sexta-feira, 28 de março de 2008

ESPIRITUALISMO




O Espiritualismo é uma doutrina filosófica que admite a existência de Deus, de forças universais e da Alma, com a visão de que existem milhares de coisas abstratas. É o contrário de materialismo, que só admite a matéria.
Afirma a existência de uma
alma imortal no homem, isto é, de um princípio substancial distinto da matéria e do corpo, razão absoluta de ser da vida e do pensamento.


Em sentido mais lato, doutrina que, além da tese referida, reconhece a existência de Deus, a imortalidade da alma e da existência de valores espirituais ou morais que são o fim específico da actividade racional do homem.
O materialismo admite que pensamento, emoção e sentimentos são reações físico-químicas do sistema nervoso. Portanto, todos os religiosos, se aceitam a Alma e Deus, são, por isto mesmo, espiritualistas, visto que essa doutrina admite outros tipos de visões[
carece de fontes?].
Tal vocábulo também é empregado como referência à postura de certos indivíduos que possuem espiritualidade sem religiosidade: são contrários ao materialismo e, ao mesmo tempo, não estão filiados a segmento religioso.




ESPIRITUALISMO MODERNO:


O Moderno Espiritualismo é um movimento religioso, que teve destaque entre as décadas de 1840 a 1920, primariamente em países de língua inglesa. A característica marcante que distingue o movimento é a crença em que os espíritos dos mortos podem ser contatados pelos vivos. Acredita-se que esses espíritos residem em um plano espiritual diferente dos vivos, sendo que os mais evoluídos deles são capazes de servir de guias tanto em assuntos mundanos quanto espirituais.


O Moderno Espiritualismo surgiu pela primeira vez nos anos de 1840 no distrito “Burned-Over” de Nova Iorque, onde movimentos religiosos anteriores como o Millerismo (Adventistas do Sétimo Dia) e o Mormonismo tinham emergido durante o Second Great Awakening (Segundo Grande Despertar). Era um ambiente onde muitas pessoas sentiam que a comunicação direta com Deus ou com os anjos era possível e no qual muitas pessoas se sentiam desconfortáveis com as noções calvinistas de que Deus podia comportar-se de forma áspera — por exemplo, que Deus condenaria crianças não batizadas a uma eternidade no inferno (Carroll 1997).


Nesse ambiente, os escritos de Emanuel Swedenborg (1688-1772) e os ensinamentos de Franz Mesmer (1734-1815) serviram de exemplo para aqueles que procuravam um conhecimento pessoal direto da vida após a morte (Carroll 1997). Swedenborg, que em estado de transe, se comunicava com os espíritos, descreveu em volumosos escritos a estrutura do mundo espiritual. Duas características da sua visão tiveram particular acolhida pelos primeiros espiritualistas: primeira, a de que não existe apenas um único céu e um único inferno, mas uma série de esferas pelas quais um espírito progride à medida que evolui; segunda, a de que espíritos são os mediadores entre Deus e os homens de modo que o contato humano direto com o divino é feito através dos espíritos dos humanos que se foram.
Mesmer não contribuiu com crenças religiosas, mas com uma técnica, mais tarde conhecida como “hipnotismo”, que induziria transes e faria com que aqueles que a ela fossem submetidos relatassem contatos com seres espirituais. Houve muito exibicionismo com o
Mesmerismo e praticantes que davam palestra nos Estados Unidos nos meados do século XIX procuravam entreter audiências ao mesmo tempo em que demonstravam um método de contato com o divino.


Talvez o mais bem conhecido dos que combinaram Swedenborg com Mesmer em síntese particularmente norte-americana tenha sido Andrew Jackson Davis, que intitulou seu sistema de “Filosofia Harmônica”. Davis foi um hipnotizador praticante, curador pela fé e clarividente de Poughkeepsie, Nova Iorque. Seu livro de 1847, denominado The Principles of Nature, Her Divine Revelations, and a Voice to Mankind (Os Princípios da Natureza, Suas Revelações Divinas e uma Voz para a Humanidade) , ditados em transe a um amigo, acabaram por se tornar o que existe de mais próximo a um trabalho canônico em um movimento espiritualista cujo individualismo extremo excluiu a possibilidade de desenvolvimento de uma visão mundial única e coerente. (Carroll 1997; Braude 2001


Os Espiritualistas acreditam na possibilidade de comunicação com os espíritos. Uma crença secundária é que os espíritos estão de certa forma mais próximos de Deus que os humanos vivos e que os espíritos são capazes de crescimento e perfeição. A vida após a morte não é, portanto, um lugar estático mas um onde os espíritos continuam a evoluir. As duas crenças, a de que o contato com espíritos é possível e a de que os espíritos são mais adiantados que os humanos, levam a uma terceira, a de que os espíritos podem prover informação útil sobre assuntos morais e éticos, assim como sobre a natureza de Deus e a vida após a morte. Assim, muitos espiritualistas falarão com seus guias espirituais, espíritos específicos freqüentemente contactados para orientação mundana e espiritual.




Conceitos Espiritualistas:




Outras religiões além do Cristianismo também influenciaram o Espiritualismo. As crenças animistas, com uma tradição de xamanismo, são obviamente similares e, nas primeiras décadas do Espiritualismo, muitos médiuns alegaram ter feito contato com guias indígenas americanos em uma aparente confirmação dessas semelhanças. Ao contrário dos animistas, no entanto, os espiritualistas tendem a falar apenas com os espíritos de humanos mortos e não compartilham a crença nos espíritos de árvores, fontes e outras caracterísiticas da natureza.
O
Hinduismo, apesar de ser um sistema de crenças extremamente heterogêneo, geralmente compartilha com o Espiritualismo a crença na separação da alma do corpo após a morte e na continuação da sua existência. No entanto, os Hindus diferem dos espiritualistas quanto ao fato de crerem geralmente na reencarnação, geralmente sustentando que todas as características da personalidade de uma pessoa se extinguem com a morte.


Os espiritualistas, entretanto, sustentam que o espírito mantém a personalidade que ele tinha durante a sua (única) existência.
O
Espiritismo, ramo do Espiritualismo desenvolvido por Allan Kardec e predominante na maioria dos países latinos, sempre enfatizou a reencarnação. De acordo com Arthur Conan Doyle, a maior parte dos espiritualistas britânicos do começo do século vinte eram indiferentes à doutrina de reencarnação, com poucos a apoiando e uma minoria significativa lhe sendo vêementemente contrária, alegando estes que tal crença jamais tinha sido confirmada nos contato com os espíritos. Assim, de acordo com Conan Doyle, foi a tendência empírica do Espiritualismo anglofônico —seu esforço por desenvolver visões religiosas a partir da real observação dos fenômenos— que evitou que os espiritualistas daquele período adotassem a reencarnação (Doyle 1926: volume 2, 171-181).


Segundo se pode concluir, no entanto, pela leitura das obras básicas do Espiritismo —a chamada Codificação Espírita— a afirmação de Conan Doyle não encontra respaldo na realidade, posto que toda a Doutrina Espírita foi escrita a partir de informações obtidas com os espíritos e como fruto da observação e do estudo dos fenômenos espíritas. A propósito dos motivos da não adoção do princípio da reencarnação pelos espiritualistas americanos, Kardec escreveu um artigo na edição de maio de 1884 da sua Revista Espírita, intitulado "A Escola Espírita Americana".
O Espiritualismo também difere dos movimentos
ocultistas, como a Hermetic Order of the Golden Dawn (Ordem Hermética do Amanhecer Dourado) ou dos wiccans contemporâneos, quanto ao fato de os espíritos não serem contactados para se obter poderes mágicos (com a única exceção de obter-se o poder de cura). Madame Blavatsky (1831-1891), da Sociedade Teosófica, por exemplo, somente praticava mediunidade de modo a contactar espíritos poderosos capazes de conferir conhecimento esotérico.


Aparentemente, Blavatski não acreditava que tais espíritos fossem humanos mortos e de fato tinha crenças na reencarnação bastante diferentes das que tinha a maior parte dos espiritualistas (Braude 2001).


Já pelo final do século dezenove o Espiritualismo tinha-se tornado cada vez mais sincrético, um desenvolvimento natural em um movimento sem autoridade ou dogma central (Braude 2001).


Na sua forma mais sincrética, o Espiritualismo não é facilmente distinguível do igualmente sincrético movimento da Nova Era e, assim como o movimento da Nova Era, baseia-se fortemente no xamanismo e adota a idéia da reencarnação. No entanto, a forma da prática espiritualista permanece quase a mesma que há 100 anos, centrada em um médium e seus clientes, com o médium sentado a sós ou em sessão. Talvez a maior diferença seja a importância crescente da Igreja Espiritualista como uma rede ligando médiuns e crentes. O Espiritualismo organizado hoje parece-se muito mais com uma religião tendo descartado o exibicionismo, particulamente os elementos semelhantes aos da arte de prestigitação.


Existe assim muito mais ênfase à mediunidade "mental" e evita-se quase completamente a mediunidade miraculosa de "materialização" que tanto fascinava os primeiros crentes como Arthur Conan Doyle (Guthrie, Lucas, and Monroe 2000).
No entanto, a orientação empírica do Espiritualismo tem muitos adeptos hoje em dia que evitam o rótulo de "Espiritualismo", preferindo o termo "Survivalism" (Sobrevivencialismo).


Os "Survivalists" abstém-se de religião, e baseiam sua crença na vida após a morte em fenômenos susceptíveis a pelo menos uma rudimentar investigação científica, como mediunidade, experiências de quase-morte, experiências fora-do-corpo, experiências de voz eletrônica e pesquisas sobre reencarnação. Muitos "Survivalists" vêm a si mesmos como os herdeiros intelectuais do movimento espiritualista.

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