenas porque fosse a hora certa, eu estava presente e fui um dos rateantes da quantia com que se adquiriu o terreno baldio contíguo à sua simples residência-santuário e rapidamente se levantou o novo espaço da 3ª etapa da T.U.O., o pequeno templo independente que a maior parte dos "filhos-de-fé" posteriores freqüentou entre 1967 e 1988 e, sobre o qual, hoje tanto se fala. E fui eu que nele plantou a muda da árvore Cajazeira para o Orixá Ogum e tive o prazer de vê-la crescer entre baforadas de fumo do cachimbo de "meu" Preto Velho Pai Vicente de Angola que, agora, eu não mais temia:
"A fumaça do cachimbo do vovô paira no ar, só não vê quem não quer! Preto velho trabalha com fé! A mandinga do velho é debaixo do pé!"
Ah! Sim. Eu ainda não era um "makrom", mas já havia aprendido alguns "Pontos Cantados de Raiz" e começava a aprender os "Símbolos Sagrados" da Umbanda.



E, por estar ali, naquela hora, tive a felicidade de ser aquele que recebeu do Caboclo Juremá as instruções para a feitura do novo Congá, o qual ajudei a instalar, físicamente, tijolo por tijolo, e, astralmente, pintando "Pontos de Pemba" em ritual próprio, cujas réplicas hoje estão instaladas nos "Centros" de todo o Brasil que seguem ou dizem seguir a Linha Ritualística da T.U.O.. E foi Pai Guiné, incorporado em Matta e Silva, naquele ritual, quem me autorizou a "sobre-riscar" seu Ponto de Pemba, que era visível a todos sobre o Congá e do qual, muitas vezes ao longo dos anos, reavivei com Pemba Consagrada os "riscos" que se desgastavam com o tempo e uso público em muitos rituais e consagrações. E essa honra não era só minha: também a tinha meu Irmão de Santo e Mestrado Yassumy (Mario Tomar) e, quiçá, alguns outros que já me criticaram por não guardá-lo só para "nós". Mas é que eu assisti Mestre Yapacani autorizar, (da mesma forma que a mim quando fundei o primeiro Terreiro da Linha da T.U.O. em São Paulo, juntamente com José Vieira e Eduardo Costa Manso), a outros "Filhos-de-Fé" copiarem-no e usarem-no em seus Terreiros como símbolo de suas filiações espirituais à Raiz de Pai Guiné no Santuário de Umbanda Esotérica de Itacuruçá. Por isso, sempre dei de graça aquilo que de graça recebi. E, naqueles tempos, não se usava pedir a um Mestre algum papel que comprovasse filiação, tal como se faz numa transação comercial. Este Ponto de Pemba, riscado por Pai Guiné após sua primeira incorporação ("às 14 :15 horas do dia 02 de abril de 1958", segundo as próprias palavras de Matta e Silva), foi, é e sempre será o símbolo astral que reflete, por si próprio, a ligação espiritual que um Mestre da Raiz de Pai Guiné, ou qualquer outro seu "Filho-de-Fé", pode fazer sincera, direta e livremente com o Astral Superior sem interferência de qualquer "Pai-de-Santo", porque esta solene ligação é feita no único templo verdadeiro que existe: o coração de cada um de nós (lê-se exatamente isso em Matta e Silva). Portanto, tal Ponto nunca foi, não é e nunca poderá ser propriedade exclusiva de ninguém, seja qual for o grau que esse "ninguém" mereça, ostente ou atribua-se. E, justamente, por ser de visão pública e para refletir sobre todos os Filhos de Pai Guiné, tenho certeza, ele não foi um dos objetos escolhidos acompanhar o Mestre por quem fez seu Axéxé. E por último, mas não menos importante, sua irradiação astral será sempre atuante e exclusivamente benéfica, pois foi "riscado" por uma Entidade de Luz do Astral Superior em Missão Sacrificial. E nenhuma Entidade de Luz castiga seus "Filhos-de-Fé", mesmo que eles sejam transgressores, transviados ou mesmo ofensores: isto é atribuição do Imole Esu e este é um dos motivos por que esta última Entidade Astral é um Imole e não um Orisa, mesmo que se o considere como "telúrico".



E, para minha melhor recordação desse tempo, coube a mim guardar para sempre aquela "Ota" da Cachoeira Sagrada do antigo "Terreirinho", sobre a qual repousou a estátua de São Miguel, o Arcanjo e em contacto com a qual, nos tempos difíceis, muitos Filhos-de-Fé "bateram suas cabeças", nisso encontrando alívio, perdão e renovada força, enfim, o Ase da Corrente Espiritual das Santas Almas do Cruzeiro Divino. E, esta, foi a única "herança" do Santuário de Umbanda Esotérica de Itacuruçá que pedi a meu Mestre (além de seu Aguiri da Costa que ele me destinou e que nunca me entregaram), após longos anos de aprendizado, obediência, convivência e companheirismo em lutas astrais. Nenhuma mais desejo possuir, muito menos as "botinas" do Mestre! Sim, pode ser que sejam recordações saudosistas da T.U.O., uma Época de Ouro da Umbanda Esotérica com que eu fui agraciado por Deus em conviver, mas também são o atestado público de um Mestrado que dispensa qualquer documentação civil. Mas, quem gostar de "documentos" que leia a Carta de Matta e Silva de 1968 que está no tópico Ordem Iniciática deste Site. Nesse meio tempo, a obra religiosa do Mestre aumentava e com a divulgação de seus outros livros (nove, ao todo), muitos foram os Umbandistas que para lá começaram afluir. Também os Chefes de Terreiro de várias partes do Brasil, no decorrer dos anos subseqüentes, lá foram procurar ajuda e/ou em busca de uma filiação espiritual que legitimasse a sua anterior formação expontânea. E, agora, muitos deles, apesar de terem estado com nosso Mestre apenas um curto período de tempo, aparecem solenemente portando grandes espadas e Pontos de Pemba elaboradíssimos em pedaços de tábuas, falando com muita intimidade sobre Woodrow Wilson da Matta e Silva, dizendo aos quatro ventos: -"Eu sou um Mestre da Raiz de Guiné!"-


Mas, só em se reunindo todos os depoimentos autênticos acharemos a verdade e ajudaremos a compor um nítido mosaico de um momento histórico da Umbanda Esotérica que poderá vir a ser, com o trabalho dos Mestres vindouros, o grande "vitraux" esotérico da Corrente Astral do Aum Bhan Dan para filtrar somente a mais pura Luz Espiritual sobre esta antiga Terra de Pindorama.



Em verdade, poucos foram os que ficaram, estudaram, aprenderam e realmente foram consagrados por Mestre Yapacani, tornando-se Irmãos-de-Santo e queridos do coração dos humildes que eram a verdadeira razão da TUO existir. Entre eles, lembro-me de citar, em ordem cronológica: - Mestre Yassuamy (Mário Tomar), meu Irmão de Coração e verdadeiro amigo, um dos fundadores da Ordem do Círculo Cruzado e que foi mais que um filho carnal poderia ter sido, secundando o Mestre quando a sua visão física começou a embaciar. - Outros Iniciados e Discípulos mais antigos: Professor Rodrigues, Tatá Mironga, Lourdes, Aline, Mirian, Gavião, Caparelli e Mirela Faur, Ivan e Maria Estela, Burtiol, Leonídio, Arlindo que foram a coluna dorsal do atendimento à multidão de aflitos. - Mestre Itassoara (Valter Lima e Silva), um dos Mestres no Estado do Espírito Santo. - Mestre Arabayara (Ovídio Carlos Martins), que foi o fiel depositário das disposições testamentárias do Mestre. Obs.


Conheci o Mestre Arabayara pessoalmente e frequentava o seu terreiro, assim como também tive o seu convite para participar da corrente da casa e dicas de como elaboraram e pesquisaram para chegarem a Umbanda Esotérica.

Dona Sallete, a segunda esposa de Matta e Silva que foi "Mãe Pequena" para muitos dos posteriores "filhos" e que emprestou ao Mestre cuidados pessoais, polimento e verniz social. - Mestre Norberto Nadalini, a quem Matta e Silva autorizou, por escrito e com firma reconhecida, em 04 de dezembro de 1987, a fundação de uma "escola sobre os fundamentos da Aumbandam Esotérica", na região de Votuporanga - SP; - Mestre Arapiaga (Francisco F. Rivas), que dá continuidade organizada à obra do Mestre Yapacani com a fundação de uma outra Ordem - a Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino - hoje já congregando diversos templos umbandistas em São Paulo, quiçá, no mundo. Nasceu dentre esses co-irmãos, muitos anos depois, a compreensão de que a 3ª etapa da TUO - Tenda de Umbanda Oriental, embora nunca deixasse de atender aos pobres, aos doentes e aos aflitos, na realidade, foi uma Escola Iniciática que cumpriu sua missão e deu seus frutos na criação, codificação e divulgação dos Ensinamentos da Umbanda Esotérica.


Em 1988, com o passamento repentino de Woodrow Wilson da Matta e Silva, seus últimos herdeiros físicos desfizeram-se da propriedade do terreno do Santuário de Umbanda Esotérica, preservando-se dele apenas o espaço físico do "Congá", por determinação do próprio Matta e Silva. Nada a contestar: eles valeram-se de um direito legal que os assistia. E tenho a tendência em concordar com isso, tendo em vista as palavras anteriores do próprio Matta, em referência à primeira T.U.O., constantes da segunda edição de "Umbanda de Todos Nós": -"Tive ordens de não deixar a direção da Tenda com ninguém. Ninguém podia e nem devia ... e continuo aguardando ordens, é só."-


Assim, por saberem que tal "Congá" ainda estava preservado por seu "Ponto Riscado de Raiz" e defendido por sua "Espada Magística", aqueles seus discípulos que hoje são Mestres de Iniciação também continuram esperando: tudo bem, eles são auto-suficientes. Mas, por outro lado, após anos do passamento do Mestre, preocupa-me os Iwa (Destinos) de meus Irmãos-de-Fé que poderão entrar em desorientação, pois naquele "Congá" não mais poderão militar nenhum dos reconhecidos Mestres de Iniciação formados por Mestre Yapacani, pois, finalmente seus herdeiros desativaram e destruíram tal "relíquia": eles pensam que, assim, desativaram , também, o Vórtice Astral e Espiritual da antiga T.U.O. Pobre daqueles que não preservam suas tradições, mas, talvez que esta tenha sido a última lição de Mestre Yapacani a seus Discípulos: sua vontade de que cada novo Mestre devessse seguir seu próprio caminho, como novas mudas daquela majestosa Árvore de Sabedoria e Compaixão que um dia vicejou nas matas de Itacuruçá. Pois, o que jamais poderá ser desativado são os "lugares sagrados" na Natureza aos quais o Santuário de Umbanda Esotérica estava ligado: as Praias e a Mata Atlântica, aonde estão situadas nossas Cachoeira, Pedreira e Encruzilhada dos Caminhos, cuja localização de difícil acesso é conhecida apenas por poucos Iniciados e sobre as quais, em suas contrapartidas astrais, os reais Mestres de Iniciação continuam a preceituar em benefício de todos aqueles que necessitam das Entidades Espirituais que militavam na TUO. Cremos firmemente que é nesses sítios naturais sagrados é que os Orixás realmente manifestam-se na Terra; o Congá é apenas um lugar temporário de seus pousos entre os humanos.
E foi por ter tido, há muito tempo, a premonição de que esses fatos ocorreriam (eu tive um bom Mestre) que decidi criar meu próprio caminho, fundando a Ordem do Círculo Cruzado, hoje em dia obedecendo apenas ao Astral Superior, através de minha consciência e livre arbítrio, tendo debitada ou creditada esta minha decisão apenas em meu próprio Karma, sem prejudicar a nenhum de meus Irmãos. Por isso mesmo, hoje, relembrando tudo isso, à distância no tempo e no espaço (que me perdoem meus Irmãos Mestres de Raiz ou que assim se dizem), não me surpreende que minhas saudades se voltem muito mais para a figura humana de meu amigo Matta da Silva do que para a sua figura de meu Mestre Yapacani. Surpreende-me, isto sim, o fato de ter sido possível que tanta Luz e Energia Espiritual fluíssem por tanto tempo de um lugar tão pequeno e de um homem tão franzino e que tão pouco de nós as tenhamos bem aproveitado. Sim, "meninos", eu ví, sentí e viví essa Era de Ouro da Umbanda de Todos Nós !!!
Notas:


Dentre todos os filhos de Matta e Silva, para mim, o mais completo é Ribas Neto, do qual, sou seguidor, mesmo não o conhecendo,e não fazendo parte de sua corrente,mas, conheço alguns templos e posso dizer da veracidade,honestridade e união de seus filhos. Entre tantos (ramos) da Umbanda sou digamos assim mais levado ao lado Esotérico da Umbanda.






UMBANDA/ MAIS DEFINIÇOÊS / UMBANDA ESOTÉRICA




UMBANDA, POR SUA RIQUEZA DE CONTEUDO, POSSUI DIVERSAS DEFINIÇÕES DEPENDENDO DO LOCAL ONDE É PRATICADA, DESDE OS TERMOS "UMBANDA POPULAR , À UMBANDA ESOTÉRICA".




Há de se entender, antes de qualquer explicação, que a UMBANDA é uma religião, ou seja, é composta de elementos Divinos (Orixás e Guias); Doutrinários (linhas de atuação, reencarnação, lei do karma, atuação e direcionamento dos médiuns, assistenciados e guias, ...; Princípios (amor, caridade, respeito ao próximo, fé, ...); Rituais (abertura e encerramento das sessões, pontos cantados, feituras, ....); Místicos ( a forma de atuação dos Orixás e Guias); Divinatórios ( jogo de búzios, ... ) Humanos ( seus médiuns, Babás, Babalorixas, Sacerdotes, ...).
Cabe salientar que esses elementos são variáveis e podem ser vistos com mais ou menos intensidade de acordo com a linha doutrinária da casa ( Linhas doutrinárias ou Escolas Doutrinárias ).


Como são muitas as ramificações e suas formas, isso torna difícil agrupá-las em suas peculiariedades, ritos, doutrina, fundamentos, filosofia, práticas. Pretendemos olhar de maneira geral os elementos mais comuns a cada ramificação dentro do possível.
A UMBANDA é uma religião de cunho espiritualista (contato e/ou interferência de espíritos, manipulações magísticas, práticas de cura através dos espíritos e/ou ervas/poções/conjuros, utilização de elementos ou instrumentos místicos)/mediúnica (instrumento pelo qual a prática religiosa se faz presente, especificamente, a incorporação) que agrega elementos de bases africanas (culto aos Orixás e ao espírito dos antepassados: Pretos-Velhos), indígenas (Caboclos), que recebeu influência oriental (indiana, inerente à reencarnação, o kharma e o dharma), e adquiriu elementos do cristianismo (judaísmo) como a caridade, o auxilio ao próximo e outros ditos por Jesus Cristo que no sincretismo religioso (associação dos Santos Católicos aos Orixás africanos) consideramos como o Orixá Oxalá.




Origens( outros conceitos além dos postados), tipos e classificações da UMBANDA:




Existem algumas versões para a origem da Umbanda.
Tentaremos mostrar uma face dessa origem, salientando que não importa as formas variáveis da origem, e sim, como ela atua e o que têm em comum: sua essência.
O início do movimento Umbandista se coloca entre a primeira e a segunda metade do século XIX, junto ao candomblé.
Os negros nas senzalas cantavam e dançavam em louvor aos Orixás, embora aos olhos dos brancos eles estavam comemorando os Santos católicos. Em meio a essas comemorações eles começaram a incorporar espíritos ditos Pretos-Velhos (reconhecidos como espíritos de ancestrais, sejam de antigos Babalaôs, Babalorixás, Yalorixás e antigos "Pais e Mães de senzala": escravos mais velhos que sobreviveram à senzala e que, em vida, eram conselheiros e sabiam as antigas artes da religião da distante África) que iniciaram a ajuda espiritual e o alívio do sofrimento material, àqueles que estavam no cativeiro.
Embora houvesse uma certa resistência por parte de alguns, pois consideravam os espíritos incorporados dos Pretos-Velhos como Eguns (espírito de pessoas que já morreram e não são cultuados no candomblé), também houve admiração e devoção.
Com os escravos foragidos, forros e libertados pelas leis do Ventre Livre, Sexagenário e posteriormente a Lei Áurea, começou-se a montagem das tendas, posteriormente terreiros.
Em alguns Candomblés também começaram a incorporar Caboclos (índios das terras brasileiras como Pajés e Caciques) que foram elevados à categoria de ancestral e passaram a ser louvados. O exemplo disso são os ditos "Candomblés de Caboclo". Muito comuns no norte e nordeste do Brasil até hoje.
No início do sec. XX surgiram as Macumbas no sudeste do Brasil, mas precisamente no Rio de Janeiro (sendo que também existiam em São Paulo) que mesclavam ritos Africanos, um sincretismo Afro-católico e outros mistos magísticos e influências espíritas (kardecistas). Isso era feito isoladamente, por indivíduos e seus guias, ou em grupamentos liderados pelo Umbanda ou embanda que era o chefe de ritual.
De certa forma, com o passar do tempo, tudo que envolvia algo que não se enquadrava no catolicismo, protestantismo, judaísmo ou no espiritismo, era considerado macumba. Virou um termo pejorativo e as pessoas que a praticavam, o que podemos rotular como uma "Umbanda rudimentar", não estavam muito interessadas ou preocupadas em dar-lhe um nome. Porém, o termo Umbanda já era utilizado dentro de uma forma de culto ainda meio dispersa e sem uma organização precisa como vemos hoje.
A mais antiga referência literária e denotativa ao termo Umbanda é de Heli Chaterlain, Contos Populares de Angola, de 1889. Lá aparece a referência à palavra Umbanda.UMBANDA: Banto - Kimbundo = arte de curar.
Segundo Heli Chatelain, tem diversas acepções correlatas na África (ref.: Cultura Bantu):1 - A faculdade, ciência, arte, profissão, negócio:1a) de curar com medicina natural (remédios) ou sobrenatural (encantos);1b) de adivinhar o desconhecido pela consulta à sombra dos mortos ou dos gênios, espíritos que não são humanos nem divinos;1c) de induzir esses espíritos humanos que não são humanos a influenciar os homens e a natureza para o bem ou para o mal;
Com o passar do tempo a Umbanda foi se individualizando e se modificando em relação ao candomblé, ao Catolicismo e ao Espiritismo. Através dos Pretos-Velhos e Caboclos, que guiaram seus "cavalos" (médiuns), a Umbanda foi adquirindo forma e conteúdo próprios e característicos (identidade cultural e religiosa) e que a difencia daquela "Umbanda rudimentar" ou Macumba.
A incorporação de guias de Umbanda também ocorreu em outras religiões além do Candomblé, como foi no caso do espiritismo. Em 1908, na federação espírita, em Niterói, um jovem de 17 anos, Zélio Fernandino de Moraes, foi convidado a participar da Mesa Espírita. Ao serem iniciados os trabalhos, manifestaram-se em Zélio espíritos que diziam ser de índio e escravo. O dirigente da Mesa pediu que se retirassem, por acreditar que não passavam de espíritos atrasados (sem doutrina).
As entidades deram seus nomes como Caboclo das Sete encruzilhadas e Pai Antônio. No dia seguinte, as entidades começaram a atender na residência de Zélio todos àqueles que necessitavam, e, posteriormente, fundaram a Tenda espírita Nossa Senhora da Piedade.
Zélio foi o precursor de um "trabalho Umbandista Básico" (voltado à caridade, assistencial, sem cobrança e sem fazer o mal e priorisando o bem), uma forma "básica de culto" (muito simples), mas aberta à junção das formas já existentes (ao próprio Candomblé nos cultos Nagôs e Bantos, que deram origem às Umbandas mais africanas - Umbanda Omoloko, Umbanda de pretos-velhos-; ou aquelas formas mais vinculadas ao espiritismo - Umbanda Branca-; ou aquelas formas oriundas da Pajelança do índio brasileiro - Umbanda de Caboclo -; ou mesmo formas mescladas com o esoterismo de Papus - Gérard Anaclet Vincent Encausse -, esoterismo teosófico de Madame Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891), de Joseph Alexandre Saint-Yves d´Alveydre - Umbanda Esotérica, Umbanda Iniciática, entre outras) que foram se mesclando e originando diversas correntes ou ramificações da Umbanda com suas próprias doutrinas, ritos, preceitos, cultura e características próprias dentro ou inerentes à prática de seus fundamentos.

Hoje temos várias ramificações da Umbanda que guardam raízes muito fortes das bases iniciais, e outras, que se absorveram características de outras religiões, mas que mantém a mesma essência nos objetivos de prestar a caridade, com humildade, respeito e fé.
Alguns exemplos dessas ramificações são:
· "Umbanda tradicional" - Oriunda de Zélio Fernandino de Moraes";
· "Umbanda Popular" - Que era praticada antes de Zélio e conhecida como Macumbas ou Candomblés de Caboclos; onde podemos encontrar um forte sincretismo - Santos Católicos associados aos Orixas Africanos";
· "Umbanda Branca e/ou de Mesa" - Com um cunho espírita - "kardecista" - muito expressivo. Nesse tipo de Umbanda, em grande parte, não encontramos elementos Africanos - Orixás -, nem o trabalho dos Exus e Pomba-giras, ou a utilização de elementos como atabaques, fumo, imagens e bebidas. Essa linha doutrinaria se prende mais ao trabalho de guias como caboclos, pretos-velhos e crianças. Também podemos encontrar a utilização de livros espíritas - "kardecistas - como fonte doutrinária;
· "Umbanda Omolokô" - Trazida da África pelo Tatá Trancredo da Silva Pinto. Onde encontramos um misto entre o culto dos Orixás e o trabalho direcionado dos Guias;
· "Umbanda Traçada ou Umbandomblé" - Onde existe uma diferenciação entre Umbanda e Candomblé, mas o mesmo sacerdote ora vira para a Umbanda, ora vira para o candomblé em sessoes diferenciadas. Não é feito tudo ao mesmo tempo. As sessões são feitas em dias e horários diferentes;
· "Umbanda Esotérica" - É diferenciada entre alguns segmentos oriundos de Oliveira Magno, Emanuel Zespo e o W. W. da Matta (Mestre Yapacany), em que intitulam a Umbanda como a Aumbhandan: "conjunto de leis divinas";
· "Umbanda Iniciática" - É derivada da Umbanda Esotérica e foi fundamentada pelo Mestre Rivas Neto (Escola de Síntese conduzida por Yamunisiddha Arhapiagha), onde há a busca de uma convergência doutrinária (sete ritos), e o alcance do Ombhandhum, o Ponto de Convergência e Síntese. Existe uma grande influência Oriental, principalmente em termos de mantras indianos e utilização do sanscrito;
· "Umbanda de Caboclo" - influência do cultura indígina brasileira com seu foco principal nos guias conhecidos como "Caboclos";
· "Umbanda de pretos-velhos" - influência da cultura Africana, onde podemos encontrar elementos sincréticos, o culto aos Orixás, e onde o comando e feito pelos pretos-velhos;
· Outras formas existem, mas não têm uma denominação apropriada. Se diferenciam das outras formas de Umbanda por diversos aspectos peculiares, mas que ainda não foram classificadas com um adjetivo apropriado para ser colocado depois da palavra Umbanda.