sexta-feira, 28 de março de 2008

ESPIRITISMO


HISTÓRIA:

O termo espiritismo (fr. espiritisme) surgiu como um neologismo, mais precisamente um porte-manteau, criado pelo pedagogo francês Allan Kardec para nomear especificamente o corpo de idéias por ele sistematizadas em O Livro dos Espíritos (1857). Contudo, a utilização de raízes oriundas da língua viva para compor a palavra (Spirit: Espírito + Isme: Doutrina), que, por um lado, foi um expediente a que recorreu Kardec para facilitar a difusão do novo conjunto de idéias, por outro fez com que o termo fosse rapidamente incorporado ao uso cotidiano para designar tudo o que dizia respeito à comunicação com os espíritos.

Assim, por espiritismo, muitos entendem hoje as várias doutrinas religiosas e/ou filosóficas que crêem na sobrevivência do espírito à morte do corpo, e, principalmente, na possibilidade de se comunicar ordinariamente com ele.
O presente artigo visa a tratar do Espiritismo levando em consideração todos os diferentes usos do termo, enquanto o artigo
Doutrina Espírita está voltado para descrever o Espiritismo conforme sistematizado por Kardec. Essa divisão entre Espiritismo (geral) e Doutrina Espírita é meramente didática, não implicando apologia a nenhum dos dois usos.
O espiritismo, de um modo geral, fundamenta-se nos seguintes pontos:
o homem é um
espírito temporariamente ligado a um corpo, tendo o perispírito que é semimaterial como intermediário entre a alma e o corpo;
a
alma é o espírito enquanto se encontra ligado ao corpo;
o
espírito, compreendido como individualidade inteligente da Criação, é imortal;
a
reencarnação é o processo natural de aperfeiçoamento dos espíritos;
os espíritos encarnados ("vivos") e os espíritos desencarnados ("mortos") podem se comunicar entre si através da
mediunidade;
Pluralidade dos Mundos Habitados, a Terra não é o único planeta com vida inteligente.
Lei de Causa e Efeito, ligada à reencarnação, esta lei define que recebemos na medida do que demos (bom e mau) em existências passadas ou nesta existência.

Durante o século XIX houve uma grande onda de manifestações mediúnicas nos Estados Unidos e na Europa.

Estas manifestações consistiam principalmente de ruídos estranhos, pancadas em móveis e objetos que se moviam ou flutuavam sem nenhuma causa aparente. O cientista, cético até então, Hippolyte Léon Denizard Rivail, que mais tarde adotou o pseudônimo de Allan Kardec, pesquisou por vários anos a respeito de manifestações espirituais. Chegou a afirmar: "Eu crerei quando vir e quando conseguirem provar-me que uma mesa dispõe de cérebro e nervos, e que pode se tornar sonâmbula; até que isso se dê, dêem-me a permissão de não enxergar nisso mais que um conto para dormir em pé".

Posteriormente foi investigar os casos das mesas girantes e se viu convencido a crer nos fatos (sem a necessidade de provar-se que uma mesa tinha cérebro e nervos, já que não eram necessarios te-los para que a mesa se movesse). Utilizando uma série de relatos de espíritos que foram psicografados por médiuns da época, publicou o Livro dos Espíritos.


Ao Longo dos Tempos/ Outras Ref. ao Termo Espiritismo:


As principais religiões institucionalizadas reservaram sempre um lugar importante às almas dos seus entes queridos falecidos - o Culto dos Antepassados, venerando-os ou rendendo-lhes cultos utilizando diversos rituais.
Os
gregos acreditavam que os espíritos dos mortos habitavam o submundo e que era possível entrar em contacto com eles. A Odisséia de Homero conta que o herói Odisseu de Ítaca vai até lá e realiza um ritual conforme indicações da feiticeira Circe. Logra dessa maneira falar com o espírito de sua mãe e dos seus companheiros que haviam soçobrado durante a guerra de Tróia.
Na
Idade Média, acreditava-se que os espíritos regressavam ao Mundo dos Vivos em certas ocasiões. Criaram-se superstições e usaram amuletos para obter protecção.

Nesta altura, multiplicaram-se os relatos de aparições de espíritos (vulgarmente chamados de fantasmas) e de assombrações de edifícios e locais, de casos de possessão espírita e da necessidade de exorcismos. Em Hamlet, o dramaturgo inglês William Shakespeare apresenta o fantasma do rei assassinado demandando vingança ao protagonista, seu filho. Este tipo de aparição estava registada em muitos relatos anteriores à época de Shakespeare, embora não se conste que houvesse uma prática mediúnica para facilitar a comunicação com os "mortos".
Os
xamãs dos povos "primitivos" da Ásia e Oceania, também afirmam ter esse dom.

Na população nativa americana, só o xamã (feiticeiro) tinha o poder de comunicar com os deuses e espíritos, fazendo a mediação - médium - entre eles e os comuns mortais. A principal função do xamã era a de assegurar a ajuda do Mundo dos Espíritos, incluindo o Espírito Supremo, para benefício da comunidade.

Tal como os xamãs, os curandeiros na América Latina, são capazes de aceder ao Mundo dos Espíritos. A actuação a este nível, envolve não só o uso de orações, mas também a consulta de Guias Espirituais ou Espíritos Superiores.

Apesar de existirem vários usos do termo Espiritismo, o que pode ser considerado como corpo dessa doutrina está expressa unicamente nos cinco livros codificados por Allan Kardec.

Espiritismo kardecista é um termo que nasceu da necessidade de alguns em distinguir o Espiritismo dos cultos afro-brasileiros, como a
Umbanda.

Estes, devido às represálias que sofreram, em especial no período da ditadura militar, passaram a se auto-intitular espíritas num anseio por legitimar e consolidar este movimento religioso. Escolheram o espiritismo devido à proximidade existente entre certos conceitos destas doutrinas.

No entanto, os espíritas mais ortodoxos não gostaram de ver o espiritismo associado aos cultos afro-brasileiros, e assim criaram o termo espírita kardecista para distingui-los daqueles que se denominavam espíritas umbandistas. A maior parte dos espíritas entende que o espiritismo, como doutrina, é um só, aquele que foi codificado por Allan Kardec, o que tornaria redundante o uso do termo espiritismo kardecista.

O espírita que julga seguir estritamente aqueles ensinamentos codificados por Kardec nas obras básicas, sem a interferência de qualquer outra linha de pensamento que não tenha sido a codificada, ou ao menos prevista pelo mesmo, denomina-se simplesmente espírita, sem o complemento "kardecista".

Alega que o Espiritismo, em sua essência, não se ligaria à figura única de um homem, como ocorre com o cristianismo e budismo, e a uma coletividadede espíritos que manifestavam através de diversos médiuns.
Neste sentido, Wladisney Lope publicou o artigo "Porque não sou Espírita Kardecista" na Revista Internacional de Espiritismo
[1].

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