sexta-feira, 18 de abril de 2008

ORIXAS/YEMANJÁ/ OXUMARE






YEMANJÁ :








Comparada com outras divindades do panteão africano, o orixá feminino iorubá Yemanjá é uma figura extremamente simples. Se formos verificar o número de amantes que teve Iansã, os problemas que a precipitação e a passionalidade de Ogum lhe trouxeram, os conflitos de Oxóssi desrespeitando tabus, o afastamento social de Ossâim, a rejeição que sempre sofreu Omulu-Obaluaiê, a perda traumática do poder pela qual passou Nanã e a vida variada e prazerosa que busca Oxum, a figura de Yemanjá pode parecer até parte de outra comunidade. Ela é próxima paz e da ausência de conflitos, em oposição ao mundo colorido, rico e até mesmo selvagem dos outros, pois representa uma figura em muitos termos passiva. Ela é uma das figuras mais conhecidas nos cultos brasileiros, com o nome sempre bem divulgado pela imprensa, pois suas festas anuais sempre movimentam um grande numero de iniciados e simpatizantes, tanto do Candomblé como da Umbanda. Às vezes festas para outro orixá feminino, Oxum, são confundidas pela mídia como cerimônias e comemorações para a própria Yemanjá. Por ser ligada ao patriarca Oxalá,, Yemanjá é valorizadíssima nos cultos, principalmente nos que se afastam dos costumes tradicionais africanos e do candomblé, conservadores. Conceitos como bem e mal, por exemplo, não existem nas visões originais da África. A hierarquização dos orixás, tentando estabelecer uma ordem entre mais e menos importantes faz sentido para uma religião que hierarquiza Deus, santos e outras categorias menores (chegando a detalhes como mártires, beatos e etc). Mas não faz o mínimo sentido numa cultura aberta e descentralizada como a dos Africanos. As submissões de um orixá ao outro são várias e nunca formam uma casta que transfira poder de um para o outro, mas sim existem vinculações por área: na metalurgia e na guerra, todos devem subordinar-se ao especialista Ogum; na maternidade, às especialistas Yemanjá e Oxum, etc. Cada um é o mais importante para o filho-de-santo deste ou daquele orixá e é o mais importante num determinado quesito, em específica situação. A única exceção para isso é o respeito que todos delegam à figura de Oxalá, o patriarca, mas não é uma questão parecida ao respeito que se deve ap patriarca de uma família por sua longevidade e história. Pelo sincretismo, porém, muita água rolou. Para Oxalá ficou reservado o lugar de Jesus Cristo, fazendo-o ser considerado o mais importante – não por uma relação de família e de papel social perante ela, como no original, mas pela hierarquia própria cristã. Para Yemanjá foi reservado o lugar de Nossa Senhora, sendo, então, artificialmente “mais importante” que as outras divindades femininas, o que foi assimilado em parte por muitos ramos da Umbanda. Mesmo assim, não se nega o fato de sua popularidade ser imensa, não só por tudo isso, mas pelo seu caráter, principalmente, de tolerância, aceitação e carinho. É uma das rainhas das águas, sendo as duas salgadas: as águas provocadas pelo choro da mãe que sofre pela vida de seus filhos, que os vê se afastarem de seu abrigo, tomando rumos independentes; e o mar, sua morada, local onde costuma receber os presentes e oferendas dos devotos. Na África a sua origem é um rio que vai desembocar no mar. De tanto chorar com o rompimento com o seu filho Oxóssi, que a abandonou e foi viver escondido na mata junto com o irmão renegado Ossâim, Yemanjá, se derreteu, transformando-se num rio que foi desembocar no mar. É a mãe de quase todos os orixás de origem iorubá (com exceção de LogunEdé), enquanto a maternidade das figuras daomeanas é atribuída a NanãBuruku. Yemanjá seria filha de Olóòkun, deus (em Benin) ou deusa (em Ifé) do mar. Em uma das histórias de Ifá ( O deus da adivinhação) ela aparece casada com Orunmilá, senhor das adivinhações, depois com Olofin, rei de Ifé, com o qual teve dez filhos. Apesar de preceitos tradicionais relacionarem tanto Oxum como Yemanjá à função da maternidade, pode estabelecer-se uma boa distinção entre esses conceitos. Oxum é a mãe no sentido da fecundação, gestação e criação do bebê. É a responsável pela fertilidade dos homens e das mulheres, pela nutrição do feto e pelo parto. Ela é a guardiã da criança até que esta passe a demonstrar sinais de independência, como o falar por exemplo. Quando podemos perceber qual é o orixá de cabeça da criança, ela deixa de ser responsabilidade de Oxum. Passe então a ser cuidada pelo se orixá e genericamente por Yemanjá. Esta, por sua vez, é mãe daí por diante, recebe a função da maternidade não no sentido de gestação, mas de educação. É a mãe dos homens crescidos, sendo freqüente o fato, nas lendas, de a envolverem com incesto, tendo sido inclusive violentada por uma dos seus filhos. É portanto a mãe do complexo de Édipo, do potencial reprimido sexualmente e socialmente. Nos templos tradicionais, é cultuada como esposa de Oxalá, mãe de todos os Deuses. Reina sobre “todas as águas do mundo” , doces e salgadas, seu nome significa “mãe dos filhos peixes”. Ela usa o Abebé, leque redondo como cabaça, que representa a fecundidade, e a espada que, recortando na matéria das origens, separa e multiplica os seres permitindo o nascimento dos indivíduos únicos. Sua dança lembra o movimento das ondas, fala de fluidez, de distribuição, de germinação, constantemente renovada. A Yemanjá são dedicados tradicionalmente todos os presentes colocados no mar. É a padroeira dos marinheiros, estendendo-se essa proteção a praticamente todos os seres viventes, já que é a Grande-Mãe do astral, o que faz com que sempre seja invocada na cerimônia do “bori”, mesmo quando o iniciado não a tem nem como eledá (primeiro orixá da cabeça) nem como ajuntó (segundo orixá).


CARACTERISTICAS DE SEUS FILHOS:

São pessoas que gostam de luxo e de coisas caras, gostem de ambientes confortáveis, e mesmo quando pobres, pode-se notar uma certa sofisticação em suas casas, se comparadas com as demais casas da comunidade a que fazem parte. Não possuem a mesma vaidade coquete de Oxum, sempre aparentando uma idade maior, mais responsáveis e decididos que os filhos do orixá da água doce. Enquanto os filhos de Oxum são mais diplomatas e sinuosos, os de Yemanjá, se mostram mais diretos. A força e a determinação fazem parte de seus caracteres básicos, assim como o sentido da amizade e do companheirismo. Não enxergam a vida como uma luta, como os filhos de Ogum ou de Iansã, mas como uma jornada, uma travessia longa, difícil, mas que pode ser prazerosa e inevitável. A família e os filhos tem grande importância na vida dos filhos de Yemanjá. A relação com eles pode ser carinhosa, mas nunca esquecendo conceitos tradicionais como respeito e principalmente hierarquia. São pessoas que não gostam de viver sozinhas, sentem falta da tribo, inconsciente ancestral, e costumam, por isso, casar-se ou associar-se cedo. Não gostam de empregos competitivos e preferem atividades que possam ser desenvolvidas com certa calma e tranqüilidade. Não apreciam viagens, e quando o fazem preferem casas ao invés de hotéis para que assim possam repetir hábitos costumeiros do dia-a-dia. Não são fascinados pela vida social, preferindo pequenas reuniões ao invés de grandes festas. Os filhos de Yemanjá demoram muito para se tornar amigo de alguém, pois são grandes conhecedores da natureza humana. Fisicamente tem certa tendência a uma forma mais arredondada, um pouco gorda. Nas mulheres a presença de seios grandes ou precocemente caídos. Nos homens, o peito costuma ser um pouco saliente. Seu humor tende a ser suave, mas podem facilmente se irritar quando criticados ou quando sua autoridade é questionada.


OXUMARE:





Oxumarê é um Orixá bastante cultuado no Brasil, apesar de existirem muitas confusões a respeito dele, principalmente nos sincretismos e nos cultos mais afastados do candomblé tradicional africano como a Umbanda. A confusão começa a partir do próprio nome, já que parte dele também é igual ao nome do orixá feminino Oxum, a senhora das águas doces. Algumas correntes da Umbanda, inclusive, costumam dizer que Oxumarê é uma das diferentes formas e tipos de Oxum, mas no candomblé tradicional tal associação é absolutamente rejeitada. São divindades distintas, inclusive quanto aos cultos e à origem. Em relação a Oxumarê, qualquer definição mais rígida é difícil e arriscada. Não se pode nem dizer que seja um orixá masculino ou feminino, pois ele é as duas coisas ao mesmo tempo: metade do ano é macho, a outra metade é fêmea. Por isso mesmo a dualidade é o conceito básico associado a seus mitos e a seu arquétipo. Essa dualidade onipresente faz com que Oxumarê carregue todos os opostos e todos os antônimos básicos dentro de si: bem e mal, dia e noite, macho e fêmea, doce e amargo, etc.... Nos seis meses em que é uma divindade masculina, é representado pelo arco-íris que, segundo algumas lendas é aponte que possibilita que as águas de Oxum sejam levadas ao castelo no céu de Xangô. Nos seis meses subseqüentes, o orixá assume a forma feminina e se aproxima de todos os opostos do que representou no semestre anterior. É então uma cobra, obrigado a se arrastar agilmente tanto na terra como na água, deixando as alturas para viver sempre junto ao chão. Sob essa forma, segundo alguns mitos, Oxumarê encarna sua figura mais negativa, provocando tudo que é mau e perigoso. Oxumarê é o orixá do movimento, da ação, da eterna transformação, do contínuo oscilar entre um caminho e outro que norteia a vida humana. É o orixá da tese e da antítese. Por isso, seu domínio se estende a todos os movimentos regulares, que não podem para, como a alternância entre chuva e bom tempo, dia e noite, positivo e negativo. Certas casas de Umbanda e certos zeladores tem em seus cultos a não presença do orixá Oxumarê. Ledo engano aqueles que pensam que Oxumarê não faz parte dos cultos de Umbanda. É o orixá das sete cores do arco-íris, e por isso traz na sua essência as sete linhas dentro de Umbanda. É o orixá das cores e de tudo o que é belo. Não existe altar sem rosas e não existe rosa sem cor. Ai está presente Oxumarê. Em termos superficiais, pode-se também associar o arco-íris ao bem e a cobra ao mal por que se o primeiro é uma imagem colorida, bonita, que traz o prazer estético as pessoas, o segundo é um animal perigoso, que pode levar o homem a morte. Outra fonte de identificação a respeito do Orixá vem das contradições existentes em suas lendas. Acontece que a origem do Orixá é uma de uma cultura diferente da maior parte doso orixás cultuados no Brasil e na própria África. Oxumarê é uma divindade originária da cultura do daomé, região centro-norte da África. Há séculos tal civilização foi dominada pelos iorubás, povo mais primitivo no sentido de organização social e visão religiosa, mas, em compensação, mais poderoso em termos de organização militar. Como aconteceu com Roma e Grécia, a dominação política de uma sociedade menos rica em produções culturais ou no terreno da superestrutura em geral fizeram com que os mitos dos daomeanos não fossem apenas reprimidos. Pelo contrário os iorubás não tentaram impor sua cultura ao povo dominado. Ficaram , na verdade, impressionados com sua cosmologia e tentaram assimilá-la, principalmente nas figuras que não fossem formas semelhantes a divindades que também possuíssem. Ao mesmo tempo, há uma diferença básica entre a cultura do Daomé e o ponto de vista dos iorubás sobre as divindades em geral. Se as figuras guerreiras de um Ogum sensual e arrebatado, de uma Iansã explícita e franca ou de uma Oxum espertamente maliciosa e diplomática são fáceis de serem compreendidas, formando arquétipos claros, os orixás do Daomé são mais soturnos, misteriosos. Suas lendas não os apresentam completamente como as lendas dos nagôs. Fica sempre um território um pouco escondido, algo secreto, misterioso, no comportamento deles, toda uma faixa de ambigüidade que não permite uma definição tão certeira e simples como dos orixás do país Yorubá. Os deuses do Daomé são mais punitivos, circunspectos, austeros e vingativos. Não são apenas levados pela passionalidade das figuras mais comuns do mundo iorubá, que da mesma forma que punem arrasadoramente, dramaticamente se arrependem do que fizeram aos seres humanos. Não, Oxumarê, Iroko, Omulu, Obaluaiê e Nanã, os orixás do Daomé mais conhecidos e cultuados, castigam quando dispostos ou provocados, mas raramente se arrependem e não possuem as falhas humanas risíveis e humanizadoras das figuras do panteão iorubá. Por ser comum seu “aparecimento” como cobra e como arco-íris nos rios e cachoeiras, Oxumarê costuma receber suas oferendas nesses locais, outro fator a aumentar a confusão que se estabelece entre ele e Oxum, que também é cultuada nesses ambientes.
Oxumarê, como a maior parte dos orixá daomeanos e, principalmente, como outros orixás cujo habitat preferencial é a floresta (Ossain, Oxóssi) por exemplo, e comemorado cerimonialmente às terças feiras (certas nações dão a quarta feira junto com Xangô e Iansã). Como é produto da cultura do Daomé, sua mãe, ao contrário de Yemanjá mãe de praticamente todos os orixás iorubás – com exceção de Logunedé, filho de Oxóssi e Oxum – é a austera Nanã Buruku. Seu pai, não existente na cultura matriarcal dos daomeanos, tornou-se pela assimilação cultural nagô Oxalá, a figura masculina de mais destaque desta cultura. Seu elemento é todo o tipo de movimento constante, de substituição, ruptura, fim, mudança e reinicio. Seu domínio é o arco-íris e a cobra. As contas de Oxumarê denotam sua dualidade pois possuem duas cores e verde e o amarelo. O sincretismo é raro, mas quando acontece, a figura associada ao orixá do arco-íris é a de São Bartolomeu. Para ele são sacrificados bodes, galos e galinhas d’angola (conquíns). As suas comidas ritualísticas podem ser o feijão com milho, a pipoca, azeite, camarões além dos bolos de batata doce com formas de cobras e poços. Seu instrumento é o cacho sagrado das sete cores do arco-íris. Sua saudação é Arrôboboi!!!





Caracteristicas de seus filhos:





Como é de costume a todas as divindades originárias do daomé (cultura Jeje), é relativamente difícil estabelecer um arquétipo específico de comportamento associado ao orixá, já que ele é misterioso e cheio de sombras em seus mitos. Os filhos de Oxumarê são bem mais difíceis de serem reconhecidos do que os guerreiros filhos de Iansã, os calmos e sábios filhos de Oxalá e os maternais e familiares filhos de Yemanjá, por exemplo. Mesmo assim, algumas características básicas podem ser listadas. Há porém, divergências em relação às suas características ao consultarmos autores diferentes. Para uns Oxumarê é associado à riqueza: “Oxumarê é o arquétipo das pessoas que desejam ser ricas; das pessoas pacientes e perseverantes nos seus empreendimentos e que não medem sacrifícios para atingir seus objetivos”. Para certos autores os filhos de Oxumarê possuem o dom da vidência. Quando vivia na Terra, Oxumarê previa tudo, adivinhava o que ia acontecer, a tal ponto que não era mais possível viver. Os deuses então decidiram mantê-lo afastado dos homens, pois a clarividência total acaba transformando-se em maldição. A seu pedido, Oxumarê obteve a autorização de descer na terra de três em três anos, o que talvez explique parte do mistério referente ao culto deste orixá e também sua rara participação nos jogos de búzios, onde os orixás em geral se revezam nas respostas – mas é raro se encontrar uma resposta de Oxumarê. Seus filhos estão entre aquelas pessoas que, de tempo em tempos, mudam tudo em sua vida: mudam de casa, de emprego, como se ciclos se sucedessem sempre, obrigatoriamente, exigindo e provocando um rompimento com o passado e iniciando diuturnamente a busca de um novo equilíbrio, até o momento da real mudança. Também são apontados nos filhos de Oxumarê certos traços de orgulho e de ostentação, algo que os aproxima do clichê do novo-rico exibicionista. A androginia do orixá por vezes é estendida a seus filhos. Estes, segundo alguns historiadores seriam bissexuais em potencial, mas essa interpretação não é aceita universalmente, tendo alguns sacerdotes especificado que não há ligação possível entre papel, preferência sexual e orixá. Fisicamente são pessoas que se movimentam de forma leve, pouco levantando os pés do chão, sugerindo mesmo a idéia que rastejam. São pessoas que apesar do descrito anteriormente, tem uma grande energia nervosa e necessitam se movimentar, agilidade, indo de um lado para outra. São pessoas que como a cobra, armam seus botes de forma silenciosa, e atacam só quando tem certeza da vitória. São pessoas difíceis de se relacionarem devido a grande facilidade de mudarem tudo de uma hora para outra. São pessoas fechadas e apesar da família e dos amigos são muito fechados e quase sempre obrigatoriamente solitários. Além da tendência de serem esguios a terem pele oleosa, talvez bastante escorregadia, outra característica física saliente que possuem é o olhar, já que olhos de cobra, grandes e um pouco salteados


















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