sexta-feira, 28 de março de 2008

Espiritismo/Cultos Afros/Visão do Cristianismo .







Visão do Espiritismo nos Cultos Afrobrasileiros:






No Brasil, existem casos em que o termo espiritismo é utilizado como designação para algumas das religiões afro-brasileiras. Por exemplo: muitos centros de umbanda são denominados Espíritas e seus frequentadores definem-se como espíritas. Há também a Confederação Espírita Umbandista do Brasil e a Federação Espírita Umbandista do Brasil. No entanto, e apesar de se intitularem espíritas, estas instituições não seguem o espiritismo da maneira como foi codificado por Kardec.






Conceitos religiosos,Espiritismo x Conceitos Cristãos/Bíblia:










Obras básicas:






Obras adicionais:






Conceitos:






Grandes espíritas:






Grandes médiuns:






Principais espíritos:









O termo espiritismo (fr. espiritisme) surgiu como um neologismo, mais precisamente um porte-manteau, criado pelo pedagogo francês Allan Kardec para nomear especificamente o corpo de idéias por ele sistematizadas em O Livro dos Espíritos (1857).



Contudo, a utilização de raízes oriundas da língua viva para compor a palavra (Spirit: Espírito + Isme: Doutrina), que, por um lado, foi um expediente a que recorreu Kardec para facilitar a difusão do novo conjunto de idéias, por outro fez com que o termo fosse rapidamente incorporado ao uso cotidiano para designar tudo o que dizia respeito à comunicação com os espíritos.



Assim, por espiritismo, muitos entendem hoje as várias doutrinas religiosas e/ou filosóficas que crêem na sobrevivência do espírito à morte do corpo, e, principalmente, na possibilidade de se comunicar ordinariamente com ele.
O presente artigo visa a tratar do Espiritismo levando em consideração todos os diferentes usos do termo, enquanto o artigo
Doutrina Espírita está voltado para descrever o Espiritismo conforme sistematizado por Kardec. Essa divisão entre Espiritismo (geral) e Doutrina Espírita é meramente didática, não implicando apologia a nenhum dos dois usos.
O espiritismo, de um modo geral, fundamenta-se nos seguintes pontos:
o homem é um
espírito temporariamente ligado a um corpo, tendo o perispírito que é semimaterial como intermediário entre a alma e o corpo;
a
alma é o espírito enquanto se encontra ligado ao corpo;
o
espírito, compreendido como individualidade inteligente da Criação, é imortal;
a
reencarnação é o processo natural de aperfeiçoamento dos espíritos;
os espíritos encarnados ("vivos") e os espíritos desencarnados ("mortos") podem se comunicar entre si através da
mediunidade;
Pluralidade dos Mundos Habitados, a Terra não é o único planeta com vida inteligente.
Lei de Causa e Efeito, ligada à reencarnação, esta lei define que recebemos na medida do que demos (bom e mau) em existências passadas ou nesta existência.
Índice:







Durante o século XIX houve uma grande onda de manifestações mediúnicas nos Estados Unidos e na Europa. Estas manifestações consistiam principalmente de ruídos estranhos, pancadas em móveis e objetos que se moviam ou flutuavam sem nenhuma causa aparente. O cientista, cético até então, Hippolyte Léon Denizard Rivail, que mais tarde adotou o pseudônimo de Allan Kardec, pesquisou por vários anos a respeito de manifestações espirituais. Chegou a afirmar: "Eu crerei quando vir e quando conseguirem provar-me que uma mesa dispõe de cérebro e nervos, e que pode se tornar sonâmbula; até que isso se dê, dêem-me a permissão de não enxergar nisso mais que um conto para dormir em pé". Posteriormente foi investigar os casos das mesas girantes e se viu convencido a crer nos fatos (sem a necessidade de provar-se que uma mesa tinha cérebro e nervos, já que não eram necessarios te-los para que a mesa se movesse). Utilizando uma série de relatos de espíritos que foram psicografados por médiuns da época, publicou o Livro dos Espíritos.

As principais religiões institucionalizadas reservaram sempre um lugar importante às
almas dos seus entes queridos falecidos - o Culto dos Antepassados, venerando-os ou rendendo-lhes cultos utilizando diversos rituais.
Os
gregos acreditavam que os espíritos dos mortos habitavam o submundo e que era possível entrar em contacto com eles. A Odisséia de Homero conta que o herói Odisseu de Ítaca vai até lá e realiza um ritual conforme indicações da feiticeira Circe. Logra dessa maneira falar com o espírito de sua mãe e dos seus companheiros que haviam soçobrado durante a guerra de Tróia.
Na
Idade Média, acreditava-se que os espíritos regressavam ao Mundo dos Vivos em certas ocasiões. Criaram-se superstições e usaram amuletos para obter protecção. Nesta altura, multiplicaram-se os relatos de aparições de espíritos (vulgarmente chamados de fantasmas) e de assombrações de edifícios e locais, de casos de possessão espírita e da necessidade de exorcismos. Em Hamlet, o dramaturgo inglês William Shakespeare apresenta o fantasma do rei assassinado demandando vingança ao protagonista, seu filho. Este tipo de aparição estava registada em muitos relatos anteriores à época de Shakespeare, embora não se conste que houvesse uma prática mediúnica para facilitar a comunicação com os "mortos".
Os
xamãs dos povos "primitivos" da Ásia e Oceania, também afirmam ter esse dom. Na população nativa americana, só o xamã (feiticeiro) tinha o poder de comunicar com os deuses e espíritos, fazendo a mediação - médium - entre eles e os comuns mortais. A principal função do xamã era a de assegurar a ajuda do Mundo dos Espíritos, incluindo o Espírito Supremo, para benefício da comunidade. Tal como os xamãs, os curandeiros na América Latina, são capazes de aceder ao Mundo dos Espíritos. A actuação a este nível, envolve não só o uso de orações, mas também a consulta de Guias Espirituais ou Espíritos Superiores.

-Diversos usos do termo Espiritismo:

Allan Kardec (1804-1869), o codificador da Doutrina Espírita.
Apesar de existirem vários usos do termo Espiritismo, o que pode ser considerado como corpo dessa doutrina está expressa unicamente nos cinco livros codificados por Allan Kardec.



-Espiritismo Kardecista:




Espiritismo kardecista é um termo que nasceu da necessidade de alguns em distinguir o Espiritismo dos cultos afro-brasileiros, como a Umbanda. Estes, devido às represálias que sofreram, em especial no período da ditadura militar, passaram a se auto-intitular espíritas num anseio por legitimar e consolidar este movimento religioso. Escolheram o espiritismo devido à proximidade existente entre certos conceitos destas doutrinas.



No entanto, os espíritas mais ortodoxos não gostaram de ver o espiritismo associado aos cultos afro-brasileiros, e assim criaram o termo espírita kardecista para distingui-los daqueles que se denominavam espíritas umbandistas. A maior parte dos espíritas entende que o espiritismo, como doutrina, é um só, aquele que foi codificado por Allan Kardec, o que tornaria redundante o uso do termo espiritismo kardecista.



O espírita que julga seguir estritamente aqueles ensinamentos codificados por Kardec nas obras básicas, sem a interferência de qualquer outra linha de pensamento que não tenha sido a codificada, ou ao menos prevista pelo mesmo, denomina-se simplesmente espírita, sem o complemento "kardecista". Alega que o Espiritismo, em sua essência, não se ligaria à figura única de um homem, como ocorre com o cristianismo e budismo, e a uma coletividadede espíritos que manifestavam através de diversos médiuns.
Neste sentido, Wladisney Lope publicou o artigo "Porque não sou Espírita Kardecista" na Revista Internacional de Espiritismo
[1].

-Cultos Afro-Brasileiros:




No Brasil, existem casos em que o termo espiritismo é utilizado como designação para algumas das religiões afro-brasileiras. Por exemplo: muitos centros de umbanda são denominados Espíritas e seus frequentadores definem-se como espíritas.



Há também a Confederação Espírita Umbandista do Brasil e a Federação Espírita Umbandista do Brasil. No entanto, e apesar de se intitularem espíritas, estas instituições não seguem o espiritismo da maneira como foi codificado por Kardec.

-Racionalismo Cristão:




No início do século XX, em Santos (Brasil) surgiu uma doutrina muito semelhante ao Kardecismo, inicialmente denominada "Espiritismo Racional e Científico Cristão", denominada posteriormente Racionalismo Cristão, codificada por Luís de Matos.



- Espiritismo Ramatisiano:




Alguns centros espíritas seguem a doutrina ditada pelo espírito Ramatis (corporificada sobretudo nas obras psicografadas por Hercílio Maes). Distinguem-se dos centros espíritas tradicionais em função da maior ênfase ao Universalismo(origem comum das religiões) e ao estudo comparado de religiões e filosofias espiritualistas ocidentais e orientais. Nota-se também a influência mais acentuada de correntes de pensamento orientais (tais como o budismo e o hinduísmo) e a proximidade com a cosmogonia do espiritualismo universalista.

- Doutrina Espírita e Cristianismo:




Os espiritistas (em Portugal) ou espíritas (no Brasil), na sua maioria, afirmam-se cristãos e atribuem à Doutrina Espírita o carácter de uma doutrina cristã. Entretanto, essa associação entre Espiritismo (Doutrina Espírita) e o Cristianismo é contestada pelas religiões de matriz judaico-cristãs, sob a alegação de que, embora partilhe valores cristãos, por rejeitar determinadas ideias bíblicas e teológicas, isso não a torna "cristã".
Fundamentam em defesa do carácter cristão da Doutrina Espírita no facto de Allan Kardec, em seus diálogos com os Espíritos, ter concluído que a moral cristã, isenta dos
dogmas de fé a ela associados, seria o que de mais próximo a um código de ética divino e racional o homem possuí. Em O Livro dos Espíritos, na resposta à pergunta 625 de Kardec, os "Espíritos" interrogados por ele afirmam que Jesus Cristo é o maior exemplo moral de que dispõe a humanidade. (O Livro dos Espíritos, pág. 298).



Num estudo sobre a natureza de Cristo, Kardec nega que Jesus Cristo seja Deus. (Obras Póstumas, 13.ª Edição, pág. 121). Segundo o Espiritismo, Jesus seria o guia e modelo para toda a Humanidade, e a sua doutrina seria a expressão mais pura da lei de Deus[2].
Deste modo, a principal diferença entre os cristãos tradicionais e os espíritas está no fato dos espíritas não considerarem Jesus como o Deus, mas sim como um espírito de luz cuja encarnação teve o objetivo de trazer lições de moral à humanidade.



Da mesma forma que Jesus, existem muitos outros espíritos evoluídos que se preocupam com o desenvolvimento humano, sendo que os espíritas acreditam que nós mesmos podemos evoluir, através de sucessivas encarnações, nos tornando no futuro tão evoluídos como o próprio Cristo.
A Prof.ª
Dora Incontri, pós-doutorada pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, defende o caráter cristão da Doutrina Espírita, apontando na proposta estruturada por Allan Kardec um novo modelo de religião, alheio a dogmas, fórmulas, hierarquias sacerdotais e baseado eminentemente no aspecto ético-moral do sujeito. Considera ainda Rousseau e Pestalozzi como os dois grandes percursores da idéia de uma "religiosidade natural", predominantemente moral, e defende que "evidenciou-se com a publicação de O Evangelho segundo o Espiritismo e de O Céu e o Inferno que, embora não o confessasse, ele [Kardec] estava fazendo uma nova leitura do Cristianismo". (Pedagogia Espírita: um projeto brasileiro e suas raízes histórico-filosóficas, São Paulo, Feusp, 2001, pág. 74)
Um estudioso da religiosidade brasileira mais céptico, o Prof. António Flávio Pierucci, do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo, procura demonstrar que o Espiritismo (Doutrina Espírita) não é uma
religião cristã.



Este afirma que os espíritas utilizam o Cristianismo para se legitimarem. Pierucci defende também que o vínculo com a Igreja Católica defendido pelos espíritas serviu, durante décadas, para lutar contra a discriminação e a intolerância. (O Desencantamento do Mundo – Todos os Passos do Conceito, São Paulo, Editora 34, 2003). Esta interpretação entretanto carece de fundamentação histórica já que o Espiritismo nunca criou vínculo com a Igreja Católica.

-O Conceito da Bíblia:




As religiões de matriz judaico-cristãs entendem que, com a Lei dada a Moisés no Antigo Testamento, Deus interditou à Antiga Israel as comunicações com o Mundo dos Espíritos e o uso de poderes sobrenaturais por eles concedidos. "... não haverá no meio de ti ninguém que faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, que interrogue os oráculos, pratique adivinhação, magia, encantamentos, enfeitiçamentos, recorra à adivinhação ou consulte os mortos (necromancia)" (Deutornóminos 18:10-14).



Afirmam ainda que essa proibição é confirmada no Novo Testamento, através das referências contidas nos Evangelhos e no livro de Actos aos "espíritos impuros". A citação do apóstolo Paulo em Gálatas 5:20, afirma que quem pratica "feitiçaria" (ou bruxaria, o termo grego usado é farmakía) ... não herdará o Reino de Deus". (Na Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, o termo é vertido por "espiritismo". Mas esta aplicação da palavra não se refere especificamente à Doutrina Espírita).



É comum encontrar referências ao uso do termo Espiritismo para denominar outras doutrinas e cultos que não sejam aquela codificada por Allan Kardec (Ver o item Diversos usos do termo Espiritismo deste artigo para exemplos). Já para a Doutrina Espírita, a Bíblia não condena a prática mediúnica em si, pois esta seria fundamentada em um fenómeno natural, e sim o uso dos recursos mediúnicos para finalidades frívolas. Em o Novo Testamento (Mateus 17:3-4) Pedro vê Elias e Moisés conversando com o Mestre, encarando a situação de forma natural.
A necromancia envolvia retirada de restos mortais, dos locais onde estavam enterrados, para invocar-se o espírito e fazer interrogatório. A doutrina espírita não pratica necromancia. Faz uso de comunicação livre, manifesta-se o espírito que tiver necessidade, através de médium que se dispõe a recebê-lo.
Pela forte ligação do espiritismo com a ciência, muitos espíritas acreditam que a Biblia é um livro mitológico, contendo a transcrição da história, ritos, lendas e tradição do povo judeu e dos primeiros cristãos que antes eram transmitidas apenas oralmente.



Assim, ao contrário dos cristãos tradicionais, existiria a crença de que a Bíblia não seria a palavra de Deus nem traria o pensamento e idéias divinas, não se fazendo necessário assim segui-la como se fosse a Lei e a verdade absoluta do universo. Essa idéia fundamenta-se nos estudos históricos que apontam a manipulação e uso político da Bíblia, como no Concílio de Nicéia em 325dC, onde o imperador romano Constantino escolheu dentre dezena de evangelhos disponíveis nas comunidades cristãs primitivas aqueles que mais lhe convinham para a unificação e disseminação do cristinanismo.

[editar] O diálogo com as religiões cristãs
A posição oficial da Igreja Católica proíbe terminantemente os seus fiéis assistir a sessões mediúnicas realizadas ou não com auxílio de médiuns espíritas - mesmo que estes pareçam ser honestos ou piedosos - quer interrogando os Espíritos e ouvindo suas respostas, quer assistindo por mera curiosidade. Posições similares têm as demais religiões cristãs.
No entanto, a Igreja não nega a possibilidade física de comunicação com entidades espirituais. Em pesquisas recentes, sob a tutela do Papa João Paulo II, o Padre François Brune, que publicou o livro Os Mortos nos Falam, defende a realidade das comunicações com os Espíritos. Além disso, principalmente no Brasil, é possível observar uma maior tolerância por parte de muitos leigos católicos às práticas mediúnicas.
Atualmente muitas comunidades evangélicas procuram manter uma postura respeitosa com relação ao espiritismo, mesmo que discordem de suas práticas, por reconhecer nos trabalhos sociais desenvolvidos pelas casas espíritas uma atividade séria e comprometida. Além disso, algumas denominações empenham-se na realização de
cultos ecumênicos, ou, para as que não atribuem ao espiritismo um caráter cristão

Nenhum comentário: