quarta-feira, 19 de março de 2008

Wicca a religião da grande Mãe x Candomblé








Entender a origem da bruxaria é retornar aos primórdios da humanidade, quando os seres humanos começaram a despertar a sua percepção para o microcosmo e macrocosmo.


As primeiras manifestações de devoção registradas pelo homem remontam à pré-história, às Madonas Negras. Elas representavam o aspecto feminino do poder da natureza, eram a personificação da Grande Mãe.


Quando, na lua crescente, a mulher iniciava a sua ovulação, chegando ao máximo na lua cheia e, por fim, menstruando, essa sintonia trouxe, então, a associação da lua como uma nova face para a Deusa. Enfim, a Grande Mãe dava alimento (plantações, frutas, ervas etc), calor e proteção no verão, no outono e na primavera, mas, e no inverno, quando o frio acabava com tudo, quem os protegia? Surgiu, então, o papel do homem, do caçador da tribo, do líder


. Quem caçava melhor recebia as presas e os chifres da caça como símbolo de poder e honra. Associou-se, então, um aspecto masculino à Grande Mãe, que buscaria assim o equilíbrio. Criou-se o Deus Cornífero (perceberam a fácil associação com o diabo?). Entre os povos que dependiam da caça, o culto ao Deus dos animais e da fertilidade, também conhecido como Deus de Chifres ou Cornífero, foi marcante.
Princípio Feminino ou Grande Mãe
Grande Mãe representa a Energia Universal Geradora, o Útero de Toda Criação. Na wicca, a Deusa se mostra com três faces: a Virgem (lua crescente), a Mãe (lua cheia) e a Velha Sábia (lua minguante), sendo que esta última ficou mais relacionada a bruxa na imaginação popular. A Deusa Tríplice mostra os mistérios mais profundos da energia feminina, o poder da menstruação na mulher, e é também a contraparte feminina presente em todos os homens, tão reprimida pela cultura patriarcal!
Princípio Masculino ou Deus Cornífero
Da mesma forma que toda luz nasce da escuridão, o Deus, símbolo solar da energia masculina, nasceu da Deusa, sendo seu complemento, trazendo em si os atributos da coragem, pensamento lógico, fertilidade, saúde e alegria. Da mesma forma que o sol nasce e se põe todos os dias, o Deus nos mostra os mistérios da morte e do renascimento.


Na wicca, o Deus nasce da Grande Mãe, cresce, se torna adulto, apaixona-se pela Deusa Virgem, fazem amor; a Deusa fica grávida, o Deus morre no inverno (no fim dele) e renasce novamente, fechando o ciclo do renascimento, que coincide com os ciclos da natureza e mostra os ciclos da nossa própria vida.
Os wiccas praticam os seus rituais sozinhos (bruxos solitários) ou em pequenos grupos de pessoas chamado de coven. Um coven possui 13 membros (na maioria das tradições existentes admite-se 14 membros, sendo o décimo-quarto o mais novo do grupo, responsável por preparar os incensos, acender o fogo, colher ervas e outras pequenas tarefas). O coven é dirigido por uma Alta Sacerdotisa e/ou um Alto Sacerdote que gerenciam os trabalhos de adoração à Deusa, os trabalhos mágicos e cerimônias como os sabás e esbás.


Uma explicação para que o coven seja formado por treze pessoas, é que cada uma representaria um mês do ano, pois nas sociedades matriarcais o ano segue o calendário lunar de 13 meses de 28 dias, mais um dia, no total 365 dias. Daí vem a expressão "um ano e um dia", pois, quando é iniciada, a pessoa estuda durante esse período para depois confirmar seus votos. Isto em algumas Tradições.
O coven reúne-se basicamente para a celebração de um sabá ou para um esbá. Esbá é uma reunião mensal que se realiza treze vezes ao ano durante a lua cheia, que recebe o nome de esbá. Geralmente no esbá trocam-se idéias, realizam-se rituais especiais, agradecem-se a Deusa e ao Deus, realizam-se trabalhos de cura e proteção.



Os wiccas celebram oito sabás anuais, destacando as transições entre as estações. Os quatro grandes sabás são Candlemas, Beltane, Lammas e Samhain, e os menores são Equinócio da Primavera e Equinócio do Outono, e Solstício de Verão e Solstício de Inverno.
A Roda do Ano
Representada pelos oito sabás, tem por objetivo sincronizar a nossa energia com as estações do ano, ou seja, com os ciclos do planeta Terra e do Universo. Para algumas tradições da wicca, o ano se inicia no solstício de inverno. Outras consideram a noite de 31 de outubro como o início do ano. Esta data é conhecida como Halloween ou Dia das Bruxas, mas seu nome tradicional é Samhain, que significa "sem sol", referindo-se ao tempo de inverno.


Esta época também é correspondente ao ano-novo judaico
No solstício de inverno ocorre o nascimento/renasci-mento do Deus; nos sabás da primavera, do verão e do outono, ele tem o Seu crescimento, puberdade e maturidade; e Sua morte no sabá de Samhain. Após a morte ele retorna ao ventre da Deusa Mãe até o solstício do inverno seguinte, quando renasce.


Este é o ciclo mítico do nascimento-morte-renascimento que se repete em todos nós todos os anos. E a Deusa, em Seus aspectos, é adorada durante todo o ano. Outras tradições preferem adorar a Deusa durante os sabás da primavera e verão, e o Deus durante os sabás do outono e do inverno.
Sabás wiccas
Yule - Solstício de Inverno (21 de Dezembro)
É a noite mais longa do ano, marcando a época em que os dias começam a crescer, e as horas de escuridão a diminuir. É desta data antiga que se originou o Natal cristão. Nesta época, a Deusa dá à Luz a Deus, que é reverenciado como criança prometida. Em Yule, é tempo de reencontrarmos nossas esperanças, pedindo para que os deuses rejuvenesçam nossos corações e nos dêem forças para nos libertarmos das coisas antigas e desgastadas. É hora de descobrirmos a criança dentro de nós e renascermos com sua pureza e alegria.


Esta é a noite mais longa do ano, onde a Deusa é reverenciada como a Mãe da Criança Prometida ou do Deus Sol, que nasceu para trazer Luz ao mundo. Um exemplo das raízes pagãs das festas de Natal está na moderna personificação do espírito de Natal, o Santa Claus, que foi para os escandinavos como o Cristo na Roda, um antigo título nórdico para o Deus Sol, que renascia na época do Solstício de Inverno.
Candlemas (Imbolc, Oimelc) - Festa do Fogo ou Noite de Brigit (2 de fevereiro)
Festival do fogo que celebra a chegada da primavera. O aspecto invocado da Deusa nesse sabá é o de Brigit, Senhora da Poesia, da Inspiração, da Cura, da Escrita, da Metalurgia, das Artes Marciais e do Fogo. Nesta noite, as bruxas colocam velas cor de laranja ao redor do círculo, e uma vela acesa dentro do caldeirão. Se o ritual é feito ao ar livre, pode-se fazer tochas e girar ao redor do círculo com elas.


A bruxa mais jovem da assembléia pode representar Brigit, entrando por último no círculo para acender, com sua tocha, a vela do caldeirão, ou a fogueira, se o ritual for ao ar livre, o que representaria a inspiração sendo trazida para o círculo pela Deusa.
Os membros do coven devem fazer poesias, ou cantar em homenagem a Brigit. Pedidos, agradecimentos ou poesias devem ser queimados na fogueira ou no caldeirão em oferenda, no fim do ritual. O Deus está crescendo e se tornando mais forte para trazer a Luz de volta ao mundo. É hora de pedirmos proteção para todos os jovens, em especial da nossa família do coven. É neste sabá que a Alta Sacerdotisa do coven usa uma brilhante coroa de 13 velas no topo de sua cabeça. A versão cristianizada da procissão de Candlemas honra a Virgem Maria, e, no México, ela corresponde ao ano-novo asteca.
Equinócio de Primavera - Ostara (21 de março)
Ostara é o festival em homenagem à Deusa Oster, Senhora da Fertilidade, cujo símbolo é o coelho. Foi desse antigo festival que teve origem a Páscoa.


Os membros do coven usam grinaldas, e o altar deve ser enfeitado com flores da época. É um costume muito antigo colocar ovos pintados no altar. Eles simbolizam a fecundidade e a renovação. Os ovos podem ser pintados crus e depois enterrados, ou cozidos e comidos enquanto mentalizamos nossos desejos. Antes de comê-los, os membros do coven devem girar de mãos dadas em volta do altar para energizar os pedidos. Os ovos devem ser decorados com símbolos mágicos, ou de acordo com a criatividade. Os pedidos devem ser voltados à fertilidade em todas as áreas.
Beltane (Rudemasd, Walpurgisnacht) - A Fogueira de Belenos, Festa da Primavera (1º de maio)
Beltane é o mais alegre e festivo de todos os sabás.


O Deus, que agora é um jovem no auge da sua fertilidade, se apaixona pela Deusa, que em Beltane se apresenta como a Virgem e é chamada Rainha de Maio. Em Beltane se comemora esse amor que deu origem a todas as coisas do Universo. Beleno é a face radiante do Sol, que voltou ao mundo na primavera. Em Beltane se acendem duas fogueiras, pois é costume passar entre elas para se livrar de todas as doenças e energias negativas. Daí veio o costume de "pular a fogueira" nas festas juninas. Se não houver espaço, duas tochas ou mesmo duas velas podem ter a mesma função. Uma das mais belas tradições de Beltane é o meypole, ou mastro de fitas. Trata-se de um mastro enfeitado com fitas coloridas. Durante um ritual, cada membro escolhe uma fita de sua cor preferida ou ligada a um desejo.


Todos devem girar trançando as fitas, como se estivessem tecendo seu próprio destino, colocando-nos sob a proteção dos deuses. É costume em wicca jamais se casar em maio, pois esse mês é dedicado ao casamento do Deus e da Deusa.
Litha - Solstício de Verão (21 de junho)
Nesse dia o sol atingiu a sua plenitude. É o dia mais longo do ano. O deus chega ao ponto máximo de seu poder. Este é o único sabá em que, às vezes, se fazem feitiços, pois o seu poder mágico é muito grande. É hora de pedirmos coragem, energia e saúde. Mas não devemos nos esquecer que, embora o Deus esteja em sua plenitude, é nessa hora que ele começa a declinar. Logo Ele dará o último beijo em sua amada, a Deusa, e partirá no Barco da Morte, em busca da Terra do Verão. Da mesma forma, devemos ser humildes para não ficarmos cegos com o brilho do sucesso e do poder. Tudo no Universo é cíclico, devemos não só nos ligarmos à plenitude, mas também aceitar o declínio e a morte.


Nesse dia costuma-se fazer um círculo de pedras ou de velas vermelhas. Queimam-se flores vermelhas ou ervas solares (como a camomila) juntamente com os pedidos no caldeirão.
Lamas - Lughnasad ou Festa da Colheita (1º de Agosto)
Lughnasad era tipicamente uma festa agrícola, onde se agradecia pela primeira colheita do ano. Lugh é o Deus Sol. Na mitologia celta, ele é o maior dos guerreiros, que derrotou os Gigantes que exigiam sacrifícios humanos do povo. A Tradição pede que sejam feitos bonecos com espigas de milho ou ramos de trigo representando os deuses, que nesse festival são chamados Senhor e Senhora do Milho.


Nessa data deve-se agradecer tudo o que colhemos durante o ano, sejam coisas boas ou más, pois até mesmo os problemas são veículos para a nossa evolução.
O outro nome do sabá é Lammas, que significa A Massa de Lugh. Isso se deve ao costume de se colher os primeiros grãos e fazer um pão que era dividido entre todos. Os membros do coven devem fazer um pão comunitário, que deverá ser consagrado junto com o vinho e repartido dentro do círculo. O primeiro gole de vinho e o primeiro pedaço de pão devem ser jogados dentro do caldeirão, para serem queimados juntamente com papéis, onde serão escritos os agradecimentos, e grãos de cereais.


O boneco representando o Deus do Milho também é queimado, para nos lembrar de que devemos nos livrar de tudo o que é antigo e desgastado, para que possamos colher uma nova vida. O altar é enfeitado com sementes, ramos de trigo, espigas de milho e frutas da época.
Mabon - Equinócio de Outono (21 de setembro)
No panteão celta, Mabon, também conhecido como Angus, era o Deus do Amor. Nessa noite devemos pedir harmonia no amor e proteção para as pessoas que amamos. Esta é a segunda colheita do ano. O altar deve ser enfeitado com as sementes que renascerão na primavera. O chão deve ser forrado com folhas secas.


O Deus está agonizando e logo morrerá. Este é o festival em que devemos pedir pelos que estão doentes e pelas pessoas mais velhas que precisam de nossa ajuda e conforto. Também é neste festival que homenageamos as nossas antepassadas femininas, queimando papéis com seus nomes no caldeirão e lhes dirigindo palavras de gratidão e bênçãos.
Samhain - Halloween ou Dia das Bruxas (31 de outubro)
Este é o mais importante de todos os festivais, pois, dentro do círculo, marca tanto o fim quanto o início de um novo ano. Nessa noite, o véu entre o nosso mundo e o mundo dos mortos se torna mais tênue, sendo o tempo ideal para nos comunicarmos com os que já partiram. As bruxas não fazem rituais para receber mensagens dos mortos e muito menos para incorporar espíritos. O sentido do Halloween é nos sintonizarmos com os que já partiram para lhes enviar mensagens de amor e harmonia.


A noite do Samhain (pronuncia-se souen) é uma noite de alegria e festa, pois marca o início de um novo período em nossas vidas, sendo comemorado com muito ponche, bolos e doces.
A cor do sabá é o negro, sendo o altar adornado com maçã, o símbolo da vida eterna. O vinho é substituído pela sidra ou pelo suco de maçã. deve-se fazer muita brincadeiras com dança e música. Os nomes das pessoas que já se foram são queimados no caldeirão, mas nunca com uma conotação de tristeza!
No altar e nos quadrantes não devem faltar as tradicionais máscaras de abóbora com velas dentro. Antigamente, as pessoas colocavam essas abóboras na janela para espantar os maus espíritos e os duendes que vagavam pelas noites do Samhain. Essa palavra significa "sem luz", pois, nessa noite, o Deus morreu e o mundo mergulha na escuridão. A Deusa vai ao Mundo das Sombras em busca do seu amado, que está esperando para nascer. Eles se amam, e, desse amor, a semente da luz espera no Útero da Mãe para renascer no próximo Solstício de Inverno como a Criança da Promessa.
Os Candlemas, Beltane, Lammas e Samhain são grandes sabás, enquanto os solstícios e equinócios são pequenos sabás. As datas fornecidas acima são do hemisfério norte. Muitas pessoas preferem adaptá-las ao nosso hemisfério, mudando a ordem dos sabás. Outras já acham que se deve manter a Tradição e seguir as datas da Europa. Isto depende do gosto de cada um, mas, no Brasil, não existem quatro estações, sendo que muitas regiões têm um verão permanente ou uma estação chuvosa, o que torna bem difícil adaptar os sabás aos aspectos da natureza.




diferenças wicca com o candomblé:




O Brasil é um país fortemente místico, onde crenças se misturam e religiões se sincretizam entre si.
A religiosidade afro-brasileira é muito forte e tradicional em todo o nosso país, enquanto a Wicca é uma nova religião que vem chegando por aqui, mas mesmo assim ganha mais espaço à cada dia e consequentemente maior número de praticantes.
A Wicca possui muitas semelhanças com o Candomblé, no que concerne ao culto à antigos Deuses, conexão com as forças da natureza, etc.


Sendo asssim, muitos dos novos Wiccanianos são antigos praticantes da Umbanda e Candomblé que sentiram que tais religiões não respondiam mais aos seus anseios.
Exatamente por causa disso, ou por pura falta de informação, é muito comum vermos estas pessoas fazendo uma fusão entre as duas religiões, o que é impossível!
A Wicca é uma religião que possui liturgia e estrutura próprias e por isso não precisa se reportar ou absorver aspectos de nenhuma outra religião.
Enquanto é possível usar Deuses africanos num ritual Wiccaniano, é completamente inviável fazer um mix entre Candomblé e Wicca, do mesmo jeito que é impossível misturar Islamismo e Xintoismo.
Mas por que é impossível praticar Wicca e Candomblé ao mesmo tempo?
Para compreendermos isso precisamos conhecer um pouco mais dessas duas religiões.
Sobre os deuses africanos:
Quem são os Deuses Africanos?
Os Orixás, são divindades originárias da África, mais especificamente Nigéria e que vieram para o Brasil junto com os africanos para cá deportados como escravos. Os orixás representam as forças da natureza ou os fenômenos a ela relacionados. Muitos pesquisadores afirmam que na realidade os Oríxás são ancestrais míticos, ou seja, seres humanos que teriam realizados feitos incríveis na Terra e por isso deificado pelo seu clã, famiília ou povo.
Quando os africanos desembarcaram no Brasil encontraram uma nova realidade, um novo continente e tiveram que adaptar muitas de suas práticas e então a Religião dos Orixás assumiu um novo nome : Candomblé, uma religiosidade essencialmente brasileira, resultante da realidade religiosa africana no Brasil. Dos mais de 400 Orixás existentes na África somente o culto a 16 deles sobreviveu no Brasil. Muitos dos mitos relacionados a estas 16 divindades sobreviventes foram deturpados, muitos deles absorveram inúmeros aspectos de outros Deuses cujo culto não sobreviveu no Novo Mundo, etc.
Ou seja, o candomblé é nada mais que uma reconstrução da religiosidade Nigeriana dos Orixás.
Sobre o Candomblé:
O que o Candomblé tem em comum com a Wicca???
Muitas coisas, mas é necessário deixar bem claro que ter coisas em comum não significa de nennhuma forma "ser a mesma coisa":
* Culto Circular:
Os rituais do Candomblé são sempre realizados através de uma dança Circular. Eles invocam seus Deuses dançando em Círculo. Os Círculos sempre foram considerados os símbolos da ponte que nos leva à Divindade, símbolos da comunhão com os Deuses.
Os rituais Wiccanianos ocorrem dentro de um Círculo Mágico e também dançamos em Círculo para reverenciar nossos Deuses.
* Religiosidade iniciática:
Tanto o Candomblé quanto à Wicca são religiões iniciáticas. Nelas, seus adeptos passam por treinamentos e ritos de passagem que os introduzem no seio de suas comunidades religiosas. Tanto em uma outra, depois de um determinado tempo os iniciados pasam a ser considerados sacerdotisas e sacerdotes do culto no qual foram iniciados. Uma semelhança existente entre as duas religiões é que quando uma pessoa passa a pertencer à classe sacerdotal ela ganha um título que a diferencia das demais pessoas.


Na Wicca após determinados anos o iniciado recebe o título de Elder(Ancião). No candomblé depois de alguns anos de iniciado a pessoa recebe o título de Egbonmi(significando literalmente irmão mais velho). Tanto na Wicca quanto no Candomblé, a partir deste momento a pessoa passa a ser ouvida, consultada e instrui outros no caminho.
* Oferendas aos seus Deuses:
Tanto na Wicca quanto no Candomblé os Deuses são agradados através de oferendas. Infelizmente no Brasil muitos Wiccanianos perderam o hábito de fazer oferendas à Deusa e ao Deus, mas está é uma prática integrante da religiosidade Wiccaniana em todo mundo.
* Analogias para estabelecer comunicação com os Deuses:
No candomblé existem determinados fatores como ervas, aromas, cores, dias, horas, locais favoráveis ou desfavoráveis para acessar determinados tipos de energias e Deuses. O mesmo acontece na Wicca.
* Deuses da natureza
Tanto na Wicca quanto no Candomblé os Deuses são vistos como a própria natureza deificada.
O que o Candomblé NÃO tem em comum com a Wicca:
* Falta de respeito à natureza
Mesmo sendo uma religiosidade com Deuses da natureza, no candomblé vemos que há uma total falta de respeito à natureza na medida em que seus adeptos muitas vezes poluem-na com suas oferendas. Infelizmente os adeptos do camdomblé passaram a ver seus Deuses de forma muito semelhante à religiosidade judaico-cristã, seres conceituais que exercem domínio sobre a natureza mas não são imanentes
* Hierarquia.
Enquanto a Wicca é uma religião sem hierarquia pré-estabelecida, o candomblé possui uma estrutura hierarquica inabalável e vista como vital para a sua religiosidade
*Sacrifícios
Na Wicca sacrifícios animais são inadimissíveis enquanto a base da religião do Candomblé está no sacrifício animal. Sacrifício (Sacro Ofício) do Candomblé não é uma carneficina como muitos querem fazer parecer. Ele possui sua razão de ser dentro daquela religião. Muito contrário do que o pensado, todos os animais sacrificados servem de alimentos para os adeptos do Candomblé. Nenhuma parte, nem mesmo os ossos dos animais, são desperdiçadas.


Pensando friamente e sem fazer apologias aos sacrifícios, talvez seja muito mais ético sacrificar um animal à um Deus, com ritos e reverências a alma do animal que se doa para alimentar e nutrir outros seres, do que comprar um frango congelado no supermercado, que cresceu a base de hormônios e foi morto sem nenhuma honra ou respeito.
Bom, estas são apenas algumas das semelhanças e diferenças.
Deuses africanos na Wicca:
Hoje no mundo inteiro, divindades de diferentes panteões são cultuadas na Wicca.
Existem inúmeras tradições que trabalham com Deuses que vão desde o panteão egípcio até chinês, enquanto outras trabalham com um único panteão todo o tempo. Tudo varia de acordo com a Tradição que se segue.
Não é impossível trabalhar com Deuses Africanos na Arte, desde que isso seja aceito por sua Tradição e eles sejam inseridos em um contexto de culto Wiccaniano.
O que ocorre aqui é que nos encontramos em um dilema do entendimento da Religião Wicca e somente o bom senso pode nos levar ao não erro.
Por um lado a Wicca é uma religião que resgata o culto à Deuses antigos e esquecidos, cujo culto foi quase ou praticamente extinto. Os Deuses africanos possuem ainda seus sacerdotes, sua liturgia, sua religiosidade praticamente intacta.
Em contrapartida a isto, é de comum senso entre os Bruxos cultuar os Deuses de sua Terra e aqueles que fizeram de nossa Terra a sua morada e nesta categoria entram os Deuses africanos.
Deuses são arquétipos. Quando eu estou trabalhando com a energia do amor eu posso utilizar uma Deusa de qualquer panteão que represente o arquétipo do amor. Ela pode ser Afrodite, Frigg, Hathor, Vênus, Inanna, Oxum e por ai vai.....
Se eu fizer um ritual wiccaniano para Oxum pedindo amor, tudo bem, não tem nada demais nisso, pois estou apenas usando o nome, o conceito, o arquétipo que esta divindade representa.
Agora, se eu fizer um ritual para Oxum, mas nele tocar atabaque, fazer uma oferenda de omolocum(uma comida feita com feijão fradinho, alimento sagrado de Oxum no Candomblé), incorporar Oxum durante o decorrer do ritual ai reside o problema por que eu não estarei praticando Wicca e sim a maior Wiccumba. Aliás como muito bem lembrou o Mário, tá cheio de gente fazendo isso por ai e se passando por grande Bruxa(o).
Acredito que quem quiser trabalhar com Deuses Africanos assim pode proceder, desde que esqueça TOTALMENTE todo o misticismo e aura que a religião Afro-brasileira criou ao redor destes Deuses durante tanto tempo. Isso significa que se vc quer fazer um ritual para Iyemanjá, precisa esquecer aquela estátua linda- porém completamente infiel a realidade- de uma mulher de longos cabelos, alva como a neve, com pérolas caindo de sua mão, vestida de azul ou que você é filha de Iyemanjá por que o Caboclo "Treme-Treme" disse que assim era...e por ai vai....
Arquetipicamente falando, Iyemanjá é o poder fertilizador e germinador da água, um arquétipo muito antigo da Deusa Mãe como a Criadora de tudo, o início do mundo, o mar primordial do qual surgiram tudo e todos. Seus peixes simbolizam o embrião e as infinitas possibilidades da água que gera.


Como o mar ela é a fluidez e constante renovação, a grande força geradora feminina, o princípio de tudo. Iyemanjá é tanto o mar que alimenta, quanto devora. Ela é a profundeza do inconsciente e tudo o que é cíclico.
Se vc vê Iyemanjá assim, de uma forma totalmente desvinculada dos estigmas da religiosidade Afro-brasileira, ótimo, você está apto à trabalhar com ela wiccanianamente falando. Se não, ESQUEÇA, por que você não estará querendo trabalhar com a Deusa em sua face de Criadora, germinadora mas sim com a Iyemanjá que você conheceu lá no Candomblé ou Umbanda, uma Iyemanjá inexistente dentro dos conceitos e padrões Wiccanianos de Divindades.
Preste bem atenção.


O que você quer? Praticar Wicca utilizando o conceito arquetípico de uma Deusa ou Deus africano ou fazer uma mistureba entre a religiosidade afro-brasileira e a Arte e chamar isso de Wicca?
Atente-se por que se não você correrá um grande risco de não ser fiel a religião que escolheu e se for assim é melhor procurar uma boa roça de candomblé e se iniciar nos mistérios daquela religião.
Digam sim ao trabalho arquetípico com os Deuses Africanos e NÃO à Wiccumba


GRANDES INICIADOS: SIDARTA GAUTAMA- 1



Sidarta nasceu no ano de 560 aC e era filho de um rei do povo Sakhya que habitava a região da fronteira entre a Índia e o Nepal. Buda viveu durante o período áureo dos filósofos e um dos períodos espirituais mais incríveis da história; foi contemporâneo de Heráclito, Pitágoras, Zoroastro, Jain Mahavira e Lao-Tsé.No palácio, a vida de Gautama era cercada de conforto e paz. Casou e teve um filho, mas vivia totalmente protegido de contato com o exterior, por ordem de seu pai. Uma tarde, fugindo dos portões do palácio, o jovem Gautama viu 3 coisas que iriam mudar sua vida: um ancião que, encurvado, não conseguia andar e se apoiava num bastão, um homem que agonizava em terríveis dores devido a uma doença interna, um cadáver envolvido num sudário de linho branco.

Essas 3 visões o puseram em contato com a velhice, a doença e a morte, conhecidas como “as três marcas da impermanência", e o deixaram profundamente abalado. Voltando para o palácio, ele teve a quarta visão: um Sadhu, um eremita errante cujo rosto irradiava paz profunda e dignidade, que impressionou Gautama a tal ponto que ele decidiu renunciar à sua vida de comodidade e dedicar o resto de sua vida à busca da verdade. Abandonando o palácio, ele seguiu de início a senda do ascetismo, jejuando até que se convenceu da inutilidade destas práticas, e continuou sua busca.

Durante 7 anos esteve estudando com os filósofos da região e continuava insatisfeito. Por fim, em uma de suas viagens, chegou a Bodh Gaya, onde encontrou uma enorme figueira e tomou a resolução de não sair de lá até ter alcançado a iluminação. Durante 49 dias ele permaneceu sentado à sobra da figueira, em profunda meditação, transcendendo todos os estágios da mente até atingir a Iluminação, um estado chamado nirvana. Desde então foi chamado de Buda (o que despertou) ou Shakyamuni (o sábio dos shakyas).

Seus ensinamentos nascidos dessas experiência são conhecidos como o Caminho do Meio, ou simplesmente o dharma (a lei). Do momento em que atingiu o nirvana, aos 35 anos de idade, até sua morte, aos 80, Buda viajou ininterruptamente por toda a Índia, ensinando e fundando comunidades monásticas.Buda ensinou o dharma a todos, sem distinção de sexo, idade ou casta social, em seu próprio idioma, um dialeto do nordeste da Índia, evitando o sânscrito empregado pelos hinduístas e eruditos, que era um símbolo de uma casta que não significava sabedoria, pois os brâmanes tinham cargos hereditários. Costumava recomendar a seus discípulos que ensinassem em suas próprias línguas, de forma que a doutrina foi ficando conhecida emvários países. Suas últimas palavras foram: “A decadência é inerente a todas as coisas compostas. Vivei fazendo de vós mesmos a vossa ilha, convertendo-vos no vosso refúgio. Trabalhai com diligência para alcançar a vossa Iluminação”.

Mas, mesmo assim quem foi Buda:


Seu nome é Sidarta Gautama e viveu por volta do século VI a.C. no principado indiano chamado Kapilavastu, na região do Himalaia (o que seria hoje o sul do Nepal). Nasceu príncipe, porque seu pai, Sudohodana, era o rajá do principado.

Assim como com qualquer símbolo religioso, a vida de Sidarta é contada povoada de lendas, como a do nascimento. Diz a lenda que sua mãe, Maya, sonhou que entrava em seu flanco (parte lateral do corpo entre o quadril e as últimas costelas) um elefante branco com a cabeça cor de rubí e seis presas. Desse encontro, em sonho, Sidarta foi concebido. Ele nasceu de cor dourada, com uma coroa orgânica no alto da cabeça, quarenta dentes brancos e unidos e centenas de símbolos desenhados nas plantas dos pés. Na lenda, o elefante significa a mansidão e as seis presas, os sentidos do universo: norte, sul, leste, oeste, para cima e para baixo.

Lendas à parte, sua mãe morreu uma semana após o parto e ele foi criado por uma tia. A narrativa indiana é caracterizada pelos exageros e pelas lendas, o que torna difícil relatar a história da vida de Buda, sem povoá-la de lendas. Segundo os próprios monges, pra que separar a vida da lenda? Baseando-se nisso e respeitando a história, vamos aos fatos verídicos ou nem tanto. Um exemplo da narrativa do exagero, conta a lenda que ele teve um harém de 84 mil mulheres, uma história bem diferente da que vamos ver agora.

Quando tinha dezenove anos se casou com sua prima Yasodhara, viveu dez anos felizes e teve um filho com ela, Rahula. Sua felicidade foi abalada devido a 3 passeios que fez fora do palácio em seu cavalo com seu cocheiro. No primeiro, viu um homem bem velho, com a aparência bastante sofrida que caminhava com dificuldade apoiado em um bastão de madeira (uma bengala). Seu cocheiro lhe explicou que se trata de um homem velho e que é o destino de todos envelhecerem e ficar como ele. No segundo passeio, avistou um homem com o corpo deteriorando devido à lepra e seu cocheiro lhe diz que ele sofre de uma doença e que qualquer um está sujeito a pegar uma doença como ele. E por fim, no terceiro passeio, viu um cortejo fúnebre e perguntou o que era ao cocheiro. Ele disse tratar-se de um morto e que a morte era o destino certo de todos.

Esses passeios influenciaram completamente Sidarta e ele, depois de dez anos de casado, e já com 29 anos, abandona o palácio deixando pra trás a mulher e o filho. Deixa também todas as roupas, corta o cabelo e entrega o cavalo ao seu criado. Parte sozinho, em busca de conhecimento e esclarecimento.Diz a lenda que um anjo lhe teria dado seus únicos pertences: o traje amarelo, o cinto, a navalha para cortar o cabelo, a agulha, a tigela para as esmolas e a peneira para filtrar água.Refugiou-se durante seis anos no bosque de Sena, no território de Magadha. E junto a 5 companheiros, dedicou-se à automortificação.

Fez jejuns prolongados e quando comia, era só frutas. Chegou a permanecer dias imóvel em posição de meditação debaixo de sol e chuva. Depois de fraco, percebe que essas atitudes não o faziam obter as respostas que procurava para o sofrimento humano. Foi quando partiu novamente deixando para trás os companheiros para banhar-se no rio Nairanjana e se fortaleceu com a comida oferecida por uma aldeã. Ali, à sombra de uma figueira teria sido iluminado.
A iluminação : ele teria visto infinitos mundos, encarnações de todos os seres, todas as causas e todos os efeitos. Ao amanhecer intuiu as Quatro Nobres Verdades:

O sofrimento é inerente a toda forma de existência.

A ignorância é a origem do sofrimento.

Extinguindo a ignorância se extingue o sofrimento.

O que é necessário para extinguir a ignorância e o sofrimento é manter a mesma distância dos desejos e apelos do mundo e do ascetismo (doutrina religiosa pela qual se aperfeiçoa a alma em sua união com Deus por meio do exercício espiritual) e da automortificação. Traduzindo: manter o equilibrio, não cedendo aos apelos do mundo nem aos apelos religiosos.
Sidarta se refere a isso no que chama de Nobre Senda Óctupla o que seria composta por: comprensão correta, pensamento correto, modo de vida correto, palavra correta, ação correta, esforço correto, atenção correta e concentração correta. Por essa Senda se chega à extinção da ignorância.Depois da iluminação, Sidarta se tornou Buda (o iluminado) e adotou o título que recebeu, Tatágata (aquele que veio da verdade). Ele teve inúmeros adeptos e entre eles, seu filho Rahula.
O budismo tem três marcas distintas:
- a impermanência : todos os fenômenos são efêmeros, ou seja, estão sujeitos à transformações. *

- insubstancialidade : seres não possuem qualquer núcleo estável que determine a sua -natureza, mas são um complexo cambiante (trocam constantemente) de relações.

- nirvana : estado de extinção dos sofrimentos que se manifesta quando o homem compreende as duas outras marcas e se liberta da sua ilusão de "eu" e dos apegos egoístas que ela produz.
Buda superou o samsara (mundo das aparências) e atingiu o nirvana. Foi adiante, e depois de sua morte atingiu o nirvana pleno. Ele se preparou para morrer, banhou-se pela última vez, aceitou alimento deteriorado oferto pelo ferreiro Cunda, comeu propositadamente e esperou a morte deitado sobre o lado direito com a cabeça para o norte e o rosto para o poente

. Foi cremado e as cinzas cobertas com mel. Uma parte delas foi entregue aos nagas (serpentes com face humana que habitam o mundo subterrâneo), outra parte aos deuses e a outra aos homens.
O budismo não acredita num deus-criador. Ele acredita que os universos passariam por um processo de destruição e criação, sem começo nem fim, regidos por uma lei eterna. Não acredita em alma imortal: são as palavras, os pensamentos e as ações de uma existência que constituem o karma que determina uma existência futura. Esse processo é doloroso e só se pode libertar-se dele quando se chega à raça humana e se atinge o nirvana.

Atingindo o nirvana, liberta-se do processo e cessam todos os desejos e só fica a suprema e eterna paz.

Umbanda x Kadercismo 1-parte




Diferenças entre a Umbanda e o Espiritismo:



É comum a controvérsia de uns e de outros, quanto a Umbanda ser um "aspecto" ou modalidade do chamado Espiritismo dito de Kardec. Estes estudiosos parece que não estudaram a "coisa" como ela é e se apresenta. Batem-se no ponto de que no Umbandismo existe a manifestação dos espíritos e no Espiritismo, também!



Todos sabem que quem particularizou o termo espiritismo foi Allan Kardec, para traduzir por ele certos ensinamentos dos espíritos. A palavra espírito se perde na antiguidade, dentro dos livros religiosos de vários povos, inclusive nos Vedas, dos Brahmas, no Livro dos Mortos dos Egípcios, nas obras de Fo-HY, um dos mais antigos sábios da China, na Bíblia de Moysés, na Kabala dos Judeus, nos evangelhos ditos de Cristo, etc...



Mas, que se deve entender realmente por espiritismo? Segundo Kardec, é a doutrina dos espíritos. Como vêem, pelo exposto, revelar a doutrina ou as coisas do espírito não foi privilégio nem de uns ou de outros. Diremos, pois, que a doutrina espírita ou Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os espíritos ou seres do mundo invisível, etc..
Estas relações, esta doutrina, que também traduzem as Eternas verdades, são tão velhas quanto a própria humanidade, porquanto podem ser identificadas nestes ditos antigos e sagrados livros das mais velhas religiões do mundo.


Kardec codificou, isto é , propagou, apenas parte destas antigas verdades - reveladas pelos espíritos de acordo com a época - expressões de uma Lei, imutável, que vêm sendo confirmadas e ampliadas dentro das nossas Linhas de Umbanda, por grandes instrutores, espíritos altamente evoluídos, que consideramos como Orixás intermediários e Guias, que têm como missão precípua reconstituir as partes restantes, ou seja....o todo....
O que ressalta então, claramente do exposto? Que há uma certa identidade entre o Espiritismo e a Umbanda. Esta identidade se verifica, quanto à Doutrina, à manifestação e comunicação dos espíritos, pelo fator mediúnico, bem como pela parte científica, filosófica e moral, etc...Mas, sobrepõe-se logo, numa comparação, o seguinte:


a Lei de Umbanda NÃO É o Espiritismo, apenas. Este, com todo seu conteúdo, e que faz parte da Umbanda, isto é, se integra ou se absorve nela, faz parte dela!
Na Umbanda, além da parte filosófica, científica, doutrinária e dos fenômenos da mediunidade, pela manifestação, desta ou daquela forma, dos espíritos, formando estas coisas, os atributos principais e tacitamente reconhecidos como particularizando a Escola Kardecista, tema Umbanda ainda, bem definido, o aspecto propriamente dito de uma Religião, pela Liturgia, Ritual, Simbologia, Mitologia, Mística, bem como pela Magia, Astrologia esotérica e outras correlações de Forças NÃO PRATICADAS no denominado espiritismo,e portanto inexistentes neste!

Equinócio de Babalon


Equinócio de babalon:


"Quando o teu pó estiver na terra que Ela pisa, então talvez tu possas levar a impressão de Seu pé. E tu pensas em contemplar a Sua face!" (A Visão e a Voz, Aleister Crowley).
Por Frater Zarazaz
... QELHMA ...
O Equinócio de Outono marca o início do afastamento do Sol rumo ao Inverno. As tradições mágicas do Ocidente associam este momento com o Elemento Água e o Pôr-do-Sol. As civilizações solares antigas acreditavam que o Sol morria no entardecer e era ressuscitado no dia seguinte. Durante a Noite, ele cruzava o Reino dos Mortos, levado, segundo os egípcios, em uma barca.
Assim como a Renascença nos trouxe a Revolução Heliocêntrica, quando o homem descobriu que é a Terra que gira ao redor do Sol, ao contrário do que se supunha até então, o Sistema Thelêmico também propõe uma Revolução Antropocêntrica no processo de Iniciação: o Homem, ao invés de ser um ente imperfeito em jornada através de um processo de purificação, a mercê de um Deus externo, é ele próprio um Ser Divino, submetendo-se de modo voluntário a um processo de ocultação no mundo, onde busca uma plenitude de auto-conhecimento e realização.
O Homem é intrinsecamente divino, Deus homo est, sendo uma estrela de individualidade e curso próprio, que nunca morre.

A morte é uma ilusão fisiológica, assim como o Pôr-do-Sol é uma ilusão astronômica. Por isto, no Rito de Passagem realizado pelo nosso Oásis, no dia 21 de Março passado, no Templo Secreto, sob a Abóbada de Nuit, o ápice dramático foi o momento em que a Sacerdotisa e o Hiereus proclamaram ao Hierofante, deitado na posição do Enforcado, que a Morte e o Sacrifício, considerados como sendo as Chaves de Iniciação do Aeon passado, são apenas ilusões:
"Não penses, ó rei, sobre aquela mentira: Que Tu Deves Morrer : em verdade tu não deverás morrer, mas viverás."
"Eu dou inimagináveis alegrias sobre a terra; certeza, não fé, enquanto em vida, sobre morte; paz indescritível, repouso, êxtase, sem exigir algo em sacrifício." (extratos do Livro da Lei)
Assim, o Hierofante se reergueu, consciente de que a busca da plenitude implica na realização e manifestação de todas as facetas do seu ser, ao contrário do ideal falso da purificação, onde antes se buscava a supressão de características humanas consideradas inapropriadas pela cultura dominante; e conclamou os Iniciados de Thelema a lutarem contra todas as forças repressoras da Humanidade:
"Eu sou o guerreiro Senhor dos Quarenta: os Oitenta se acovardam diante de mim, & perdem a base. Eu vos trarei à vitória & alegria: eu estarei de braços dados a vós na batalha & vós vos deleitareis em matar. Sucesso é a vossa prova; coragem a vossa armadura; avançai, avançai em minha força; & vós não retrocedereis por nada!"
O Reino do Oeste, onde o Sol parece se por, e onde se encontrava o Altar, é associado ao Elemento Água. No Sistema Thelêmico, é o Quadrante onde se invoca Babalon.
Babalon é a divindade menos compreendida no Sistema Thelêmico. Não existe um capítulo para ela no Livro da Lei, e o seu nome não é citado pelo mesmo. Mas o Livro fala da Sacerdotisa como sendo a Mulher Escarlate, em quem todo o poder é dado.

A referência é bíblica, pois é no Apocalipse, atribuído de modo errôneo ao apóstolo João, que encontramos a "grande prostituta, assentada sobre muitas águas", "assentada sobre uma besta de cor escarlate", "a mulher vestida de púrpura e escarlata, e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas" que "tinha na sua mão um cálice cheio de abominações e da imundice da sua prostituição", e estava "embriagada do sangue dos santos". E o seu nome era "Mistério, a grande Babilônia".
A menção à Mulher Escarlate levou Crowley ao nome de Babilônia, que ele "corrigiu" para Babalon. Para o verdadeiro e desconhecido autor do Apocalipse, ela era na verdade uma cidade, a cidade de Roma, que oprimia os cristãos e cuja queda era predita juntamente com a do seu regente, aquele cujo número seria 666.
A derivação bíblica é bem clara, por exemplo, no Capítulo 49 do Livro das Mentiras, onde Crowley descreveu as antes só citadas Sete Cabeças da Besta sobre a qual sentava-se a prostituta:
"Sete são as cabeças d'A BESTA sobre a qual Ela monta.
A cabeça de um Anjo: a cabeça de um Santo: a cabeça de um Poeta: a cabeça de uma Mulher Adúltera: a cabeça de um Homem de Valor: a cabeça de um Sátiro: e a cabeça de um Leão-Serpente."
A partir da citação no Livro da Lei, entretanto, Babalon passou a representar uma energia mágicka de natureza sexual. O Mistério dessa energia seria tão profundo que, no Capítulo 11 do seu livro Magia em Teoria e Prática, intitulado De Nossa Senhora Babalon e da Besta que Monta, Crowley apenas escreveu que:
"O conteúdo desta seção, que concerne a NOSSA SENHORA, é demasiado importante e sagrado para se imprimir neste tratado. Ele só é comunicado pelo Mestre Therion aos alunos escolhidos em seções privadas."
A nota da edição de Symonds e Kenneth Grant diz que "Crowley aqui está insinuando a natureza sexual deste rito. Quando um membro da O.T.O. alcançava o VI Grau e Crowley o considerava um candidato adequado para os Mistérios mais Sublimes, ele o convidava a unir-se ao Santuário Soberano da Gnose, onde se revelavam estes mistérios de Magia Sexual".
Assim, fica clara a natureza do poder dado através da Mulher Escarlate. A passagem do Livro da Lei alude aos princípios de duas das mais importantes fontes do pensamento thelêmico: o Tantra e a Cabala.
No Tantra, a Mulher é considerada o veículo pelo qual a energia é trazida ao Homem, durante o ato sexual. Algumas linhas consideravam inclusive a mulher como um ser inferior, que deveria submeter toda a sua energia ao parceiro durante a cerimônia, e cuja única recompensa seria uma futura encarnação como um ser masculino.
Em seu livro The Magick of Thelema, o nosso Frater Lon Milo Duquette define Babalon como Shakti, "a passiva, negativa corrente da natureza. Ela é magnética e atrai para Si, a potencialidade da energia, esta ela absorve e armazena (no Santo Graal, a Taça de Babalon)." Babalon também guarda profundas semelhanças com Kali, a destruidora. Kali é uma deusa de morte, cujos principais cultuadores, os tugues, adoravam com o assassinato.

Ela também é amante de Shiva, o qual é, muitas vezes, representado como um cadáver sobre o qual copula a Deusa, e o seu culto envolvia os mais profundos mistérios tântricos.
Na Cabala, Malkuth, a Shekinah, é o elemento feminino da Divindade, que recebia todos os poderes das demais Sephiroth, para transmiti-los ou dá-los ao mundo. É sumamente importante saber que o simbolismo cabalístico da Shekinah, principalmente delineado no Zohar, resgatou várias facetas perdidas das antigas divindades femininas, que podem ser agrupadas nos aspectos da castidade e promiscuidade, maternidade e sanguinolência.

Assim eram as antigas deusas do Oriente Médio, deusas que regiam tanto o amor quanto a guerra. A mais antiga delas era Inanna, a grande deusa suméria, patrona de Uruk (cidade chamada na Bíblia de Erech). Ela era considerada uma virgem (a pura Inanna), mas, paradoxalmente, era também a deusa responsável pelo amor sexual, pela procriação e pela fertilidade. Ela se entregou livremente ao rei Dumuzi (Tammuz), o primeiro rei mitológico da Suméria, e foi amante de todos os demais reis. Mas ela era também "a senhora da batalha e do conflito" que "tinha grande fúria em seu irado coração". Estas mesmas características estavam presentes nas divindades femininas de outros povos, como a Ishtar da Akkadia, a Anath dos cananeus e a Anahita dos persas.

Estas facetas da Deusa que moldaram o pensamento religioso do Oriente próximo durante milênios foram suprimidas pelo monoteísmo judaico-cristão com o seu deus descaradamente machista. Entretanto, elas ressurgem espantosamente na Shekinah dos cabalistas.
A Shekinah é a noiva e amante de Tiferet, numa relação que pode ser considerada incestuosa, pois ambos são o Filho e a Filha do Tetragammaton. O incesto entre deuses irmãos também sempre foi uma característica comum das antigas divindades. Mas ela também é amante de vários heróis bíblicos, e, em determinadas circunstâncias, de Satã e das Qliphot. Para a mentalidade do Velho Aeon, estes momentos eram desvios da norma divina.

Para nós, bravos e livres thelemitas, representam aspectos da realidade e complexidade psíquica do homem tão válidos e necessários quanto os demais. Uma deusa age como quer, e o velho deus El diz, em um poema mítico ugarítico bastante thelêmico, que "não existe restrição entre deusas".
Uma deusa age como quer, e o velho deus El diz, em um poema mítico ugarítico bastante thelêmico, que "não existe restrição entre deusas".
Também a Shekinah, misteriosamente virgem e esposa do Rei ao mesmo tempo em que se prostitui com Satã e seus demônios, é mãe protetora dos homens e a comandante das hostes guerreiras e punitivas de Deus, que a colocou nessa posição após o Exílio dos judeus. Para nós, o importante é que Babalon possui também todas essas características.
Mas a Shekinah é Malkuth e o Sistema Thelêmico identificou Babalon com a sefirah de Binah. Devemos notar, entretanto, que a Cabala estabelece entre essas duas um identidade comum. Binah é o primeiro He do Tetragrammatom, e Malkuth o segundo. Assim, a Shekinah seria uma segunda manifestação de um mesmo princípio, que permitiria à Criação comungar com algo que está normalmente além do seu alcance.

A Sacerdotisa, como Mulher Escarlate, cumpre este papel no ato sexual, permitindo ao seu parceiro experimentar algo do Mistério de Babalon.
"E na sua testa estava escrito o seu nome: Mistério, a grande Babilônia". Binah é a primeira sefirah depois do Abismo, a primeira manifestação do Pilar Esquerdo da Árvore da Vida. A dificuldade principal em defini-la deriva disto. Ela é o próprio Mistério, e só se revela aqueles que alcançam a sua morada. Crowley a descobriu no penúltimo Aethyr enochiano, ARN, onde ela lhe revelou que:
"Todo homem que me viu jamais me esqueceu, e eu apareço muitas vezes nas brasas do fogo, e sobre a suave pele branca de uma mulher, e na constância da cascata, e no vazio dos desertos e pântanos, e sobre grandes penhascos à beira-mar; e em muitos lugares estranhos, onde os homens não me buscam. E muitas milhares de vezes ele não me contemplou. E por fim Eu me lancei nele como uma visão golpeada em uma pedra e quem Eu chamo deve seguir".
Como deve, portanto, seguir Babalon aquele que sentiu o seu chamado, vislumbrando algo de Sua beleza no Mundo? Muitos ordálios são necessários, e a primeira prova que o iniciado encontra é o Desespero. Na visão de ARN, Tífon, o Senhor da Tempestade, induz Crowley ao desespero, mostrando-lhe como são inúteis todas as formas de adoração que ele conhecia:
"Desespero! Desespero! Pois tu podes enganar a Virgem, e tu podes adular a Mãe; mas o que dirás à antiga Prostituta que está entronizada na Eternidade? Pois se ela não quiser, não há nem força e nem astúcia, nem qualquer saber, que possa prevalecer sobre ela.
Tu não podes cortejá-la com amor, pois ela é amor.

E ela tem tudo, e não precisa de ti.
E tu não podes cortejá-la com ouro, pois todos os reis e capitães da terra, e todos os deuses do céu, derramaram o seu ouro sobre ela. Assim ela tudo tem, e não precisa de ti.
E tu não podes cortejá-la com sabedoria, pois o senhor dela é Sabedoria. Ela tem tudo isto, e não precisa de ti. Desespero! Desespero!
Nem podes agarrar-te aos joelhos dela e pedir por piedade; nem podes te agarrar ao coração dela e pedir por amor; nem podes colocar teus braços ao redor do pescoço dela, e pedir por entendimento; pois tu tens tudo isto, e nada disto te serve. Desespero! Desespero!
Nem podes vencê-la com a Espada, pois os olhos dela estão fixos sobre os olhos Daquele em cujas mãos está o punho da Espada. Desespero! Desespero!
Nem podes vencê-la pela Serpente, pois foi a Serpente que primeiro a seduziu! Desespero! Desespero!
Ao Adepto Exempto, entretanto, Crowley entregou o texto sagrado Liber Cheth Vel Vallum Abiegni como sendo a fórmula de Realização da Grande Obra através da devoção a Nossa Senhora Babalon. Segundo ele, o texto instrui o aspirante em como dissolver a sua personalidade na Vida Universal:
"1. Este é o segredo do Santo Graal, que é o sagrado vaso de nossa senhora a Mulher Escarlate, Babalon a Mãe das Abominações, a noiva do Chaos, que monta sobre nosso Senhor a Besta.
2. Tu deves derramar teu sangue que é tua vida na taça dourada de sua fornicação
3. Tu deves misturar tua vida com a vida universal. Tu não deves reter uma gota".
Para Crowley, a carta da Força do Tarot, que ele renomeou Lust (luxúria, desejo, tesão), é uma representação de Babalon cavalgando a Besta.
O entendimento que Crowley atingiu em vida sobre o Mistério de Babalon deve muito às suas experiências com o sistema Enochiano. Curiosamente, apesar de todo o caráter religioso e monoteísta que John Dee deu a esse sistema, a leitura de seus diários revela que a entidade por trás das comunicações era uma Deusa de características terríveis.

O anjo feminino Madimi, que Crowley reencontraria quatro séculos depois em sua odisséia enochiana, referia-se a Ela apenas como "minha Mãe". Kelley nunca conseguiu ver a divindade no cristal, mas ouviu a sua voz. Quando ele perguntou o seu nome, ela respondeu com ira: "EU SOU; que mais queres?", e afastou-se como uma chama, enquanto Madimi se prostrava em temor e espanto. Em outras ocasiões, a relutância de Dee em obedecer certas imposições geravam terríveis ameaças, e até uma troca de esposas foi ordenada aos dois para que o trabalho mágico tivesse a continuidade desejada.
Dee não tinha como conhecer na época a série de textos gnósticos ainda enterrados em Nag Hammadi; caso contrário, teria certamente relacionado a resposta da Deusa dada diante da impertinência de Kelley a um texto chamado "Trovão: Mente Perfeita", aparentemente uma fala da Sophia gnóstica, que alguns chamavam de Barbelo:
"Eu sou a honrada e a desprezada Eu sou a prostituta e a santa Eu sou a esposa e a virgem Eu sou o silêncio que é incompreensível e a idéia cuja lembrança é freqüente. Eu sou força e medo Eu sou guerra e paz Eu sou aquela que foi odiada em toda parte e que foi em toda parte amada Eu sou aquela a quem chamam de Vida e vós me chamaste Morte. Eu sou aquela a quem chamam de Lei e vós me chamastes Sem Lei."
Mais tarde, ao investigar o sétimo Aethyr, Kelley teria recebido uma mensagem que o aterrorizou a tal ponto, que seus experimentos com Dee chegaram a um fim. Para nós, é inevitável pensar na mensagem como sendo uma profecia daquela Deusa aos futuros thelemitas:
"Eu sou a filha da Fortaleza e violentada toda a hora de minha juventude. Pois vejam, eu sou Entendimento, e a ciência reside em mim; e os céus me oprimem

. Eles me cobrem e desejam com infinito apetite; pois nada que seja terreno me abraçou, pois sou ensombrecida com o Círculo das Estrelas, e coberta com as nuvens da manhã.(...) Eu sou deflorada, e ainda virgem; eu santifico e não sou santificada.(...) Eu sou uma prostituta para aquele que me violenta, e uma virgem para quem não me conhece. Purguem suas ruas, Ò vós filhos dos homens, e tornem suas moradas limpas; tornem-se santos, e vistam a retidão. Joguem fora vossas velhas prostitutas e queimem suas roupas e então eu trarei filhos a vós e eles serão os Filhos do Conforto na Era que está por vir."
É interessante notar a menção que o texto faz à Fortaleza, uma vez que para Crowley a carta da Força do Tarot, que ele renomeou Lust (luxúria, desejo, tesão), é uma representação de Babalon cavalgando sobre a Besta. A carta da Força corresponde ao Caminho entre Hesed e Gevurah, origem das forças mágickas thelêmicas, e, segundo seu O Livro de Toth, "esta carta retrata a vontade do Aeon". A energia representada pela mulher embriagada com o sangue dos santos seria de uma natureza primitiva e criativa, completa-mente independente do criticismo da razão. "Existe nesta carta uma divina embriaguez ou êxtase."
Dois dos mais destacados magos enochianos de nosso tempo, os Schueler, apresentaram em seu livro Enochian Yoga um Livro de Babalon que nada deixa a desejar em comparação com as demais citações feitas neste artigo, onde podemos perceber boa parte das idéias abordadas até aqui:
"1. Eu sou A Deusa. Eu sou espaço ao meio-dia. Eu sou as estrelas que brilham a noite. Eu sou chamada o Útero do Bebê. A Senda das Estrelas é o meu nome. Eu sou o Útero e eu sou a Tumba.
A energia representada pela mulher embriagada com o sangue dos santos seria de uma natureza primitiva e criativa, completamente independente do criticismo da razão.
3. Meus três nomes são Beleza e Desejo e Magia. Tema-me no meu nome Ela-que-é-a-beleza-da-noite. Venha a mim em meu nome Ela-que-é-mais-desejada. Conheça-me em meu nome Ela-que-domina-o-universo. Veja, eu sou a Virgem na manhã, a Tentadora e Mãe ao meio-dia, e a Anciã na noite.
5. Cuidado! Eu sou o Basilisco no topo de sua escada de cinco degraus. Ver-me nua e só é contemplar sua própria morte."
Babalon continua então sendo uma importante fonte de inspiração para os magistas pós-Crowley. Um dos membros mais famosos da O.T.O., ainda na época em que a Grande Besta caminhava sobre este mundo, o cientista da NASA Jack Parsons, por exemplo, registrou em seus diários uma série de operações onde, segundo a sua compreensão, teria contatado a própria Babalon, de quem teria recebido a incumbência de dar à vida uma criança que seria uma encarnação desta divindade, a qual também teria lhe ditado o Quarto Capítulo do Livro da Lei, onde se lê:
"Sim, sou Eu, BABALON.
E este é o meu livro, que é o quarto capítulo do Livro da Lei. Ele completando o Nome, pois eu venho de NUIT por HORUS, a incestuosa irmã de RA-HOOR-KHUIT.
...Coloque minha estrela em suas bandeiras e avancem em alegria e vitória. Ninguém o negará, e ninguém ficará diante de ti, por causa da Espada de meu Irmão. Invoque-me, chame-me, chame-me em suas convocações e rituais, chame-me em seus amores e batalhe em meu nome BABALON, onde todo poder é dado!".
O Quarto Capítulo de Parsons, embora não seja aceito como uma genuína revelação thelêmica pela O.T.O., sem dúvida conseguiu reproduzir algo da beleza do original. É muito mais do que podemos dizer do monte de tolices escritas com o vaidoso objetivo de completar aquilo que já é perfeito. Existem tantas bobagens chamadas de Quarto Capítulo quanto pseudo-encarnações de Crowley, ao ponto de Umberto Eco ter satirizado o fato em sua obra O Pêndulo de Foucalt.
O Rito do Equinócio realizado por este Acampamento no dia 21 incluiu, portanto, uma invocação à Nossa Senhora BABALON.

Enquanto o coro dos Iniciados entoava o cântico "Aum. Aum. Et incarnatus est de spiritu sancto ex Babalon omnibus mater et homo factus est. Aum. Aum.", e a Sacerdotisa servia a todos o Vinho no Cálice, o Hiereus invocou as energias do Aethyr ARN através da recitação da seção Água do Liber Samekh, cuja passagem "BABALON-BAL-BIN-ABAFT" foi interpretada por Crowley como significando "Babalon! Tu Mulher da Prostituição! Tu, Portal do Grande Deus ON! Tu Senhora do Entendimento dos Caminhos!"; e da leitura da Chave Enochiana dos Aethyres. Foram também invocados os Governantes do Aethyr, DOAGNIS, PAKASNA E DIAIVOLA. Como a invocação do Equinócio atraiu forças que atuarão durante toda a estação sobre a Egrégora do Acampamento e sobre os seus membros, é importante sabermos as funções iniciáticas desses Governadores. Segundo o livro de Gerald e Betty Schueler, Enochian Magic, as funções deles seriam:
DIAIVOLA (O deus onde está a vontade): ele inicia na realidade espiritual e nas doutrinas da Tradição Esotérica, cujas Raízes emanam do Mistério de Binah.
PAKASNA (Ele que não muda com o tempo): inicia todos os que entram em ARN no significado do Amor e do Eterno Feminino.
DOAGNIS (Ele que vem sem um nome): inicia todos os que entram em ARN no significado do Amor e sobre a ilusão dos nomes e títulos.


O Governador DOAGNIS, então, tem para nós, neste momento de estabelecimento da Lei de Thelema e da O.T.O. no Brasil, especial importância. A nossa Grande Obra precisa de pessoas dedicadas e cuja aspiração seja aprender, agora e sempre. Este Governador pode nos ensinar a não cairmos nas falácias que representam os títulos iniciáticos, muitas vezes comprados via Internet com material roubado de outras ordens.

Aquilo que nós não queremos em nosso meio são colecionadores de iniciações. Nós valorizamos, sim, aquelas pessoas que vêm na Ordo Templi Orientis uma oportunidade única de participarem de um real processo iniciático verdadeiramente thelêmico, e que desejam contribuir para o desenvolvimento das condições onde este processo ocorre. Pessoas que queiram aprender conosco, lado a lado, de igual para igual, pois o verdadeiro thelemita é o seu próprio mestre, e não confia em cargos, títulos, no tempo ou na idade, para buscar e realizar a sua Verdadeira Vontade.

Grandes Bruxos



Grandes Bruxos:





Agripa:



Heinrich Cornelius Agripa foi um mago que viveu na Renascença. Nascido Heinrich Cornelius, perto de Colônia, Alemanha, em 1486, ele adotou o nome de Agripa em homenagem ao fundador de sua cidade natal. Trabalhou como médico, advogado, astrólogo e com curas através da fé. Mas fez tantos inimigos quanto amigos e foi acusado de feitiçaria. Em 1529, publicou um livro chamado Sobre a Filosofia Oculta, valendo-se de textos hebraicos e gregos para argumentar que a melhor maneira de chegar a conhecer a Deus era por meio da magia. A Igreja declarou-o um herético e o prendeu. Morreu em 1535. Agripa foi uma das inspirações de Wolfgang Goethe para escrever a peça Fausto, na qual um homem de ciência faz um pacto com o diabo - semelhante ao pacto entre Voldemort e seus seguidores. Seu nome é também um termo para designar um livro de magia muito especial, cortado em forma de pessoa.



Alberico Grunion:



Este nome deve ter sido inspirado pelo de Alberico, o poderoso bruxo do poema épico germânico Nibelungenlied (A Canção dos Nibelungos). O poema é um registro mítico de um evento histórico - a vitória dos hunos sobre o reino da Burgundia (hoje parte da França), em 1437d.C. Na versão de Wagner (O Anel dos Nibelungos), Alberico é o rei dos duendes, cheio de ódio em ambição. Quando descobre um tesouro em ouro, guardado por donzelas inocentes, faz de tudo para obtê-lo, até mesmo renunciar para sempre ao amor. Ele usa o ouro para fazer um anel que lhe dá grande poder. Quando o anel é roubado, Alberico joga sobre ele uma maldição. Todo aquele que o usar padecerá enormes sofrimentos



Alvo Dumbledore
Atualmente, o diretor de Hogwarts. Considerado por muitos, o maior bruxo de todos os temposCirce
Da mitologia grega, feiticeira, filha do deus Hélio e da nereida Perseis. Vivia na ilha de Eéia, que possivelmente ficava na costa oeste da Itália. Com poções e encantamentos, Circe era capaz de transformar seres humanos em animais.



Cliodna:



Na mitologia irlandesa, Cliodna desempenha diversos papéis, de deusa da beleza a mandatária da Terra Prometida - a vida após a morte. Ela é também a deusa dos mares. Alguns dizem que seu rosto surge nas praias a cada nona onda que se quebra no litoral. Ela tinha três pássaros encantados que curavam os enfermos.



Hengisto de Woodcroft



Este mago é ou recebeu seu nome em homenagem ao rei saxão da Inglaterra. O rei Hengisto e seu irmão Horsa - seus nomes vêm de palavras em alemão para "garanhão" e "cavalo" - chegaram à Inglaterra em 449a.C., com mercenários, para ajudar o rei Vortigern a derrotar a rebelião dos Pictos e dos Celtas da Escócia. No entanto, começaram sua própria rebelião. Hengisto fundou o reino de Kent. É provável que o nome Woodcroft seja simplesmente um dos que a J.K. descobriu num mapa e gostou. Em Peterborough, na Inglaterra, ao Norte de Kent, existe o Castelo Woodcroft, lugar famoso por seus assassinatos e fantasma.


Merlin:



É considerado um dos mais sábios magos que já existiram, um bruxo-mestre. Dizem que foi conselheiro dos reis britânicos Vortigern, Uther Pendragon e Artur. Embora a lenda possa ter se baseado em alguém que tenha existido de fato, o Merlim que conhecemos é um personagem tirado da fantasia. Por exemplo, alguns dizem que foi ele quem colocou no lugar as pedras de Stonehenge. Outros dizem que ele possuía o dom da profecia porque vivia ao contrário, do futuro para o passado, e portanto já tinha visto o futuro. Merlim é mais conhecido como o mentor do rei Artur. Um notável paralelo é que ele ocultou o garoto Artur, protegendo-o, do mesmo modo como Dumbledore escondeu Harry de Voldemort.




Morgana:



Foi uma feiticeira poderosa da mitologia britânica, especialmente dotada nas artes da cura. Merlim foi seu tutor e, algumas vezes, é dito que ela era meia-irmã do rei Artur. Apesar disso, sempre rivalizou com Artur, roubando sua espada, Excalibur, ou mesmo tramando sua morte. De acordo com algumas lendas, ela viveu no Estreito de Messina. Uma corrente incomum que atravessa aquela região puxa as criaturas fosforescentes das profundezas para a superfície , criando a impressão de estranhas luzes ou de objetos flutuando sobre a água. Essas figuras são chamadas de Fata Morgana, sendo que Fata em italiano significa Fada



Paracelso:




Pseudônimo de Theophrastus Bombastus von Hohenheim (c. 1493-1541), médico e químico suíço. Recusou as crenças médicas de sua época, afirmando que as doenças se devem a agentes externos ao corpo e que poderiam ser combatidas por meio de substâncias químicas.
Identificou as características de várias doenças, como o bócio e a sífilis, e usou ingredientes como o enxofre e o mercúrio para combatê-las



Ptolomeu:



Cláudio Pt e posições aparentes dos planetas, do Sol e da Lua olomeu (100?-170?), astrônomo e matemático, cujas teorias e explicações astronômicas dominaram o pensamento científico até o século XVI. Também é famoso por suas contribuições em matemática, ótica e geografia.
A primeira e mais famosa obra de Ptolomeu é conhecida simplesmente como Almagesto. Ela propõe uma teoria geométrica para explicar matematicamente os movimentos

ENsinamento do Mago ll


Ensinamento do Mago ll



Mestre e discípulo caminhavam pela beira de uma praia discutindo a respeito da vida quando se depararam com um ninho de tartarugas-marinhas, e as tartaruguinhas estavam saindo dos ovos e correndo para o mar. E notaram que algumas haviam sido pisadas, outras eram capturadas por pequenos animais ou simplesmente morriam. Então viram que uma das pequenas tartarugas estava se debatendo, com o casco para baixo.O Mestre abaixou-se o com um simples gesto do dedo desvirou a tartaruga, que então foi correndo para o mar, desaparecendo na espuma das ondas.O discípulo disse:- Mestre, por que o Sr. fez isso ? Quero dizer, seu ato não alterará nada, foi algo tão pequeno em relação à grandiosidade da Natureza de forma que acho que para fazer alguma diferença teria que ser um ato imensamente maior, o Sr. não acha ?E o Mestre respondeu:- Pois para AQUELA tartaruguinha um pequeno gesto do meu dedo fez toda diferença do mundo


Às vezes, através de gestos pequenos podemos fazer grandes coisas, embora essas grandes coisas só sejam grandes em relação a quem recebe nosso gesto.
O fato é que existem pessoas que poderiam ser mais felizes se nós entendessemos que poderíamos ajudá-las através de pequenas coisas. Pessoas esperam de nós um sorriso, um "bom dia!" , e até um "eu te amo!" e muitas vezes para nós isso seria algo simples de se fazer, mas nem sempre fazemos.


Na Magia é preciso explicar que o magista é um homem ou mulher que nem sempre vive de grandes atos.
A vida do magista não é só grandes rituais, evocações terríveis, e coisas maravilhosas. Magistas são pessoas de atos grandes e pequenos, mas todos eles igualmente nobres.
Todo magista deve ter em mente que ele não veio ao mundo à passeio, e que havia uma razão para que ele se tornasse um magista.


Muitas vezes conversei com magistas que ao serem perguntados o porque se tornaram magistas, me responderam : "Para descobrir meu Eu Superior." . Essa resposta está parcialmente correta. De fato, essa descoberta do Eu Superior tambem é importantíssima mas não é o único objetivo dos estudos e dos treinamentos de nenhum magista que tenha se dedicado corretamente. Se esse fosse o único objetivo então seria egoismo : de que adiantaria uma compreensão e conhecimentos superiores, se não partilhar com ninguem e isso jamais se converter em benefício a outras pessoas ?
Seria como se todas as pessoas estivessem dormindo sendo que o magista é uma pessoa que acordou, e agora a sua função é ajudar as outras pessoas a acordar tambem, para que vejam o mundo tal qual ele é, e não como as pessoas foram condicionadas a ve-lo.
No "O Mito da Caverna" , de Platão, essa situação é bem descrita. Há ali pessoas que sempre viveram em uma escura caverna, mas uma delas consegue ir lá fora, e volta contando as maravilhas da luz do dia. As pessoas não acreditam, porque sempre viveram na escuridão e não acreditam nas coisas que aquele que viu a luz está lhes relatando. Isso não faz parte de suas realidades, desconhecem o conceito de realidade aparente e esse homem passa a ser chamado de visionário e até de louco.


A Magia se torna mal-vista quando magistas não-preparados resolvem tentar "despertar" os outros, contando-lhes coisas que não foram vistas e induzindo-lhes ao erro camuflado de "grandes verdades da Magia" .
Não há "grandes Verdades" na Magia, tudo é muito simples, talvez simples demais, e essa simplicidade toda é que mantem ocultas muitas coisas.
Um magista não precisa praticar grandes atos, mas seus atos tem que ser grandes, no sentido de que devem ter grandeza, correção e consciência.


A Magia não existe para fazer a felicidade financeira de ninguem, e nenhum magista pode cobrar por seus serviços. Se formos considerar que esse magista seguiu os ritos corretos ele tambem não teve de pagar nada pelo que aprendeu, e por isso não se justifica que ele estabeleça preço par ajudar as pessoas.
E esse ajudar poderá ser de formas até bastante simples, e mesmo não sendo magista toda pessoa tem em mãos a capacidade de fazer outras pessoas felizes.


O Ser Humano existe para ser feliz e nossa finalidade deveria ser a de proporcionar felicidade uns aos outros. Por possuir uma outra visão de mundo o magista tem uma possibilidade maior de proporcionar isto às pessoas, que muitas vezes só precisam de uma pequena ajuda.
Mas o magista não pode pegar as pessoas pelas mãos e leva-las pelos caminhos, porque isso tiraria delas o senso de luta, a capacidade de buscar o próprio destino e de dar rumo à propria vida. Por isso é que eu digo: não posso lhe dar um caminho mas posso lhe dar um começo. Acho muito correta a filosofia que diz que a quem tem fome NÃO DEVEMOS dar o peixe, e sim ensinar a pessoa a pescar, para que ela aprenda a andar com os próprios pés.


O magista pode e deve ajudar as pessoas, mas é preciso ter os pés nos chão, por causa dos falsos magistas que através de uma Magia incompleta e às vezes pervertida não só afastam as pessoas de seus caminhos como tambem passam a se constituir para elas em uma fonte de desgraças.
Gestos pequenos tambem são passíveis de proporcionar felicidade aos nossos semelhantes e possivelmente mesmo sem nos darmos conta disto nós podemos ajudar a muitas pessoas.
Ajudando aos outros ajudamos a nós mesmos ; trazendo felicidade aos outros é a nós mesmos que tornamos felizes.


Afinal, não é uma existência miserável a de alguem que nunca moveu um simples dedo em benefício de seus semelhantes, nem se importou em ajudar aos irmãos que cruzaram o seu caminho ? Quem sabe se um pequeno gesto nosso poderá fazer toda diferença do mundo para alguem ?

Iniciação e Ritos de Passagem



Em todas as sociedades primitivas, determinados momentos na vida de seus membros eram marcados por cerimônias especiais, conhecidas como ritos de iniciação ou ritos de passagem. Essas cerimônias, mais do que representarem uma transição particular para o indivíduo, representavam igualmente a sua progressiva aceitação e participação na sociedade na qual estava inserido, tendo portanto tanto o cunho individual quanto o coletivo.


Geralmente, a primeira dessas cerimônias era praticada dentro do próprio ambiente familiar, logo em seguida ao nascimento. Nesse rito, o recém-nascido era apresentado aos seus antecedentes diretos, e era reconhecido como sendo parte da linhagem ancestral. Seu nome, previamente escolhido, era então pronunciado para ele pela primeira vez, de forma solene.
Alguns anos mais tarde, ao atingir a puberdade, o jovem passava por outra cerimônia. Para as mulheres, isso se dava geralmente no momento da primeira menstruação, marcando o fato que, entrando no seu período fértil, estava apta a preparar-se para o casamento. Para os rapazes, essa cerimônia geralmente se dava no momento em que ele fazia a caça e o abate do primeiro animal. Ligadas, portanto, ao derramamento de sangue, essas cerimônias significavam a integração daquela pessoa como membro produtivo da tribo: ao derramar sangue para a preservação da comunidade (pela procriação ou pela alimentação), ela estava simbolicamente misturando o seu próprio sangue ao sangue do seu clã.


Variadas cerimônias marcavam, ainda, a idade adulta. Entre os nativos norte-americanos, algumas tribos praticavam um rito onde a pele do peito dos jovens guerreiros era trespassada por espetos e repuxada por cordas. A dor e o sangue derramado eram, dessa forma, considerados como uma retribuição à Terra das dádivas que a tribo recebera até ali.
Outras cerimônias seguiam-se, ao longo da vida. O casamento era uma delas, e os ritos fúnebres eram considerados como a última transição, aquela que propiciava a entrada no reino dos mortos e garantia o retorno futuro ao mundo dos vivos.


Todas essas cerimônias, no entanto, marcavam pontos de desprendimento. Velhas atitudes eram abandonadas e novas deviam ser aceitas. A convivência com algumas pessoas devia ser deixada para trás e novas pessoas passavam a constituir o grupo de relacionamento direto. Muitas vezes, a cada uma dessas cerimônias, a pessoa trocava de nome, representando que aquela identidade que assumira até então, não mais existia - ela era uma nova pessoa.


Nos tempos atuais e nas sociedades modernas, muitos desses ritos subsistiram, embora muitos deles esvaziados do seu conteúdo simbólico. Batismo e festas de aniversário de 15 anos, por exemplo, são resquícios desse tipo de cerimônia, que hoje representam muito mais um compromisso social do que a marcação do início de uma nova fase na vida do indivíduo.
No entanto, a troca do símbolo pela ostentação pura e simples, acaba criando a desestruturação do padrão social. Tomando o batizado cristão como exemplo, poderia-se perguntar quantas pessoas que batizam os seus filhos são, realmente, cristãs. Quantas pretendem realmente cumprir a promessa solene, feita em frente ao seu sacerdote, de manter a criança na fé dos seus antepassados? Obviamente, nas sociedades primitivas, tais promessas eram obrigações indiscutíveis e sagradas. Rompê-las era colocar em risco a própria sobrevivência da tribo como unidade coerente, o que não era, ao menos, cogitável.



A Iniciação dos Xamãs e Heróis


Ao lado dos ritos que abordamos, de certa forma institucionalizados e regulados pela família e pela sociedade, haviam outros ritos específicos, que poderiam configurar uma categoria distinta de passagem ou iniciação. Embora pudessem acontecer depois de alguma preparação, era comum que esses ritos ocorressem espontâneamente, a partir de uma casualidade que era então tida como propiciada pelos deuses. Estes eram os ritos de iniciação dos xamãs ou dos heróis.
Muitas pessoas, após passarem incólumes por algum tipo de experiência traumática, que poderia ter provocado a sua morte, eram consideradas como pertencendo a uma classe especial. Estados semicomatosos induzidos por doenças, picada de animais peçonhentos, etc, eram normalmente considerados como modificadores da pessoa, que retornaria desses estados possuindo uma nova e mais clara visão do mundo. Essas pessoas, geralmente, eram alçadas à condição de xamãs pela tribo.


Por um outro lado, o contrário também poderia acontecer: dentro do processo normal de treinamento de um xamã, chegava-se a um ponto em que determinadas provas deveriam ser enfrentadas, para que o treinando comprovasse a sua capacidade de enfrentar seus medos e seus próprios limites físicos e mentais. Isolamento, frio, fome, às vezes extremos, eram utilizados nesse sentido.


A idéia aqui, portanto, não era a de rito de passagem simplesmente como transição de um período para outro da vida, mas também como de um estado de consciência para outro. Ou seja: essa forma de rito não depreendia uma idade ou ocasião específica, e nem ao menos uma cerimônia específica. Poderia acontecer a qualquer momento da vida, por acaso ou por escolha própria, e tinha um cunho de transformação de personalidade mais profundo, geralmente associado a uma missão a cumprir, após a iniciação.


O caráter de morte e renascimento nesses ritos era profundamente marcado. Vê-se tal caráter em diversas lendas de heróis mitológicos, como, por exemplo, no mito egípcio de Osíris, que possui todas as características associadas ao processo das iniciações míticas.
Osíris era uma divindade civilizadora - a ele era atribuída a invenção da escrita e o desenvolvimento da agricultura. No mito, seu corpo é despedaçado e espalhado por todo o Egito; em seguida sua esposa Ísis empreende uma longa busca pelos seus pedaços, e reúne-os para que ele gere com ela seu filho Hórus, que irá prosseguir seu trabalho civilizador. Há de se notar que Ísis, além de esposa, era irmã de Osíris, ou seja: a idéia é que os dois, na verdade, eram duas faces distintas de uma mesma pessoa. Osíris representa o aspecto de nossos conhecimentos prévios que hão de ser desfeitos, ao passo que Ísis representa a parte de nós que realiza a busca e a reconstrução.


Note-se, também, que Osíris (o conhecimento), após ser reconstruído, não permanece existindo, mas apenas cumpre a função de gerar em Ísis um novo ser, filho da fusão entre as duas partes. A mensagem, portanto, é: aquele que busca o conhecimento deverá morrer (perder a individualidade, desfazer-se), recolher suas partes através de um árduo e longo trabalho e, por fim, transformar-se em um novo ser, com uma missão a cumprir.
O Significado das Iniciações no Paganismo


O termo iniciação tem sido bastante mal compreendido dentro do paganismo atual. Confunde-se iniciação com "início", e muitos julgam que a iniciação seria uma espécie de cerimônia de admissão em certas vertentes do paganismo. Contrapõe-se a figura do iniciante à do iniciado, o que é correto apenas em parte.


Na realidade, há de se encarar o paganismo, se não como uma religião (já que essa palavra geralmente implica dogma e sistematização), pelo menos como uma forma de manifestação da religiosidade natural do ser humano. Dessa maneira, não faria sentido um ritual específico para que uma pessoa pudesse praticá-lo, da mesma maneira que nenhuma condição é pré-estabelecida para que alguém frequente uma igreja. Por um outro lado, para a maioria das pessoas, adotar essa forma pagã de religiosidade significa romper, de qualquer maneira, com velhos dogmas e sistemas, ou seja: é uma forma de passagem. Já que a própria concepção pagã, como descrevemos no início deste texto, preconiza a marcação das passagens com celebrações específicas, a idéia da existência de uma cerimônia de iniciação (ou várias) estaria portanto justificada.


O que se vê, no entanto, não é isso. A idéia da iniciação, por ser mal compreendida, é comumente descrita como uma espécie de ritual mágico, que pode ser realizado sozinho e que transformaria as pessoas em bruxos. Isso é, pura e simplesmente, uma deturpação da idéia.
O rito de passagem tem suas próprias funções, como vimos: ele marca transições, marca o assumir de novos hábitos e responsabilidades e marca a aceitação de uma pessoa por um determinado grupo. Não se poderia esperar, no entanto, que essas transformações fossem efetivadas sem uma preparação específica. Voltando às sociedades tribais, podemos observar que os jovens, no decorrer de sua vida, são constante e cotidianamente preparados para os momentos de seus ritos de passagem.

Apenas como exemplo, o futuro caçador passa por vezes anos acompanhando os grupos de caça, assumindo funções progressivamente mais importantes nesses grupos, até finalmente chegar a abater, sozinho, a sua primeira presa. Quando isso acontece, ele passa pela cerimônia que marca a sua aceitação pelo grupo dos caçadores, tendo provado que é digno de fazer parte desse grupo.
Assim, a idéia de uma cerimônia de iniciação dentro do paganismo, se admitida como necessária, há de ter essas mesmas características. Passar por essa cerimônia significa que o iniciado adquiriu conhecimento e prática, e por isso mesmo tornou-se digno de fazer parte de um grupo. Logo, isso não pode ser nem um ato prévio nem um ato solitário

. É incongruente tanto dizer-se que novas atitudes serão assumidas sem que tenhamos nos preparado para isso, quanto nos admitirmos num "grupo" do qual apenas nós fazemos parte.


As Jornadas Iniciáticas


Uma vez compreendido que a iniciação é o resultado de um processo mais ou menos longo de compreensão, conhecimento e prática, que leva a uma mudança de status pessoal por marcar uma mudança de hábitos; que ela é a culminância de um processo e não o processo em si, há de se entender como esse processo se dá.
Um processo de iniciação é um processo de trabalho da personalidade, que envolve, como dissemos, a desconstrução de padrões pré-estabelecidos e a construção de novos padrões, que passarão a nortear a nossa conduta e existência. Vemos uma representação desse processo nos arcanos maiores do tarô: cada um deles representa um passo, um degrau, um conhecimento específico que se deve adquirir, ao longo de um caminho iniciático. Esse caminho é, no tarô, percorrido pelo Louco, que justamente por isso é o arcano sem número, podendo se encontrar, portanto, em qualquer uma das posições, ou estágios do caminho.


O Louco representa a própria desconstrução. Consideramos louco tudo aquilo que não é estruturado, tudo aquilo que é, de certa forma, caótico ou vazio. No entanto, a real estruturação apenas pode surgir do caos; caso contrário, o que se dá é apenas uma reformulação, ou mesmo apenas um ajuste. É emblemática a frase que surge em praticamente todas as cosmogonias, com ligeiras variações: no princípio era o caos.
Uma jornada iniciática não pode partir de preceitos estabelecidos. Muito pelo contrário: ela deve começar justamente pela eliminação de todo e qualquer conceito que possa, de alguma forma, direcionar ou influenciar o caminho de quem se propõe a empreendê-la. Note-se que o Louco se encontra, justamente, à beira do abismo. O próximo passo, que ele já começou a dar, o lançará no desconhecido, sem nenhum ponto de apoio, deixando para trás tudo aquilo que é sólido.
Lançar-se no abismo (domínio do Ar e, portanto, dos inícios) significa, também, mergulhar na própria consciência, ir ao fundo de si mesmo, atirar-se ao fundo do poço de nossa personalidade. Ao atingirmos o fundo do poço, só existe um caminho de saída: para cima.

Logo, apenas ao atingi-lo poderemos empreender a escalada; construir, degrau por degrau, a escada que nos levará das profundezas escuras de volta ao Sol, para que possamos, novamente, ver o Mundo.
Esse é, portanto, o teor da jornada iniciática, da qual a cerimônia de iniciação, o rito de passagem, marca simplesmente a culminância do processo. Por isso mesmo, em sua celebração, o rito busca reprisar os episódios da jornada, refazer a desconstrução e reconstrução da personalidade, representar em momentos aquilo que, por vezes, levou anos. No decorrer de nossa vida, podemos passar por diversos processos desse tipo, conscientes ou não, orientados ou não. O final de cada um desses processos é apenas o início do próximo.


Um exemplo disso nos é dado pela própria vida, a grande jornada iniciática em si, que encerra todo o processo cíclico de nascimento, aprendizagem, morte e renascimento. Somos matéria bruta ao nascermos e, ao longo dos anos, adquirimos o conhecimento que nos dá, na velhice, a clara visão do mundo, tão decantada como a sabedoria que surge com a idade. O próximo passo, no entanto, é novamente o mergulho no abismo, no desconhecido

Tratado sobre Iniciações



O ser humano, em sua evolução, ampliou sua sensibilidade em relação aos segredos da Natureza. Alguns destacaram-se pelo grau de conhecimento conseguido através desta percepção, passando a transmiti-los a todos que manifestavam interesse em adquiri-los, sem discriminação. Assim, os conhecimentos adquiridos por alguns, foram utilizados de forma extremamente egoísta e em benefício próprio, utilizando a Sabedoria recebida, para tirar vantagens físicas e materiais.


"O conhecimento gera o Poder. O conhecimento absoluto o Poder absoluto". Por estas razões,os Mestres limitaram os conhecimentos a serem proporcionados às pessoas em geral. O acesso aos Mistérios, tornou-se uma prática que deu início às chamadas Iniciações. As Iniciações como nos ensina Helena Blavatsky são cerimônias de Mistérios, mantidas ocultas dos profanos e dos não Iniciados. Para Platão, as Iniciações são a conquista progressiva dos estados de consciência. No livro de Job lemos que, há uma alquimia espiritual e uma transmutação física e o conhecimento de ambos nos é comunicado nas Iniciações. Para os Neo Platônicos ela é a união da parte com o Todo. A harmonização, é uma das chaves para que ocorra o equilíbrio físico, mental e espiritual necessários ao iniciante.As energias que se apresentam em todas as Iniciações, se manifestam sempre,conforme relatos dos iniciados, como chispas luminosas, luzes encantadas, símbolos dançantes multicoloridos, que são vistos, ouvidos ou sentidos.


Segundo alguns ocultistas,as primeiras iniciações começaram com Rama, há 4 ou 5 mil anos A.C. o sacerdote da antiga Citia na Ásia, Rama foi um rei espiritual do planeta Terra, o Inspirador da Paz e o primeiro legislador a interligar a vida humana, ao ciclo das estações do zodíaco. Para E.Schure, Rama foi quem primeiro fixou os signos do Zodíaco. Desta forma Rama nos legou as Doze Primeiras Grandes Iniciações,os Doze Passos do Zodíaco, que o ser humano tem que percorrer passo a passo, para melhor dominar seus instintos, emoções, purificar pensamentos, palavras e ações, conscientizar em si a ilusão da separatividade, para exercer a regra máxima da purificação do Iniciante, a "Primeira Pedra do Templo da Sabedoria ",o Silêncio. Os Mistérios de Samotracia seguem os seguintes Passos: a purificação, a recepção,a revelação,a amizade e a comunicação com Deus. A Iniciação Egípcia tem por maior Passo, a pergunta feita ao adepto antes de ser admitido nos Mistérios: "Conheceis quem sois?"


Em Menfis no Egito,os Passos do iniciante são os das 7 virtudes morais. Na Iniciação à Esfinge um dos Sagrados Passos é o da revelação do único e verdadeiro atributo humano - SER. A Iniciação ao Pentágono consiste na reforma ou sublimação interior do Homem pelas lutas interiores. A Iniciação de Cagliostro se dirige ao espírito, à energia, abnegação, confiança no futuro, a glorificação de Deus em Si. A Iniciação Maçônica (Sabedoria-ciência das coisas), em seu rito francês assinala que quem deseje realizar os Mistérios, terá que viajar só, sem temor, purificado pelo fogo, água e ar."Por ter vencido o medo e a morte e preparado sua alma para receber a luz,terá direito de sair do seio da terra e ser admitido na revelação dos grandes Mistérios". Das Iniciações realizadas no antigo Egito, Grécia, Roma, podemos lembrar algumas que ainda hoje são realizadas em locais sagrados:os Sete Atributos da Lira de Apolo, os Sete Oceanos, os Mistérios de Eleusis, de Samotracia, Órficos, Ceres, de Baco, a Sagrada Iniciação dos Trinta e Dois Caminhos do Sepher Jetzirah (O Livro Sagrado da Sabedoria Secreta), os Vinte e Dois Caminhos Secretos da Letras do Sagrado Alfabeto Hebreu, as de Isis, Osiris, Horus e as do Sagrado Sol Central, que desde a época do continente Mu, são em número de quatro:


1) a do Sol Central ou Sol Perfeito; 2) o Sol Poder da Suprema Inteligência; 3) O Sol Visível; 4) O Mistério do Espírito e da Palavra.
A Sagrada Iniciação Budista nos declara em um dos seus Mistérios:
"Sendo um, se torne múltiplo, sendo múltiplo, volte a ser único, podes aparecer e desaparecer sem encontrar resistência, passar através das paredes,montanhas, como se fosses ar, se fundir com a terra e emergir dela como se fosses água, caminhar sobre a água sem que ela se abra como se fosses terra, atravessar os ares, tocar com tuas mãos o Sol e a Lua, astros poderosos e maravilhosos e com seu corpo, chegar até o mundo de Brahma."


Outras Iniciações como o Yoga Hindu da revelação, os Mantras Védicos, os Upanishad iluminam a mente para a Verdade Brahmanica do Homem e Deus, dos Deuses e Mantras. O Conhecimento Divino das forças Supremas de Luz, Agni, Indra, Soma, o mito de Angiras entre tantos, nos lêvam a uma prosternação e como nos diz Sri Aurobindo, "a verdade, a retidão, a imensidade dos Vedas, nos conduzem à Plenitude e a Imortalidade". Iniciar, de acordo com E. Alfonso, fundador da Escola de Iniciação Filosófica é realizar no ser humano, a transmutação da consciência humana em Divina, e todas as Iniciações Indianas nos conduzem à essa transmutação.

Não podemos deixar de mencionar a Sagrada Iniciação do SHRI CHAKRA, contido no texto do Bhavana Upanishad, que nos conduz ao nosso próprio centro e à obter os dons divinos da Generosidade, da Vontade da Consciência Cósmica entre tantos outros, que nos são fornecidos pelos Mestres Rishis, Sadus e Yogas, etc. As Iniciações Reikianas, redescobertas pelo Dr. Mikao Usui no século passado, formas tão puras e simples de sutil canalização energética, são realizadas pelos mestres, através do dom divino da energia do Amor. Transformando, religando, purificando, transmutando energeticamente o ser humano, desenvolve em cada um, a sua própria Mestria.
As iniciações reikianas, concedem uma maior consciência e capacidade para que, possamos nos assumir integralmente. Alinhando mente, corpo e espírito aos Princípios Constitutivos do Homem, nos torna uno com o Universo e assim, como um canal energético, auxiliamos "a cada Ser a tomar para si,a cura que necessita" (Dr. Mikao Usui). A obtenção do conhecimento do "Eu Deus", do Amor ao Eu Superior, ao Deus em Nós, nos torna harmoniosamente sintonizados com o Universo-Amor-Unicidade-Deus, graças à Iniciação em Reiki. Em todos os processos iniciáticos, uma verdade é comum à todos, a religação com o Uno, o AMOR, a conscientização de que devemos realizar em nós o Divino.


Manter, sempre em permanente estado de vigília, todos os nossos centros (Gurdijeff), faz parte dos caminhos iniciaticos dos adeptos. A reverberação contínua do Eu Sou, a Sagrada Atenção, o Silêncio, são os Mistérios Maiores da Unicidade divina contida nas Iniciações. Todos o Passos, Mistérios, terão que ser percorridos dentro de nós, para que possamos ser iniciados,"Não chegarás ao Caminho se não te converteres no Caminho".
Lembrarmos sempre que todos os Grandes Iniciados, Jesus, Buddha, Lao-Tse, Orfeu, Krishna, Moisés, Hermes, e tantos mais, realizaram o Divino no Humano. Eles são as verdadeiras encarnações do Verbo, os Mediadores da Consciência Cósmica Universal, pois transcenderam todos os estados de consciência para realizarem a Vontade Divina do Sagrado Único - O AMOR