EM TEMPO:
PARA AS MINHAS PESQUISAS SOBRE O TEMA ESPIRITiSMO E MEDIUNIDADE, SEMPRE BUSCO COMO FONTE DE INFORMAÇÕES O VELHO MESTRE (ALLAN KARDEC). AO QUAL, EU LHE DEVO MUITO PELO APRENDIZADO, EQUILIBRIO E INÍCIO NOS MEIOS ESPIRITUAIS.
Efeitos Físicos:
A questão sobre se os Espíritos podem ou não interferir no mundo material sempre levantou muita polêmica nos meios religiosos. Para opinar favorável a essa interferência, o Espiritismo reuniu em seus postulados uma série de estudos e comprovações que apóiam essa tese. Como demonstra a Doutrina Espírita, os Espíritos nada mais são do que pessoas como nós (chamadas de encarnadas, por estarem durante a encarnação), que, depois de passarem pela morte do corpo físico, continuam vivas no plano espiritual (passando a serem chamadas de desencarnadas, pois seus espíritos vivem agora sem o corpo físico). Encontram-se, então, na verdadeira vida, como disse Jesus. É um lugar muito parecido com o lado material, no entanto, com características próprias, que perfazem regiões piores ou muito melhores do que as existentes na Terra.
Embora vivam num mundo semelhante ao material, os Espíritos, encontrando-se no lado espiritual, não têm acesso direto na matéria. Falta-lhes a parte física. Sem ela, é impossível que os Espíritos consigam se manifestar visivelmente entre nós. Para que isso possa acontecer, é necessário haver uma ligação entre os dois planos.
É então que aparece a figura do médium, ou seja, a pessoa que tem condições de sentir ostensivamente a presença dos Espíritos e transmiti-la. Ressalta-se que o bom médium é aquele que permite ou não a manifestação do Espírito através de sua faculdade mediúnica, tendo total controle sobre ela.
Existem vários tipos de médiuns. Entre eles, os escreventes ou psicógrafos, como é o caso do mineiro Chico Xavier. Podemos dizer que sob a influência mental dos Espíritos, o médium "empresta" sua mão para a entidade, que então passa a escrever mensagens, livros e outros. Há também os chamados médiuns falantes, como o orador espírita, Divaldo Pereira Franco. Influenciado pelos Bons Espíritos, empresta a sua condição de falar para que o mundo espiritual possa deixar sua mensagem de orientação, conforto e paz.
Outro tipo de mediunidade é a chamada de efeitos físicos.
É a que mais diz respeito ao tema aqui tratado. São médiuns que, dotados de uma condição especial, doam um certo tipo de fluido aos Espíritos (denominado fluido magnético). Esse tipo de fluido somente as pessoas encarnadas possuem. Diferentemente das outras categorias de médiuns, que têm controle sobre suas faculdades, o médium de efeitos físicos não têm como controlar sua doação de fluidos para o mundo espiritual.
A transmissão fluídica acontece instantaneamente e, na maioria das vezes, o médium não percebe que está doando o fluido magnético. Através deste fluido, que tem dupla natureza, ou seja, atua tanto no plano espiritual como no material, o Espírito tem condições de manifestar-se diretamente na matéria. Alguns cientistas chamam este fluido de ectoplasma.
Os espíritos só conseguem mover objetos, provocar ruídos ou ficarem visíveis aos encarnados quando estão de posse desse fluido magnético. Para tanto, é necessário que haja por perto da manifestação algum médium de efeitos físicos. Ele não precisa estar no local exato em que ocorra o fenômeno, mas precisamente estará nas redondezas.
Os Espíritos podem perceber aqueles que têm essa condição de doadores, aproveitando-se disso. Porém, esses médiuns são raros, o que dificulta a ocorrência dos efeitos físicos.
Além dessa raridade, toda interferência espiritual no mundo físico é controlada pelos Espíritos Superiores. Geralmente, salvo casos excepcionais, são Espíritos atrasados que se utilizam dos efeitos físicos, visando assustar as pessoas que querem atormentar. A Espiritualidade Superior permite a atuação dessas entidades ignorantes somente até certo ponto. Nunca deixam que os efeitos físicos venham a atentar contra a vida de alguém. Se assim não o fosse, os Espíritos maus teriam livre acesso a substâncias venenosas, podendo prejudicar a todos. O mundo, na verdade, iria se transformar em uma verdadeira balburdia.
Baseando-se nisso, as manifestações físicas que se vêem na novela "A Viagem" devem ser encaradas com certa precaução. Há muita fantasia que jamais deve ser entendida como Espiritismo, ou Doutrina Espírita.
Já na sua vida diária, não pense que qualquer barulho ou ruído aparentemente inexplicável seja obra de Espíritos. O Espiritismo ensina que devemos primeiro procurar exaustivamente uma causa física, para só depois supormos aja um fenômeno de ordem espiritual. Nunca deixe a ilusão tomar conta de você.
Manifestações:
Damos o nome de manifestações físicas às que se traduzem por efeitos sensíveis, tais como barulhos, movimento e deslocamento de corpos sólidos.
As manifestações físicas têm por propósito chamar nossa atenção sobre alguma coisa, e de nos convencer da presença de uma potência superior ao homem. Os Espíritos elevados não se ocupam dessas espécies de manifestações; eles se servem dos Espíritos inferiores para as produzir, como nós nos servimos de servidores para o trabalho grosseiro, e isso dentro do propósito que acabamos de indicar. Uma vez atingido esse propósito, as manifestações cessam, porque não são mais necessárias.
Quando o efeito começa a se manifestar, escuta-se, geralmente, um pequeno estalido na mesa; sente-se como um frêmito que é o prelúdio do movimento; ela parece fazer um esforço para se desatracar, depois o movimento de rotação se pronuncia; ele se acelera ao ponto de adquirir uma rapidez tal que os assistentes fazem todo o esforço do mundo para o seguir. Uma vez estabelecido o movimento, pode-se mesmo se afastar da mesa que continua a mover-se em diversos sentidos sem contato.
Em outras circunstâncias, a mesa se eleva e se endireita, tanto sobre um só pé, quanto sobre um outro, depois retoma docemente a posição natural. D’outras vezes, se balança imitando o movimento de arfagem e de balanço. D’outras vezes, enfim, mas para isso necessita uma potência medianímica considerável, ela se descola inteiramente do solo, e se mantém em equilíbrio no espaço, sem ponto de apoio, elevando-se por vezes mesmo até o teto, de maneira que se possa passar por debaixo; depois ela desce lentamente balançando-se como faria uma folha de papel, ou tomba violentamente e se quebra, o que prova de maneira patente que não é uma ilusão de ótica. Na foto abaixo uma mesa levitando, com a médium Eusápia Paladino. À esquerda da médium, Camille Flammarion. (De «Les Apparitions Materialisées», Gabriel Delanne, Paris, 1911.
Pancadas:
De todas as manifestações espíritas, as mais simples e as mais freqüentes são os ruídos e as pancadas; é aqui sobretudo que é preciso temer a ilusão, porque uma multidão de causas naturais podem produzi-las: o vento que assobia ou que agita um objeto, um corpo que se mexe por si mesmo sem que disso nos apercebamos, um efeito acústico, um animal escondido, um inseto, etc., até mesmo as travessuras de brincalhões. Os ruídos espíritas têm por outro lado um caráter específico, dotados de uma intensidade toda particular e um timbre muito variado, que os faz reconhecíveis e não permitindo confundi-los com estalos da madeira, a crepitação do fogo ou o tique-taque monótono de um pêndulo; eles são golpes secos, algumas vezes surdos, fracos e ligeiros, algumas vezes claros, distintos, às vezes ruidosos, que mudam de lugar e se repetem sem ter uma regularidade mecânica. De todos os meios de controle, o mais eficaz, o que não pode deixar dúvida sobre sua origem, é a obediência à vontade. Se os golpes se fazem ouvir no lugar designado, se respondem ao pensamento por seu número e intensidade, não se pode desconhecer neles uma causa inteligente; mas a falta de obediência não é sempre uma prova contrária.
Deve-se colocar em guarda não somente contra narrações que podem ser manchadas de exagero, mas contra as próprias impressões, e não atribuir uma origem oculta a tudo o que não se compreende. Uma infinidade de causas muito simples e muito naturais pode produzir efeitos estranhos à primeira vista, e seria uma verdadeira superstição ver por toda parte Espíritos ocupados em derrubar os móveis, quebrar a louça, suscitar enfim mil e um tormentos com a mobília quando seria mais racional por-se a culpa sobre a falta de jeito.
Trasportes:
Este fenômeno consiste no transporte espontâneo de objetos que não existiam no lugar onde estão; são freqüentemente flores, algumas frutas, bombons, jóias, etc..
Diremos primeiramente que esse fenômeno é um dos que mais se prestam à imitação, e que, por conseqüência, é preciso se colocar em guarda contra a fraude. Sabe-se até onde pode ir a arte da prestidigitação em matéria de experiências desse gênero; mas, sem ter ajuda de um especialista, poder-se-ia facilmente ser logrado com uma manobra hábil e interesseira. A melhor de todas as garantias está no caráter, honorabilidade notória e no desinteresse absoluto da pessoa que obtém efeitos semelhantes; em segundo lugar no exame atento de todas as circunstâncias nas quais os fatos se produzem; enfim no conhecimento esclarecido do Espiritismo, somente assim se pode fazer descobrir o que possa ser suspeito.
O Espírito que quer fazer um transporte desmaterializa o objeto sobre o qual opera, depois transporta o duplo fluídico desse objeto ao lugar que escolheu, e lá retira do fluido universal os elementos necessários à reconstrução do objeto material, por meio do fluido vital. A mesma operação é feita para as plantas. O duplo fluídico reproduz molécula por molécula todas as partes da planta, pois que isso é o plano de obra fluídico, não resta senão se incorporar as moléculas do fluido universal tornadas materiais pelo espírito, e a planta aparece com todos os seus detalhes, sua frescura, seu colorido, etc., aos olhos dos assistentes. Enfim é sempre a mesma operação que se executa quando um espírito quer se tornar visível e tangível, como nas experiências de Crookes. Não sabemos até que ponto nossa hipótese se aproxima da realidade, mas os fenômenos se produzindo, é preciso explicá-los, e esta é a teoria que até então nos parece a melhor de acordo com os ensinamentos espíritas e as descobertas modernas.
Materializações:
Sem sombra de dúvidas as materializações são dentre os fenôminos de efeitos físicos os mais frequentes e atuais. Pois se há mais de um século existiam as chamadas "mesas girantes", essas manifestações apenas eram para chamarem a atenção ou melhor dizendo mostrarem a existencia de uma vida inteligente fora da material.
Chamamos materialização o fenômeno pelo qual um espírito se mostra com um corpo físico tendo todas as aparências da vida normal. Contamos entre os médiuns de materialização mais conhecidos: Eusapia Palladino, Kate Fox, Florence Cook, Eglinton, Home, Sra. Da Esperança, Eva Carrere, Franek Kluski.
As seções de materialização que mais vivamente impressionaram, tiveram lugar com o sábio William Crookes que estudou as materializações do espírito de Katie King durante um período de três anos com a médium Florence Cook (então com 16 anos), e outros cientistas como o Dr. Gully, diretor dos hospitais de Londres e o engenheiro Varley, engenheiro chefe das linhas telegráficas da Inglaterra.
A luz tem, com efeito, um poder dissolvente sobre a matéria utilizada pelos Espíritos para se materializar; Florence Marryat, que assistiu às seções de materialização de Katie King, conta: «Acendeu-se os três bicos de gás... O efeito produzido sobre Katie King foi extraordinário.
Ela não resistiu senão um instante, depois a vimos fundir sob nossos olhos, como um boneco de cêra diante de um grande fogo. Primeiramente seus traços desvaneceram, não se os distinguia mais. Os olhos se aprofundaram nas órbitas, o nariz desapareceu, a fronte pareceu entrar na cabeça.
Depois os membros cederam e todo o seu corpo se abateu como um edifício que se desmorona. Não restou mais que sua cabeça sobre o tapete, depois um pouco de pano branco que desapareceu como se tivesse subitamente sido tirado de cima: ficamos alguns instantes de olhos fixos no lugar onde Katie havia cessado de aparecer: assim terminou esta seção memorável.»
O Espiritismo ensina desde muito tempo que o meio consciente ou alma é envolvido de um envelope sutil chamado perispírito.
Esse perispírito é o molde fluídico no qual a matéria se incorpora durante a vida; é ele que, sob a impulsão da força vital, mantém o tipo específico e individual, porque ele é invariável em meio do fluxo incessante da matéria orgânica. Esse perispírito não se destrói após a morte, mas se conserva intacto em meio a desorganização da matéria, e é nele que se encontra gravado as aquisições da alma, que pode assim recordar o passado.
O Espírito é capaz, dentro de certas condições, de acumular em seu perispírito bastante força vital para dar uma vida material momentânea ao organismo fluídico; isto, com a matéria emprestada ao médium, dá a tangibilidade de um corpo ordinário; é uma verdadeira criação, mas que apenas tem duração efêmera, porque é conseguida fora dos procedimentos normais da natureza.
Vários fatos apóiam esta teoria, a saber:
- A perda de peso do médium – Uma prova em favor desta teoria é que se tem constatado um diminuição do peso do médium durante as seções de materialização. Assim, Florence Marryat escreveu: «Tendo visto a Srta. Florende Cook colocada sobre uma balança, construída por projeto do Sr. Crookes, constatei que a médium, que antes pesava 112 libras, logo que o Espírito materializado tomava forma, o peso do seu corpo não ultrapassava mais que a metade, 56 libras.»
- A diferença física entre a médium e o Espírito – Katie King e Florence são de estaturas e de cabeleiras diferentes. William Crookes escreveu: «Uma noite, contei as pulsações de Katie; seu pulso batia regularmente 75, enquanto que a de Srta. Cook, poucos instantes após, atingia 90, sua cifra habitual.
Apoiando meu ouvido sobre o peito de Katie, podia ouvir seu coração bater no interior, e suas pulsações estando ainda mais regulares que as da Srta. Cook; após as seções elas me permitiram a mesma experiência. Experimentando da mesma maneira, os pulmões de Katie se mostravam mais sãos que os de sua médium, porque no momento em que fiz a experiência, a Stra. Cook seguia um tratamento médico contra uma forte constipação.»
Por vezes adiantou-se a hipótese de que o ser materializado não seria outro que o duplo do médium. Esta teoria tem apenas base empírica porque, como podemos ver dos fatos acima, o Espírito e seu médium são duas personalidades bem distintas. Além disso, Florence Cook, despertada, conversa durante alguns minutos com Katie King e William Crookes, que vê todas as duas.
- A fotografia espírita – A fotografia espírita traz a prova da realidade objetiva.
William Crookes tirou quarenta clichês do Espírito Katie King mostrando nitidamente as diferenças físicas entre esta e sua médium. Abaixo, foto do Espírito Katie, acompanhada de William Crookes.
- As moldagens – Esta constitui a mais flagrante prova em favor da teoria Espírita. Eis a maneira de operar comumente empregada, nas circunstâncias: Dois vasos contendo, um água fria, o outro água quente, são trazidos para a sala onde a experiência tem lugar; na superfície da água quente flutua uma camada de parafina fundida.
Se queremos obter o molde de uma mão materializada, pedimos ao Espírito para mergulhar sua mão na parafina fluida e imediatamente na água fria, e de repetir várias vezes esta operação. Desta maneira se forma, na superfície da mão, uma luva de parafina de uma certa espessura, e, quando a mão do Espírito se desmaterializa, ela deixa um molde perfeito que se enche de gesso. Basta então mergulhar tudo na água fervente, e, a parafina se funde restando uma impressão exata e fiel do membro materializado. Uma tal impressão é impossível de realizar, porque é impossível retirar a mão sem destruir o molde.
Outros Processos de Materializações: Minusculas.
Fonte para pesquisa: Sr. Ernesto Bozzano
Relendo o relatório apresentado pela Sra. Juliette-Alexandre Bisson ao Congresso Metapsíquico de Copenhagen (1922), no qual ela resume as suas experiências com a médium Eva Carrière, fiquei surpreso com o grande enigma teórico que oferece o fenómeno de materialização de espíritos em proporções minúsculas.
Trata-se de um fenômeno obtido em plena luz diuturna e na presença de seis espectadores, isto é, em condições experimentais que excluem toda a espécie de fraude, assim como a possibilidade de se explicarem os fatos em questão pela hipótese da alucinação.
Pensei que seria então útil examinar, posteriormente, esse fenómeno estranho e perturbador e, para tal fim, consultei a coleção inteira de minhas classificações de fenômenos a fim de assegurar-me se não haviam, entre os casos metapsíquicos, outros casos semelhantes. Nada descobri entre os casos já antigos, mas, entre os mais recentes, encontrei cinco outros episódios análogos ao relatado pela Sra. Bisson. Além disto, na categoria das "visões clarividentes de espíritos", encontrei certo número de aparições em formas minúsculas, entre as quais algumas verdadeiramente estranhas e interessantes, em pontos de vista diferentes.
Não me parece entretanto que essas manifestações apresentem analogias utilizáveis para a explicação das materializações minúsculas, apesar do detalhe característico das proporções reduzidas que lhes é comum.
Nestas condições, julguei não dever considerá-lo neste estudo, podendo, em todo o caso, ocupar-me dele em separado.
* * *
CASO I
Começo a narração dos fatos, reproduzindo a interessantíssima narração da Sra. Juliette Bisson. Escreve ela:
"Há 5 meses, o engenheiro Sr. Jeanson, um dos meus assistentes, mostrou-se muito interessado pelas minhas experiências às quais ele assistia regularmente. Baseando-se nos fenômenos espontâneos obtidos por Eva em plena luz do dia (fenômenos assinalados em minha obra), ele me perguntou se eu aceitaria fazer sessões, à tarde, no grande aposento em que moro.
"Confesso ter hesitado um pouco por causa da médium. Sabia que a experiência era possível mas que causaria uma reação muito viva na médium e, por repercussão, uma fadiga muito intensa nele. Consenti, porém, reservando-me o direito de suspender a sessão se a médium não pudesse su portar esse gênero de experiências...
"... Na hora atual, podemos trabalhar com a luz do meu atelier; víamos aparições de dia, sem inconvenientes.
“ Há algumas semanas, com grande surpresa nossa, depois de ter seguido com interesse a evolução de uma porção de ectoplasma que se desenvolvia em Eva, uma deliciosa mulherzinha de 20 centímetros de altura apareceu no meio dessa substância. Essa mulherzinha deslizou de cima de Eva e avançou docilmente para nós e, continuando os seus movimentos, veio colocar-se nas mãos de Eva, fora das cortinas, depois nas mãos do Sr. Jeanson e, em seguida, nas minhas.
"Passo à exposição dos fenômenos, lendo-vos a ata feita pelo Sr. Jeanson:
SESSÃO DE 25-5-1921, ÀS 16 HORAS E 36 MINUTOS
"Os assistentes são em número de seis. A Sra. Bisson adormece a médium. Esperamos três quartos de hora. No fim desse tempo, a respiração da médium se acelera, faz ouvir sons guturais e, em suas mãos, que, segundo o costume, não deixavam de ser seguras por nós, a Sra. Bisson à direita e eu à esquerda, aparece, subitamente, um pouco de uma substância cinza e branca, cujo volume aumenta, atinge o de uma tangerina, depois ovaliza-se e alonga-se de tal modo que o seu comprimento pode ter uns vinte centímetros e seu diâmetro seis. Nesse momento e em plena luz diuturna, a materialização se desprende das mãos da médium e dos fiscalizadores e se mostra um pouca acima. Cada um de nós verifica que a extremidade esquerda da materialização se transforma em cabelos muito finos e que a parte central se torna branca e muito clara. Ela se modela muito rapidamente e podemos todos reconhecer, admiravelmente modelada, a curva da cintura de uma mulher, vista de costas, como que engastada em uma ganga sem forma. A parte branca se dirige rapidamente para a direita, depois para a esquerda e a substância se transforma progressivamente em uma mulherzinha nua, de forma impecável, na qual vemos surgir, sucessivamente, a cintura, as coxas, as pernas e os pés.
Uma das materializações minúsculas obtidas com a médium Eva Carrière
"Da substância primitiva só restam alguns cordões cinzentos e pretos, enrolados no baixo ventre e dos quais não vemos os pontos de ligação. A pequena aparição é admirável de delicadeza; longos cabelos louros a cobrem, enrolados na cintura; seios descobertos; a parte inferior é de uma brancura notável.
"A materialização tem 20 centímetros de altura; ela é perfeitamente iluminada pela luz que jorra através dos vidros de uma larga janela; ela é visível a todos. No fim de dois minutos, desaparece, depois se mostra de novo. Os cabelos estão dispostos de outra maneira, pondo-lhe o rosto à mostra. Verificamos que as pernas têm movimentos próprios; uma delas se dobra, fazendo movimentar as articulações do quadril e do joelho. Ela desaparece bruscamente. Logo depois a substância branca ressurge nas mãos da médium, ai se mostrando, muito rapidamente, um delicado rosto de mulher, parecendo iluminado por uma luz que lhe é própria. É, em tamanho, cinco vezes maior do que a materialização precedente. Admiramos-lhe o azul dos olhos e o carmim dos lábios. A aparição some. Introduzo minha mão livre pela abertura do saco e sinto então um contato indefinível que se pode comparar ao roçar que produziria uma teia de aranha. Pouco depois, a médium entreabre o saco: tornamos a ver a mulherzinha nua, estendida no avental da médium.
Outra materialização minúscula saída também de dentro do saco de pano grosso em que se achava a médium, cujas mãos eram seguras por dois experimentadores.
"Ela é vista em sua forma primitiva, porém cinco centímetros menor; está deitada no regaço da médium, com a cabeça voltada para a esquerda. Os braços estão desembaraçados da cabeleira. A Sra. Bisson pede à aparição para mover-se, a fim de mostrar que está viva. Logo a pequena forma se agita e, sem mudar de lugar, se move, mostrando, sucessivamente, o lado direito e depois a face.
"Ela retoma a sua posição anterior. As pernas, que estavam à direita, deslocam-se e se cruzam à esquerda; depois, apoiando-se sobre as mãos, a forma faz um movimento ascendente à força dos músculos dos braços, assim como é clássico em ginástica, colocando-se de pé para tornar a deitar-se em nova posição, dessa vez com a cabeça voltada para a direita.
"A médium me segura a mão livre e, levando-a à boca, faz-me explorar-lhe a cavidade, que acho inteiramente vasia. Durante este tempo, a formazinha continua as suas evoluções, subindo e descendo, verticalmente, pelo peito da médium, como um ludrião.
"Nesta ocasião, a médium retira as suas mãos das nossas e, segurando este corpozinho, deposita-o nas minhas mãos, a 40 centímetros de distância do saco. A aparição fica nas minhas mãos dez segundos e cada um pode verificar-lhe a perfeição das formas. Este pequeno corpo é pesado e o tato que dele tive é seco e suave, porém não me deu a impressão nem de quente nem de frio. Depois desaparece das minhas mãos. Vimo-lo ainda um momento evoluir sobre os joelhos da médium, depois desaparece definitivamente. Deixamos a médium repousar alguns instantes, depois a revistamos e a estendemos em um divã próximo.
"Esta sessão é inesquecível, quer pelo interesse dos fenômenos, quer pela admirável fiscalização.
“Lida e achada absolutamente exata (as.) Juliete Bisson, Maurice Jeanson, Anne Barbin, René Duval, Jean Lefebvre, J. de la Beaumelle."
A Sra. Bisson comenta assim a ata desta memorável sessão:
"Que significam estas manifestações? De onde saem elas? Que são? Muitas hipóteses foram arquitetadas, todas elas interessantes ainda que uma só possa pretender ser a verdadeira. Se, como supõem os espíritas, são espíritos de desencarnados que nos vêm visitar, de que esfera desce esta mulher em miniatura de que acabo de falar? De onde provêm estas manifestações insólitas? Se a teoria da ideoplastia, que ensina que a idéia em ação provém sempre do médium ou dos espectadores (para fazer uso de um termo já antigo) é a verdadeira, como explicar o papel quase negativo que representam os espectadores do ponto de vista da produção do fenômeno? Como explicar igualmente — sempre dentro da hipótese ideoplástica — o transe brutal da médium em horas imprevistas? Como explicar, por exemplo, que, às 8 horas da manhã, Eva, ocupada, quer em seu toucador, quer em seu apartamento, caia bruscamente adormecida? Só tenho tempo de transportá-la para a sala das sessões onde ela me dá uma materialização. .. Enfim, precisamos todos continuar com as nossas verificações e experiências, sem buscar dar um nome à força X que utilizamos durante os nossos estudos. Todavia, somos obrigados a declarar que tal força é inteligente. É impossível, atualmente, afirmar que tal ou qual hipótese corresponde à realidade dos fatos. O que é inegável é a existência de uma força X, de uma "energia inteligente" que preside certas experiências, parecendo dirigi-las.”
O momento ainda não chegou de fazer seguir as considerações da Sra. Bisson pelas nossas. Com efeito, os processos da análise comparada, aplicados a alguns episódios dos casos de que tratamos, poderão apenas permitir-nos descobrir algum fundamento indutivo legítimo para a solução do problema. Limito-me, então, a insistir no fato das condições experimentais literalmente irrepreensiveis, dentro das quais o fenômeno se produziu. Notarei que o ideal dos metapsíquistas foi sempre o de obter fenômenos físicos em plena luz diuturna e que, dessa vez, chegou-se a atingir o fim desejado. Os experimentadores tiveram oportunidade de seguir a evolução de uma materialização minúscula, em todas as fases do seu desenvolvimento, desde o aparecimento de um núcleo de ectoplasma que, alongando-se e condensando-se, modelou-se como por encanto, sob os seus olhos, começando as suas transformações por uma das extremidades. Viram surgir dai uma fina cabeleira loura que chegava até a cintura da forma feminina em miniatura, a qual, depois de toda formada, se moveu, levantando, deitando-se, subindo na médium e deixando-se colocar na palma da mão dos espectadores para desaparecer em seguida, bruscamente, e depois reaparecer, não menos repentinamente, menor ainda. Estas circunstâncias eliminam, de modo absoluto, qualquer possibilidade de fraude, sendo, pois, absurdo duvidar-se da autenticidade dos fatos.
Aquele que duvidasse delas seria convidado a explicar como poderia reproduzir, pela fraude, semelhante manifestação, em plena luz do dia, na presença de seis pessoas e com um médium seguro pelas mãos. Que se poderia pretender ainda? Suponho que ninguém pensará em pôr em dúvida o fenómeno aqui relatado, estupefaciente que ele é. Outros episódios análogos, que seguem, demonstram que o fenómeno de que se trata não é único em seu gênero: eles contribuem para torná-los mais assimiláveis às nossas mentes sempre obstinadas em querer circunscrever as possibilidades da natureza.
* * *
CASO II
Este caso é extraído das já célebres experiências do Dr. Glen Hamilton, de Winnipeg, Canadá.
Do ponto de vista que nos ocupa, difere, consideravelmente, do da Sra. Bisson, pois que os fenômenos de materialização liliputiana se limitam, aqui, à formação de rostos animados e vivos, de três dimensões, que se produzem com o auxílio de uma emissão de ectoplasma aderente à face da médium, atingindo suas proporções a apenas um terço do rosto dessa. Difere também do caso da Sra. Bisson sob este outro aspecto: são produzidos em plena obscuridade. Vários aparelhos fotográficos, assestados para o mesmo ponto, as fixaram em chapas sensíveis.
Escreve o Dr. Hamilton:
"Não fomos levados a fazer experiências por motivo de natureza sentimental nem por convicções ou considerações religiosas mas sim impulsionados por intensa curiosidade de natureza científica. Queríamos verificar o que de verdade havia nas manifestações mediúnicas. Como nos propuze-mos satisfazer nossas intenções de maneira rigorosamente científica, decidimos só conceder atenção aos fenômenos observados em condições de fiscalização que permitissem eliminar toda a espécie de fraude. Com este fim, empregamos sempre métodos científicos: 1.°) provocando a repetição do mesmo fenômeno em condições diversas; 2.°) tomando notas exatas à medida que os fenômenos se produziam; 3.°) empregando amplamente a fotografia. (Psychic Science, 1929, pág. 180)”.
Ampliações dos rostos de duas materializações minúsculas obtidas nas sessões
Várias máquinas fotográficas, assestadas para o mesmo ponto, fixavam as fotografias, tiradas nas sessões, em chapas sensíveis. Note-se que máquinas fotográficas não se alucinam...
A médium Maria M. no começo de seu estado de transe e formação ectoplásmica.
O Dr. Hamilton experimentou com duas médiuns que se prestaram, graciosamente, às experiências, mas as materializações de rostos minúsculos foram exclusivamente obtidos pela mediunidade de Maria M., a respeito da qual dá o narrador as seguintes informações:
"Aprendemos a respeitar nela uma mulher trabalhadora, desinteressada, devotadamente sensível aos interesses de sua confissão religiosa, de seus amigos, de sua pequena família. Do mesmo modo que a outra médium, não teve ocasião de receber uma instrução qualquer que fosse, todavia, é inteligente, com capacidades diversas notáveis.
Desde a sua infância que percebera que possuía faculdades visuais e auditivas que não podia compreender. Há alguns anos, interessou-se pelas experiências mediúnicas, frequentou sessões e não tardou a cair em transe. Em janeiro de 1928, Maria M. tornou-se membro de nosso grupo, do qual a outra médium Elisabeth continuava a fazer parte. Durante os três primeiros meses, o esperado desenvolvimento de suas faculdades mediúnicas causou-nos certa decepção, pois, com efeito, não se notava nela nenhum sinal de faculdades supranormais. Seus progressos pareciam depois encaminhar-se para as formas comuns de mediunidade, com estado de transe mais profundo, acompanhado de um aumento de suas faculdades de clarividência e clariaudiência. Eis, porém, que, em dado momento, uma mudança feliz se operou graças à intervenção de uma entidade espiritual que tomou o controle da médium. (Psychic Science, 1929, pág. 183-4)".
Achando-me na necessidade de abreviar esta narração, direi que esse novo espírito-guia, que reformou a mediunidade de Maria M., deu o nome de Walter Stimson", irmão e guia espiritual da famosa médium de Boston, Sra. Margery Crandon. Ele começou por ensaiar a produção dos mesmos fenômenos probantes executados no grupo de Boston, porém, como a experiência das campainhas, que se faziam ouvir em uma caixa fechada, a qual abria a série de fenômenos, pouco interessasse ao Dr. Hamilton, este não executou as minuciosas instruções de fiscalização científica ordenada por "Walter".
"Walter" acabou por indispor-se com o Dr. Hamilton e declarou-lhe que, se ele não fazia o que lhe ordenara, não voltaria. Em seguida, para justificar o seu ressentimento e a sua insistência, disse ainda: "Eles (isto é, os sábios) não acreditam nisto. Não tiveram a coragem de dizer que a minha irmã falava pelos ouvidos?" (Esta asserção foi confirmada), "Walter" satisfez o desejo do grupo, produzindo a emissão de ectoplasma e dele se utilizando para a materialização de rostos, mais ou menos pequenos, de defuntos que afirmavam estar presentes.
DIAGRAM SHOWING SEANCE-ROOM ARRANGEMENT POR MARY M. EXPERlMENTS
OBSERVAÇÃO — O diagrama acima mostra a disposição da sala das sessões. No gabinete ficava a médium Maria M. e, ao redor, 9 experimentadores cujos nomes podem ser facilmente lidos. Por detrás dos experimentadores ns. 3 e 4 e 6 e 7, estavam colocadas as máquinas fotográficas que eram acionadas ao mesmo tempo, tirando as fotografias de vários ângulos. Havia, bem defronte do gabinete em que se achava a médium, uma mesa grande e, no canto da sala, o 10° experimentador que era encarregado de tomar notas de tudo que acontecia nas sessões.
Esses, ao que parece, produziam os seus rostos em proporções reduzidas porque não dispunham de muita substância ectoplásmica. No n.° de outubro de 1929, da revista inglesa Psychic Science, apareceu uma série muito interessante de fotografias de rostos materializados.
Cinco desses rostos, representando o mesmo desencarnado, são colocados em confronto com três fotografias comuns do defunto tal qual era quando vivo, em épocas diferentes. Umas, de modo notável, correspondem às outras: a identificação é fora de dúvida.
O desencarnado em questão era ministro de uma igreja protestante e se chamava G.H. Spurgeon. A história de suas manifestações merece ser aqui resumida: No decurso da sessão de 4 de novembro de 1928, "Walter" pedira a um dos assistentes para passar a mão pelo rosto da médium. A pessoa, a quem se dera essa ordem, depois de haver executado a ordem recebida, declarara nada lhe ter percebido nem no rosto nem no pescoço. "Walter" deu então o sinal convencionado para que se acendesse o magnésio. Logo que essa ordem foi executada, "Walter" pediu a um dos experimentadores que passasse um lápis e uma folha de papel à médium, que se achava mergulhada em profundo transe.
Materialização ectoplásmica minúscula do rosto de "Water", o falecido irmão e "guia espiritual" da médium Margery.
A médium escreveu no papel qualquer coisa e "Walter" anunciou que ela escrevera o nome do defunto cujo rosto materializado saíra na chapa. Ele ordenou que se entregasse a folha de papel ao Dr. Hamilton, não devendo ninguém vê-la enquanto a fotografia obtida não fosse mostrada à outra médium, visto que essa, tendo percebido, pela clariaudiência, o defunto que se materializara, iria reconhecê-lo na fotografia.
Preciso é acrescentar que "Walter" tinha antes pronunciado algumas palavras de momento, contendo referências religiosas, dizendo que o que ele fazia era repetir o que lhe transmitia um dos espíritos presentes, de nome John Plowman. Seguiram-se as instruções de "Walter" e, quando a chapa fotográfica foi mostrada à médium Elisabeth, esta observou, com espanto, que se tratava de um espírito que conhecia muito bem e que lhe dissera chamar-se Spurgeon. O Dr. Hamilton tirou então do bolso o papel escrito pela outra médium, no qual se lia Charles Haddon Spurgeon.
Fizeram-se, em seguida, outras descobertas notáveis, isto é, que o nome John Plowman, pronunciado por "Walter", era o pseudônimo de Spurgeon quando escrevia artigos para revistas. Verificou-se, além disto, que as frases pronunciadas por "Walter" constituíam uma passagem do último sermão proferido pelo reverendo Spurgeon. Concebe-se que nenhum dos assistentes tinha conhecimento dos fatos em questão.
Relativamente à fotografia obtida durante a referida sessão, escreve o Dr. Hamilton:
“Esta materialização foi fixada por três aparelhos entre os quais um estereoscópio”.
"Os três retratos apresentam o mesmo fenômeno: um rosto absolutamente perfeito em todos os seus detalhes e que mostra tais indícios de vitalidade e uma semelhança tão espantosa com os retratos de G.H. Spurgeon que provocaram imenso interesse e grande surpresa."
"Do ponto de vista biológico, é de notar que, na fotografia, as duas seções de ectoplasma se estendem como asas de uma borboleta em repouso; Analisando as margens das duas asas, verifica-se que são notavelmente análogas, como se constituíssem duas seções de um invólucro que seria fendido lateralmente em uma linha bem nítida para fazer aparecer o rosto nele contido. Esta forma morfológica de desenvolvimento parece ter algumas semelhanças com o fenómeno que se observa na vida das plantas."
"Enfim, este rosto em miniatura se mostra em três dimensões como um rosto normal, pelo menos, no exterior; reproduz a figura de um indivíduo normal, salvo nas proporções (Psychic Science, 1929, pág. 200-1)".
Abundante emissão de ectoplasma que sai da boca da médium Maria M., mostrando rostos minúsculos entre os quais o do falecido Sir Arthur Conan Doyle"Esta materialização foi fixada por três aparelhos, entre os quais um estereoscópico."
Em uma outra relação sobre os mesmos fenômenos e se referindo ao conjunto dos fatos, observa o Dr. Hamilton:
"Dos treze rostos fotografados até aqui, todos, menos um, são rostos em miniatura, ainda que todos, menos um, sejam figuras de pessoas adultas."
"Estas miniaturas delicadas, que não atingem um terço do rosto da médium, são perfeitas em seus traços e parecem vivas; elas se impõem então aos pesquisadores como uma fonte inesgotável de estudos e maravilhas. Graças ao relevo que as sombras conferem aos traços da figura, assim como ao fato da incidência produzida pela luz nas pupilas dos olhos (como se observa nas fotografias tomadas em ângulo diferentes), obtem-se excelente prova de sua formação em três dimensões. Uma outra circunstância de grande valor científico consiste no fato de que todos estes rostos ectoplásmicos são cercados desta substância em condições amorfas, de maneira a fazer supor que elas se formam no invólucro da substância que se fende quando a organização do rosto está completa. Se esta hipótese é exata, e nossas experiências o demonstram muito eficazmente, achamo-nos em face de um processo embrionário semelhante ao de todo processo gerador natural. Notarei que esta analogia já foi assinalada pelo Dr. Gele y (Psychic Science, 1931, pág. 268)".
Outra abundante emissão de massa ectoplásmica, mostrando vários rostos minúsculos de pessoas mortas, que foram reconhecidas.
O Dr. Hamilton evita construir teorias, entretanto, sente-se que ele está muito impressionado com o fato dos rostos minúsculos de defuntos que afirmam estar presentes e que são identificados e, sobretudo, com o outro fato das admiráveis provas de identificação pessoal que se ligam à imagem materializada de Spurgeon, o que faz com que ele conclua, dizendo:
"É verdade que grande número de pesquisadores eminentes, no domínio das pesquisas psíquicas, se propuzeram ignorar ou antes ocultar o traço característico de natureza subjetiva que sempre está associado à emissão de ectoplasma. Esta atitude foi sábia no primeiro período transitório, no decurso do qual se tratou, sobretudo, de certificasse da realidade dos fenômenos, mas, presentemente, o momento é sem dúvida chegado em o qual podemos e devemos analisar os fatos em seu conjunto, isto é, tomando seriamente em consideração a circunstância da inteligência ou das inteligências interpostas, que dirigem os fenômenos."
A mesma fotografia n.º 11 mostrando a médium segura por ambos os braços.
"Devemos fazê-lo com um cuidado escrupuloso e com a mesma coragem moral que empregamos em analisar as maravilhas da substância ectoplásmica (Psychic Science, 1929, pág. 208)".
Eis palavras serenas, sábias e sagradas, que, infelizmente, não serão muito facilmente ouvidas pelos investigadores eminentes .
Não importa que a circunstância das inteligências interpostas, que acompanham sempre estas manifestações, seja a mais importante para a penetração de sua origem.
Notarei a este respeito que o conjunto das manifestações, de que falamos, já nos permite entrever qual deveria ser a orientação do pensamento científico para chegar ao fim desejado.
É que, se os fenômenos em questão parecem ser produtos da ideoplastia, se parecem ser criações de um pensamento e de uma vontade exteriorizadas tomando forma concreta, não é menos verdade que tudo contribui para demonstrar que este prodígio não deveria ser sempre exclusivamente atribuído ao poder supranormal do pensamento e da vontade dos vivos (Animismo), mas também, conforme as circunstâncias, ao pensamento e à vontade dos defuntos (Espiritismo). E, no caso em questão, no qual se obtiveram imagens de defuntos que os experimentadores não conheciam e que deram excelentes provas de identificação pessoal, esta segunda versão da hipótese ideoplástica teria todas as probabilidades de ser verdadeira.
Jamais deixarei de repetir que o Animismo e o Espiritismo, longe de serem hipóteses opostas, são complementares uma da outra e ambas necessárias à interpretação espiritualista dos fenômenos mediúnicos.
Fotografia nº15 – comparação do rosto de Raymond, quando fardado de soldado, com o aparecido na massa ectoplasmática saída da boca da médium Maria M.
Efetivamente, se a sobrevivência é um fato, só se pode encontrar nas profundezas da subconsciência as faculdades supranormais do espirito, já formadas, posto que ainda em estado latente, faculdades que não poderiam ser criadas do nada, no momento da morte.
Se assim é, essas faculdades devem emergir, por jatos fugazes, nas crises de minoração vital às quais os indivíduos estão sujeitos (sono fisiológico, sono mediúnico, síncope, narcose, coma). Ora, é justamente o que atestam os fenômenos "anímicos" que, pelo simples fato de existirem, provam que o homem já é um espírito durante a sua vida na carne, na expectativa de exercer suas faculdades espirituais latentes em um meio adaptado, depois da crise da morte. Donde ainda uma vez: a existência dos fenômenos "anímicos" constitui uma condição indispensável para admitir-se a existência dos fenômenos "espíritas".
Segue-se daí que, do nosso ponto de vista e graças ao fenômeno anímico da ideoplastia, devemos conjecturar que aquilo que um espírito "encarnado" pode fazer, um espírito "desencarnado" deve poder fazer também, com a vantagem, para este último, de poder realizá-lo muito melhor, visto achar-se livre do invólucro carnal que cria um obstáculo, em certa medida, ao exercício das faculdades transcendentais do espírito.
Concluímos: a análise do caso em questão nos autoriza a pensar que, em princípio, é inteiramente provável que as materializações minúsculas de rostos e de espíritos constituem simples "simulacros" (do mesmo modo que várias fotografias transcendentais), porém simulacros projetados e materializados pela vontade das personalidades mediúnicas que operam e que, em certos casos, são as personalidades dos defuntos representados nas formações em apreço.
Começo de uma formação de massa ectoplásmica, ampliada, obtida com a médium Maria M.
Acrescento, todavia, que esta interpretação dos fatos admite várias exceções à regra, pois que se encontram condições especiais de manifestações, como, por exemplo, no caso da Sra. Bisson e nos três casos análogos que vão seguir.
Estas condições especiais exigem interpretações diferentes, considerando que as figuras liliputianas se mostram vivas e inteligentes. Fiz referência a uma destas interpretações a propósito do caso relatado pelo Dr. Hamilton, notando que certas personalidades mediúnicas explicaram que elas se materializaram em proporções reduzidas porque não dispunham de ectoplasma suficiente para fazê-lo em proporções normais. Falarei de uma interpretação destes fatos quando tratar do VI caso: o rosto apareceu em forma reduzida a fim de não despender muita força.
Com as duas interpretações que acabo de indicar, estamos em condições de responder, por completo, às seguintes interrogações da Sra. Bisson:
"Se, como supõem os espíritas, são espíritos de desencarnados que vêm visitar-nos, de qual esfera desce esta forma em miniatura? Donde provêm estas manifestações insólitas?”
Finalmente, dever-se-ia conjecturar que estas últimas só são simples simulacros projetados e materializados pela vontade das personalidades mediúnicas que operam, ao passo que as "figuras minúsculas", vivas e inteligentes, não proviriam de nenhuma esfera espiritual especial; elas se organizariam em proporções minúsculas ou por falta de ectoplasma à sua disposição ou pela vontade das próprias entidades que se materializavam e que assim agiriam para não gastarem muita força. Acrescento que estas duas interpretações receberão, pouco mais adiante, confirmações absolutamente decisivas.
CASO III
Tiro este episódio da obra da Sra. Anne Louise Fletcher Death Unveiled (A morte sem véu). Ele adquire maior importância probatória pelo fato da autora, que relata o fato, do qual foi testemunha, achar-se em companhia do conhecido metapsiquista norte-americano Dr. Hereward Carrington, experimentador meticuloso, prestigitador habilíssimo, com 30 anos de experiências nas pesquisas psíquicas e autor da obra The Story of Psychic Science (História da Ciência Psíquica).
Escreve a Sra. Fletcher:
"Em Washington, tive ocasião de assistir, em casa de um amigo, a uma sessão com a bem conhecida médium Srta. Ada Bessenet de Toledo (Ohio). A sessão se realizou em completa obscuridade, porém o Dr. Hereward Carrington estava sentado à direita da médium e vigiava-lhe, atentamente, todos os movimentos. Não tardamos em ver aparecer as habituais luzes que iam e vinham à altura do teto; em seguida, "vozes diretas", masculinas e femininas, se fizeram ouvir no alto, cantando "solos" e "duos".
"Quando as primeiras formas materializadas apareceram, iluminando a si próprias, entrevi, de maneira fugaz, o rosto de minha mãe, o qual me apareceu, depois, sob a forma de um camafeu. Um dos meus amigos, falecido havia já algum tempo, se materializou tão perfeitamente bem que lhe percebi, na face direita, um grande sinal natural que o caracterizava. Naturalmente, neste grupo de 8 pessoas, não fui a única a ser favorecida com estas manifestações.
"O fenômeno, porém, que mais me surpreendeu interessando-me grandemente, foi a materialização de uma figura com a altura de 14 polegadas, cercada de longo manto flutuante, a qual se pôs a dançar na mesa, entre mim e o Dr. Carrington. (Estávamos sentados um defronte do outro).
"Como explicar este fenômeno? Talvez que tenhamos percebido, pela visão inversa (como quando se olha em um binóculo ao contrário), esta pequena que dançava ao ritmo da música, iluminada por sua própria luz? Em todo o caso, era bem uma mulherzinha viva, perfeitamente normal, salvo no que concerne as suas proporções minúsculas. É também possível que tenhamos obtido um ensaio de transmissão à distância de uma "imagem psíquica", graças às ondas elétricas, assim como se faz pela "televisão". É. enfim, possível que a entidade em questão, por um ato de sua vontade, tenha querido materializar-se em proporções reduzidas. Consta-nos que, nos fenômenos de materialização, os espíritos se manifestam mais ou menos bem, segundo o grau de intensidade com o qual chega a concentrar o pensamento sobre o fenômeno que se propõe a produzir. Isto explicaria porque, bastas vezes, as materializações dos desencarnados não correspondem, no que concerne à sua altura ou à sua beleza, à expectativa dos experimentadores. O Dr. Carrington colocou, na mesa, um prato quimicamente preparado que registrou o fenómeno da luminosidade dos espíritos mas não a sua aparência. Recordarei que cada uma das materializações sucessivamente iluminava a si própria (Ibidem, pág. 50)".
O episódio supra parece inteiramente análogo ao narrado pela Sra. Bisson.
Neste último caso, a figurinha materializada demonstrara a sua natureza de criatura viva e inteligente, executando, por assim dizer, operações ginásticas; a de que fala a Sra. Fletcher a demonstrou, ao contrário, dançando na mesa ao ritmo da música.
A Sra. Fletcher se esforça pela resolução do problema que estabelece este fenômeno, falando de quatro hipóteses diferentes das quais a terceira é a mesma que propus mais acima. Com efeito, ela supõe que as materializações minúsculas não deveriam ser sempre olhadas como simples simulacros projetados à distância pela vontade dos defuntos, mas que poderiam ser às vezes animadas pelos espíritos dos defuntos que se materializariam, por sua própria vontade, em proporções reduzidas.
Na sua quarta hipótese, a Sra. Fletcher supõe que estas materializações poderiam também ser mais ou menos pequenas em consequência da intensidade com a qual a entidade espiritual chega a concentrar o pensamento sobre o fenômeno que se dispõe a produzir. Esta é uma hipótese que poderia também ser bem empregada, segundo as circunstâncias.
CASO IV
O seguinte episódio é tirado da revista inglesa Psychic Science (1925, pág. 221), e narrado pelo comandante de artilharia C.C. Colley, filho do arcediago Colley, bem conhecido como intrépido defensor da verdade espírita em face de todos, mas sobretudo perante os seus próprios confrades em religião: os pastores, diáconos, arcediagos, bispos. O comandante Colley, numa conferência realizada na sede do British College of Psychic Science, relatou, entre outros, o seguinte caso que lhe é pessoal:
"Certo dia do mês de agosto de 1898, fui convidado para assistir a uma sessão com o mesmo médium de que falei na minha última conferência. Recordarei que, nessa ocasião, levara comigo um oficial subalterno, meu amigo, que acendera um fósforo, do que resultou que, da outra vez, não levei ninguém a essa sessão. Éramos quatro: o médium, o nosso hospedeiro, a sua filha e eu. Os espíritos me anunciaram que eu iria assistir a uma manifestação prodigiosa e que me preparasse para ver um fenómeno que não obteria nunca mais em minha vida. Respondi-lhe: "Se assim é, concedei-me tempo para tomar todas as medidas de fiscalização necessárias". Assim, depois de haver fechado a porta à chave, pedi licença para fechá-la de modo que não pudesse ser aberta nem de dentro nem de fora. Fechei, da mesma maneira, a janela e, quando adquiri a certeza de que ninguém poderia sair do aposento ou de aí penetrar, comecei a esquadrinhar todos os cantos do mesmo, o piano inclusive, o qual era de grandes dimensões. Após isto, pediram-me para abaixar a luz do gás, o que fiz gradualmente, solicitando que concedessem tanta luz quanto possível, o que fizeram a ponto de eu poder ler, correntemente, um jornal ilustrado que se achava na mesa.
"O médium estava mergulhado em profundo transe. De repente, vi sair de seu lado algo parecendo o vapor de uma chaleira fervendo. Esse vapor tomou a forma de um tubo — que chamaremos o condutor da substância — que se alongou até atingir o centro da mesa oval em torno da qual estávamos sentados. Aí ele se transformou numa nuvenzinha de cerca de dois pés de diâmetro, que não tardou a tomar a forma de uma bela boneca da altura de 18 polegadas, que se pôs a passear graciosamente na mesa, como se fosse a miniatura viva de um espírito. Ela se apresentou diante de cada um de nós com muita naturalidade e, finalmente, sentou-se em meus joelhos.
"Tive o privilégio de apertar-lhe a mão, que não era maior do que o meu polegar.
"Essa mãozinha era quente, mas, desde que a apertei, viaa fundir-se na minha, que esfriou subitamente e pareceu-me cercada de uma espécie de nevoeiro. Então, a figurinha começou, por sua vez, a dissolver-se rapidamente, deixando uma como nuvem na mesa. Finalmente, o "tubo condutor" foi rapidamente absorvido no lado direito do médium. Tais são os fatos. Felizmente para mim, verifico que o auditório, a quem me dirijo, não é o mesmo que ouviu meu pai quando lhe aconteceu narrar um fenômeno semelhante a que assistira e durante o qual vira materializar-se uma forma de mulher com a altura de 4 pés, num processo análogo ao que acabo de descrever.
"Dúvida alguma padece de que o fenómeno, que acabo de relatar, é digno de toda a atenção dos sábios por causa das induções que se pode extrair dele. Devemos considerá-lo como uma experiência científica, pois, com efeito, não está longe o dia em que se descobrirá que essas materializações são reguladas por leis estritamente físicas. Minha teoria a este respeito é a seguinte: "Quando os espíritos dos defuntos não dispõem de substância suficiente para materializar-se ao natural e fazer-se identificar, podem, todavia, materializar-se em miniatura. Por que? Eu, por mim, ficaria mais satisfeito em ver a figura completa de meu pai, em miniatura, com o seu porte característico e os seus gestos habituais do que unicamente a sua cabeça em proporções normais. Ora, sou de opinião que, no caso em apreço, algo de semelhante se realizou. Dir-se-ia que essa mulherzinha se manifestou a mim, dessa forma, na esperança de que a reconhecesse pelos gestos, pelo porte, pela roupa. Infelizmente, devo dizer que não a reconheci, porém, a sua graciosa figurinha, com os seus cabelos louros anelados, maravilhosamente conformada e vestida de roupa branca parecendo de musselina, me ficou gravada na memória, de modo indelével".
Este caso é, por sua vez, absolutamente semelhante aos outros dois que o precederam. Notarei que, no caso da Sra. Bisson, a figurinha materializada subiu na palma da mão de três experimentadores e que, no caso do comandante Colley, a forma sentou-se nos joelhos desse.
Quanto à hipótese formulada pelo Sr. Colley para considerar o fenômeno a que assitira, pode-se ver que ela é a mesma que formulei a respeito. E se se considera que outro experimentador, a Sra. Fletcher, chegou a hipóteses que pouco diferem da de que tratamos, só se pode deduzir daí que esta concordância, na interpretação do fenômeno, já demonstra que esta hipótese é a mais natural.
CASO V
O episódio que segue não é uma narração propriamente dita dos fenômenos observados, mas simplesmente uma referência a fenômenos desta categoria que se produziram durante longa série de manifestações mediúnicas complexas e extraordinárias, fenômenos que realmente se deram e que servem para esclarecer, ulterior e eficazmente, a gênese provável das manifestações liliputianas, o que me levou a tomá-lo seriamente em consideração.
Na interessantíssima narração do professor F.W. Pawloski a respeito de suas experiências com o famoso médium polonês Frank Kluski, publicada na já citada revista Psychic Science (1925, págs. 206/8), encontra-se a passagem que aqui reproduzo:
"As materializações não são sempre do tamanho normal. No fim da sessão, quando o médium começa a ficar esgotado ou quando não está fisiológica e psicologicamente bem disposto, a estatura dos espíritos torna-se inferior à normal; ela fica reduzida a dois terços ou mesmo à metade da normal. A primeira vez que me sucedeu observar esse fenômeno, julguei tratar-se de crianças, mas, examinando-as melhor, distingui os rostos enrugados de um velho e de uma velha, em dimensões muito reduzidas. Quando esse fato se deu, a personalidade dirigente das sessões disse: "Ajudemos o médium", expressão empregada no círculo para fazer notar que o médium começava a perder as forças e que os experimentadores executassem simultaneamente a respiração profunda cujo efeito era literalmente maravilhoso: o tamanho dos espíritos anões aumentava rapidamente e, em alguns segundos, tomava proporções normais. (Ibid. págs. 216/17)".
Não se poderia desejar melhor prova experimental do que esta para demonstrar que a hipótese que propuz, como dois outros experimentadores, para explicar as causas que determinam as materializações minúsculas, é legítima, racional e bem fundada, pois que é confirmada por modalidades nas quais se realizam os fenômenos em questão. Dever-se-á então reconhecer que, quando rostos ou espíritos em proporções minúsculas se materializam, isto significa, quase sempre, que as personalidades mediúnicas, que se manifestam, não dispõem de ectoplasmas em quantidade suficiente para poderem materializar-se normalmente. É o que vemos produzir-se no caso exposto pelo professor Pawloski, no qual, desde que os assistentes, executando a respiração rítmica profunda, fornecem, abundantemente, fluido vital ao médium, o tamanho dos espíritos materializados aumenta, tornando-se, em alguns segundos, normal. Ora, esse fato não é apenas uma prova a favor de minha tese, mas constitui também uma demonstração absolutamente decisiva de que ela está certa, salvo sempre a circunstância de que o fenômeno pode, por vezes, produzir-se por efeito da vontade da entidade que se manifesta.
CASO VI
Na importantíssima narração do Sr. E. H. Saché, de Auckland (NovaZelândia), publicada na Light (a partir do n.° de 15 de novembro de 1929), encontra-se um episódio de figurinhas vivas completamente materializadas. O médium era a Sra. Lily Hope, residente em Wellington. O narrador fê-la ir a Auckland e escreve a respeito: "A médium viveu em nossa casa durante os 16 dias que duraram as minhas experiências e, nesse período de tempo, apenas saiu duas vezes, acompanhada por mim e a minha esposa".
As sessões de materialização se realizaram à luz vermelha com a médium no gabinete, mas as formas saiam do gabinete mediúnico para se mostrarem em plena luz e muitas vezes afastavam as cortinas a fim delas fazerem ver a médium sentada na poltrona e mergulhada em profundo transe.
Escreve o Sr. Saché:
"À luz vermelha viu-se o ectoplasma cair lentamente sobre o estrado, no ponto de junção das duas cortinas. Ele se elevou até três pés de altura e, no interior dessa substância, começaram a aparecer rostos em miniaturas que se formavam e se dissolviam. Em dado momento, apareceu um rosto que tinha um nariz muito comprido e, pouco depois, dois rostos se materializaram simultaneamente um ao lado do outro. Não nos esqueçamos de que isto se produzia debaixo dos olhares de todos, com uma luz mais do que suficiente e os nossos olhares prescrutadores se aproximavam, às vezes, de algumas polegadas do ectoplasma gerador. Nesse momento, Sunrise (o espírito-guia) nos pediu que abríssemos a cortina lateral e olhássemos para o interior do gabinete. Olhamos e vimos que o médium jazia na sua poltrona enquanto o ectoplasma se formava no centro do gabinete".
A respeito de outra circunstância, escreve ainda o Sr. Saché:
"Houve um curto intervalo de repouso, depois do qual vimos aparecer, no meio de nós, uma figurinha com a altura de cerca de 30 polegadas, a qual, sorrindo, nos dirigiu a palavra. Ela diz ser Sunrise, que deixara, por alguns instantes, o controle da médium a fim de mostrar-se a nós. Perguntamos-lhe por que se manifestava em dimensões tão reduzidas e ela respondeu que assim o fizera para não gastar muita força. Tendo lhe pedido que permanecesse entre nós mais algum tempo do que as outras manifestações, sorriu, fez um sinal negativo com a mãozinha e desapareceu".
Neste quarto episódio das materializações minúsculas integralmente organizadas, nota-se, primeiramente, uma confirmação da observação que formulamos em nossos comentários ao caso precedente, isto é, que o fenômeno das materializações minúsculas deve realizar-se, algumas vezes, em consequência de um ato de vontade da entidade manifestante. Nesse último caso, é, com efeito, a própria entidade que afirma ter-se materializado em proporções reduzidas para não consumir muita força. Parece-me, então, que as duas hipóteses, que propuz para a explicação das causas que determinam as materializações minúsculas, já foram examinadas sob diferentes pontos de vista que convergem todos para sua confirmação.Apenas, no caso narrado pelo Sr. Saché, há outra coisa ainda a considerar. Nota-se nele, com efeito, o importantíssimo detalhe de a figurinha materializada conversar com os assistentes. Segue-se daí que, neste caso, trata-se, evidentemente, da encarnação da entidade que operava na pequena forma materializada. Nestas condições, é mais do que patente que se deveria admitir, em geral, a hipótese que propuz e segundo a qual as "materializações minúsculas de rostos e de espíritos" devem ser consideradas como projeções de simples "simulacros" materializados pelas vontade das personalidades operantes.
De outra parte, porém, não é menos verdade que esta regra está sujeita a exceções, pois o último episódio o demonstra de maneira decisiva. Penso que ninguém o contestará, mas, ao mesmo tempo, não ignoro que, a propósito da inteligência que anima a pequena forma materializada, se me poderia objetar que este fato não demonstra a presença, no local, de entidades espirituais estranhas ao médium, pois o "psiquismo" deste último poderia muito bem animar a figurinha. Responderia que, neste caso especial, é impossível provar o contrário e não insistirei nisto ainda que tal não seja opinião minha bem refletida, fundada na circunstância de que, nas experiências do Dr. Hamilton, ainda que só se tratasse de simples rostos em miniatura, chegou-se a obter magníficas provas de identificação pessoal de mortos que materializavam os seus rostos.
E, como no episódio a que refiro, as indicações pessoais fossem ignoradas de todos os assistentes, somos levados, racionalmente, a admitir a presença espiritual, na sessão, daqueles que eram os únicos a conhecê-las e que, ao mesmo tempo, materializaram a imagem dos seus próprios rostos.
CONCLUSÕES
Em conclusão: a presente classificação demonstra que o magnífico caso relatado pela Sra. Bisson, longe de ser único, já se renovou, pelo menos, seis vezes nestes últimos tempos, com modalidades idênticas de produção, o que basta para conferir-se alto valor de autenticidade aos casos de materializações minúsculas.
Nestas condições, era cientificamente oportuno que se lhes descobrissem as causas. A análise comparada de alguns casos que eu recolhi, permitiu-me fazê-lo. Com efeito, graças ao exame das modalidades nas quais esses fatos se produziram, vimos que o fenômeno das materializações anãs tinha, como causa determinante, a circunstância da quantidade mais ou menos suficiente de ectoplasma e de fluidos de que dispunha o espírito que operava. Este, não podendo manifestar-se em proporções normais, o fazia em dimensões reduzidas, o que não impede que, em certos casos, o fizesse para economizar a força e os fluidos de que dispunham.
Pareceu-me, ao mesmo tempo, necessário formular a este respeito uma hipótese mais extensa, segundo a qual os fenômenos em questão, especialmente quando se trata de simples rostos, podem, em princípio, ser considerados como projeções criadas por um ato de vontade das personalidades mediúnicas que operam, ou bem, em casos especiais, simulacros criados por um ato de vontade dos espíritos de defuntos, cujos rostos ou figuras foram representados nas formas em apreço. Sempre, bem entendido, com as inevitáveis exceções à regra, nas quais as figurinhas materializadas aparecem vivas, inteligentes, o que leva a pensar que elas são, diretamente, animadas pelas entidades que as criaram.
Relativamente ao último problema que se refere à individualidade psíquica (subconsciente ou estranha ao médium) das personalidades mediúnicas que se manifestam nessas condições, o momento ainda não é chegado de formulá-lo definitivamente, pois os dados de que dispomos sobre o assunto não são suficientes.
Entretanto, o fato, mais acima assinalado, de terem certas personalidades mediúnicas de defuntos chegado a demonstrar a sua identidade pessoal, só pode fazer-nos inclinar para a suposição de que se trata, muitas vezes, de verdadeiras intervenções estranhas aos médiuns e assistentes. Isto corresponde, aliás, ao que se verifica em todas as categorias de manifestações psíquicas que, segundo as circunstâncias, podem ser algumas vezes anímicas e outras ocasiões espíritas. Não seria, pois, lógico supor que as manifestações, de que acabamos de tratar, constituam uma exceção à regra e que sejam sempre anímicas.
Minhas Conclusões;
Resolvi mencionar os experimentos ácima apenas como ilustrações escritas há mais de um século sobre o assunto, e o mais importante em tudo é a verácidade dos fatos. Tanto as fotas plasmadas como os estudos já demostravam o interesse pelo assunto. Mas, a mediunidade nesses 150 anos evoluiu porque os médiuns evoluiram e quanto mais evoluirem mais os fenôminos físicos tendem a desaparecer, e outros mais psicos viram.